QUADRINHOS MARVEL | "O mais sólido prazer desta vida é o prazer vão das ilusões. Sem tais ilusões da nossa imaginação, o capital da felicidade humana seria muito diminuto e limitado."
⋆ 2017, 07 de agosto.
⋆ mayne, odinsenqueen.
⋆ originais marvel f...
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Céus, pensei. Uma da manhã.
Minhas lágrimas frustradas percorreram a extensão de minhas bochechas sem o mínimo sentimento de vergonha, permitindo que meu corpo deslizasse pela porta do apartamento onde eu e Carol moramos.
Coloquei a mão em minha boca, impedindo que os soluços se sobressaissem em um volume mais alto. Minutos após o ocorrido, noto que meu jaleco manchou-se com pontos medianos de choro. Eu me sentia destruída.
Um nó em minha garganta se formou de modo árduo e incontrolável, conforme meu coração se apertara fortemente. Naquela hora, todos os meus motivos para acreditar desabaram como uma velha e antiga estrutura.
A porta se entreabriu lentamente, fazendo com que minhas pernas — agora bambas — se erguessem, encarando o semblante preocupado de Carol.
— Oh... — Ela tampou a boca com sua mão esquerda. — Eu sinto muito.
Comprimiu os lábios, e senti a sensação de choro me embargar novamente. Mais uma vez me senti vulnerável.
— Vem — Os braços de Carol me envolveram em um abraço sincero e quente. — Senta lá, vou fazer algo pra ti.
Assenti com a cabeça em concordância, e me acomodei no sofá. Poucos minutos depois, Carol abrigava em seu braço esquerdo um edredom de tom azulado, acompanhado de uma xícara — que continha café — na mão direita.
A loira deu pequenas batidas na superfície de seu colo, indicando para que eu fosse até o local. Seus braços me rodearam conforme segurei a xícara com cuidado.
— Ei — ela sussurrou, tranquila, e a fitei com intensidade. — Quer conversar?
Ela pousou a caneca na mesa de centro, nos aquecendo com tal edredom.
— Eu perdi uma paciente — Eu suspirei, mantendo o olhar perdido. — Uma criança, para ser mais clara. Ela era uma das melhores pessoas que eu conheci.
Senti minha voz embargar conforme Danvers pousa minha cabeça sobre seu ombro.
— Ela está em um lugar melhor agora — Respondeu a loira. — Lembra de quando você me falava que cuidou dela? Você se dedicou tanto, amor.
Concordei, sentindo um fragmento do peso presente no clima ir embora.
— Se você olhar a beleza os pequenos gestos, logo reconhece a imensidão — Carol iniciou, intensa. — Dentro do seu coração existe um motivo para acreditar. E do meu também.
— Qual? — Perguntei, mergulhando em sua intensidade.
— O amor — Falou, como se fosse algo simples. — Ansiar esse sentimento é dar a voz, Gabs. Permita se incendiar. Não há nada mais belo nesses gestos.
Olhei para o teto em busca de fôlego, prestes à sentir meus olhos arderem.
À qualquer momento, em qualquer hipótese, Carol sempre estaria lá. Sentir seus braços contra meu corpo era uma das maiores artes que foram esculpidas em toda a história. Por um momento, concluí que a loira era um dos motivos no qual eu ainda acreditava. Percebi que, com Carol ao meu lado, a solidão se transformara em liberdade.
A verdade, tão nua, estava ali.
E só me restara acreditar.
— Você fez tantas pessoas sorrir, tantas famílias... Imagina? — Ela perguntou, divertida, enquanto enxugava minhas lágrimas. — Nós somos duas heroínas.
— Nós salvamos vidas, não é? — A compreendi. — Uau. Eu nunca escutei nada bonito que isso.
— São isso que pessoas boas fazem. — Ela encerrou, exalando meu perfume. — E, pode acreditar, mais bonito não há.
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