Clone.

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Ana Luisa

Desde que tentei tirar o que sabe de tudo de dentro da médica, me prenderam. Ela ficou machucada e agora eu também. Não quero pedir desculpas. Não vou pedir por que ela é parte dele. Não quero, não vou!
Meus pulsos doem, meus tornozelos também.
Pra que prender forte assim? Eu pararia de brigar se deixassem eu voltar para casa. Lá era bom, tinha o Boné e minha família... Para aonde todos foram? Eu não sei...
Só não quero ficar aqui por mais tempo. Todos me olham e querem me prender! Eles querem me fazer mal!! Claro que querem.
Mostro os dentes para o enfermeiro que entra no quarto, ele não pode me olhar assim! Não pode não!
Ele me soltou... Para que me soltou?! Pra que sair?!
— Eu não quero sair do quarto com você!! — Mordo seu ombro e empurro para sair correndo. Não sei andar aqui. Não sei!! São muitos corredores, muitas ruas de pedra! São que vão e são que voltam também!
Eu não gosto de correr tão rápido! Eu não gosto de fugir! Dá falta de ar!!
Viro no segundo corredor e, trombo com alguém a ponto de cairmos os dois no chão.
Um homem careca de nariz torto... Estranhamente parecido comigo. Não consigo correr mais, eu sei o que querem comigo!! Eu sei sim!! Eles estão me clonando!! São clones meus que parecem comigo. Ele foi só o primeiro.
O meu clone ficou me olhando estranho, olhando com olhos de susto. Ele sabe que é meu clone? Ou eu sou clone dele? Talvez seja biclone! Dois clones! Ciclone. Um ciclo de clones!!
O clone segura meu braço ao ouvir a gritaria dos enfermeiros.
Me solta! Me solta, clone!! — Ele não solta!! Não solta e só ri. Ri com muitos dentes. Parece um monstro. Um monstro que ri.
faça alguma coisa, chute o monstro! — Otto disse e eu fiz. Chutei o clone bem entre as pernas e ele me soltou com dor. Eu nunca vou ser pega por um monstro!!
Só que ele me segurou por tempo suficiente para os enfermeiros me pegarem. Ele não deixa me levarem embora.
Quem é essa? — Ele pergunta ainda se contorcendo com a dor que causei. O enfermeiro que eu mordi não veio sozinho. Outros acompanharam ele por que ele está sangrando.
Ana Luisa. — Respondo na frente de qualquer um. Minha vida. Eu que sei.
Recém chegada, doutor... — O enfermeiro aperta os olhos para enxergar no crachá do clone. — Griffin.
— Ana Luisa do que? Qual sobrenome? — Fico séria. Pra que o clone quer saber de mim?! Já não basta ter minha genética?!
Não é da sua conta!! — Grito irritada, tentando sair das mãos dos enfermeiros. Ele acerta meu rosto com um tapa que corta meu rosto com seu anel.
Quieta. — Fico ainda com mais raiva.  Ele me bateu!! Bateu em mim! Bateu sim! Grrrr!! Xingo ele aos gritos com todos palavrões que eu conheço. Filho da puta covarde!!
Em seu documento dizia Gomes Silva, mas o sobrenome foi riscado pelo chefe. — O que sabe de tudo riscou meu nome?!  Por que ele riscou meu nome?! Não pode!! Não pode não!! Ele sabe de tudo, devia saber que não pode!!
O clone fica quieto e entra numa das salas. Ficou bravo também, bravo de riscarem meu nome. Riscar o nome não é certo! Talvez ele saiba que foi clonado de mim! Deve saber pelo sobrenome. Deve sim.

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