Garota da porta

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Ana luisa

— Amigo?!

O meu amigo tá mole, parece desmaiado ou... Não pode! Por que o clone matou ele? Ele não quer que eu tenha amigos! Ele não quer não. O Bida está com a cabeça queimada, machucada... Sai sangue da boca e dos ouvidos. Clone não quer que eu tenha amigos. Por que fazer essa maldade por ciúme?! Por que?!

Mando um dedo para o babaca que está olhando na porta enquanto mostro os dentes. Ele é mau! Bati na porta irritada. Queria bater nele. Que tipo de medico que mata as pessoas?!

— Você matou meu amigo!! — Gritei irritada ainda batendo na porta. Ele não podia matar o Bida! Ele era doido, mas me ouvia! Ouviu quando disse que não sou clone.

Acho que fiz barulho demais. Um outro médico chegou. Ele tem um jaleco branquinho bonito e um óculos de armação preta.

— O que você está gritando aí, mocinha? — Olho pela janelinha da porta de novo e aponto para Bida.

— O meu clone matou ele!! Matou sim, eu vi! — Ele fica abismado e abre a porta para ver.

Aproveito e empurro ele pra longe. Preciso passar. Preciso ir rápido. Vou embora. Vou correndo! Não sei andar aqui dentro. Não sei! Viro em um corredor e em outro, outro, mais um! Labirinto!

Chego num lugar mais escuro, com cheiro estranho. Escuto bater, alguém tá batendo igual coração que bate bate. Alguém ta chorando triste. Eu vou ajudar. É uma sala no cantinho, la a última. A luz tá piscando. Espero que não tenha fantasma.

— Oi! — Digo e bato na porta de volta.

— Me tira daqui, por favor! — Ela tem voz de choro, ela deve ser quem tá chorando.

— Como que faz? — Pergunto sem saber.

A porta é de metal, não tem janelinha. Tem um cadeado enorme pra não abrir. Proibido abrir, isso que quer dizer. Não pode.

— Tá fechado, não pode abrir. — ela fica triste de novo e bate na porta mais.

— Eu quero sair daqui!! — Nossa! Ela bate forte mesmo. Deve estar muito assustada. Não devia assustar, eu to aqui! Já não está mais sozinha.

— Você vai machucar a mão! Calma. — Ela para de bater e tem mais barulho de choro. — Eu sou Ana Luisa.

— O-o que você é? — Ela me pergunta.

O que eu sou? Eu não sei! Eu sou eu. Sou clone, ciclone. Sou igual ciclone e tornado. Tornando uma outra pessoa. Tornado tornando ciclone! Não sei se ser ciclone é bom, mas... Eu sou isso!

— Sou clone. E você? Você é clone também? — Ela fica quieta. Não quer mais falar comigo agora que sabe que eu sou clone. — Vim te fazer companhia. Você quer companhia? Achei que tava triste presa. Ficar presa é horrível.

— Eu... Eu... Tenho fome. — Será que está presa faz muito tempo? Não é bom ficar com fome, eu lembro de quando eu e meus irmãos íamos dormir para melhorar a fome.

— Eu vou pegar alguma coisa pra você quase que ta na hora de comer.

Saio correndo para o refeitório. Eles não sabem que eu fugi, o médico magrinho não deve ter contado ou já teriam me encontrado. Entro na fila.

O refeitório é grande e tem fila. Tem cheiro de comida misturada, mas era pão com café com leite. Pelo menos o pão deve dar pra passar embaixo da porta se amassar direito. Coloco no bolso e bebo o café com leite.

Volto correndo para o lugar que achei a menina, mas tenho que parar no caminho. Vejo o que sabe de tudo. Ele está lá com o médico loiro, falando com ele. Os dois estão rindo, devem estar felizes. O que sabe de tudo bate com a mão no ombro do outro, parece dar parabéns por alguma coisa. Achei estranho. Muito estranho.

Eles vão embora e eu passo pra levar o pão pra menina atras da porta. Amasso o pão todinho pra passar debaixo da porta.

— Consegui pegar, vou passar debaixo da porta. Deve estar gostoso. — Amasso um pouco mais para passar por baixo da porta. Agora sim, tá fininho e agora passa. Empurro com o mindinho para dentro e logo vejo que ela puxa. Pegou! Pegou sim. Fico feliz.

— Muito obrigada. Você é legal. — Sorrio. Ela me acha legal!! Não me acham legal. Normalmente me acham estranha. Eles me estranham por ser estranha e ficamos estranhados. Eu estranho e as vezes mordo.

— Tá! — Respondo assim mesmo. — O pão daqui é gostoso.

Espero um pouco e ela fala mais.

— Sou Clara. Irmã de Dave, o chefe da segurança.

Fico brava. Eu sei quem é o homem da segurança, eu sei que ele é mau. Se ela é irmã dele, por que que ta presa? Aperto a unha contra minha mão aperto pra machucar. Bato com raiva na porta.

— Por que ele te trancou ai?! Ele é mau com você também? — Pergunto com raiva dele. Ele é mau de prender ela. Ele prende as pessoas, prende em lugar feio, fedido e escuro. Eu não gosto do escuro, os fantasmas ficam lá.

As luzes estão piscando, tenho medo mas não vou embora. Ela deve estar com mais medo do que eu. Eu aprendi que quando alguém precisa, é bom estar lá. É bom ficar juntinha.

— Ele não foi mau. Quem me trancou aqui foi o Castelli, um médico loiro. — Igual o médico loiro que 'o que sabe de tudo' estava conversando.

— Eu queria poder ajudar mais... — Digo baixinho, queria mesmo.

Escuto de novo os passos e saio correndo de novo, corro para longe do quarto que ela estava presa. Olho de longe. É o loiro voltando com um copo de água. Ele vai dar água pra ela. Isso é bom. Muito bom mesmo!! Sorrio feliz, mas ele nao ta com cara de bonzinho não! Não tá mesmo.

Ele fala alguma coisa e ri, jogando a água por baixo da porta. Tadinha! Ela deve estar com sede! Por que é tão mau?! Não podia ser menos mau?! Quero ir brigar com ele, mas se eu ficar presa não vou poder ajudar ela. Preciso ficar aqui e esperar.

 Preciso ficar aqui e esperar

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