Meu prazer

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O Pior

Sinceramente, meu casamento não deu certo. Eu devia ter imaginado. Ela nunca foi de confiança. Jamais poderia ser fiel a mim com ele tão próximo. Ele quem? André.

Ela era uma linda mulher desde que nos conhecemos. Mesmo que tenha feito muitas coisas erradas comigo, eu gostava. No ensino fundamental me envenenou e no médio lhe dei dois tiros. Apesar de parecer, não gosto muito de armas de fogo. Tiram a beleza da dor.

Ela complicou minha vida uma vez, era normal retribuir o favor. O tempo passou e na faculdade nos aproximamos. Sua família era tão difícil quanto a minha. Nos identificamos como semelhantes. Desde então resolvemos ficar juntos.

Na verdade fui eu quem resolvi. Dei um jeito de falsificar sua assinatura de um documento que me daria 90% de seu patrimônio caso não aceitasse casar comigo. Ela poderia muito bem viver com 10%.

Casamos em uma grande cerimônia. O amiguinho dela não foi por medo, mas estou certo que ele estava de longe apenas vigiando. Tudo o que eu mais queria era colocar a mão mais uma vez naquele babaca. Não fazia tanto tempo que havia mandado dar uma surra bem dada para que nunca mais encostasse na minha futura mulher. Quebrei seus dois braços e mãos. Isto, porém resolvi fazer com minha própria força.

Sou advogado e trabalhava em uma empresa particular junto a pessoas que apenas possuem um status maior do que o meu por que a empresa é deles. Dois incompetentes. Comecei trabalhando pegando casos polêmicos que me pagavam muito bem. Eu nunca precisei de dinheiro, mas nunca é demais.

Peguei os casos que mais deixavam a população chocada. Sempre gostei de proteger os réus e isso incomodava profundamente Dalton, um dos donos da empresa.

Precisei viajar para defender um de meus casos mais lucrativos e foi quando o pior aconteceu. Minha esposa me traiu neste dia com o tal André. Alguns meses depois veio a notícia da gravidez. Eu sabia que não era meu, mas consegui esperar

A criança nasceu. Tinha os olhos dele, o cabelo dele, o nariz, a boca... Tudo era dele. Apenas dele. Sequer um traço dela tinha. Sequer um! Fiquei irado. Claro que fiquei. Todos vão saber dos meus chifres. Essa criança não é minha. Nunca vai ser.

Esperei que eles saíssem do hospital e chegassem em casa. Tranquei as portas. Tranquei as janelas. Não vão escutar os gritos. Deixei que ela deitasse na cama ao lado da maldita aberração em seus braços. Deixei que estivesse quase adormecendo quando cheguei com a faca. Ela gritou. Seu grito me fez bem. Acalmou. Abraçou a criança gritando por ajuda.

Pobre coitada. Ela dizia que era meu filho. Contra mim não tem salvação.

Puxei a criança pelo braço. Escutei um 'TAC' e o choro desesperado. Um choro que me dava prazer. Puxei de novo e finalmente ela soltou.Vi seus olhos desesperados de joelhos em cima da cama, sequer ouvi o que falava. Apenas ouvia o choro daquele fruto de adultério.

Minha faca cortou os dedos tão pequenos e macios. Cortou as mãos, os pés.

— Sabia que bebês sangram mais porque menores de uma semana ainda não possuem a coagulação adequada?

Disse com serenidade jogando a mulher maldita contra a parede, joguei todos os pedaços em cima dela para que chorasse mais e mais. Um, dois, três. Assim abri a barriga do pequeno ser. Aproximei-me da adultera e coloquei aquele resto de criança aberto em seu rosto. Coloquei com força. Foi o suficiente para começar a sufoca-la. Contei lentamente os minutos para que ela parasse completamente de respirar.

O laudo disse que morreu afogada.

Sou um bom advogado também para mim. Os policiais não encontraram prova alguma que tinha sido realmente eu o culpado. Achei melhor assim.

Ter feito aquilo foi tão bom que acabei por repetir o feito com outras crianças, com outras mães. Todos os filhos de adúlteras, todas as adúlteras. O mundo precisa ficar livre deste mal.

Infelizmente deixava indícios demais. Acho que o fundo queria ser reconhecido. Queria que vissem como eu posso ser o Pior de todos. Por volta do vigésimo me pegaram.

Aqui estou. Preso como um louco. Não sou louco, apenas aprecio o que me faz bem. Eu sei exatamente o que me faz bem. Gritos e dor. Isso sim me faz bem, mas nenhuma sensação será tão boa quando a que tive da primeira vez.

As pessoas costumam passar e me olhar. Deixei um presente escrito com carvão e unhas por todo o meu quarto. O PIOR.

Só não esperavam que eu aprenderia a abrir a porta. Foi o que fiz na 57ª noite. Além de tudo, sou inteligente. O chefe da segurança é um tanto quanto descuidado, admito. Distraiu-se demais e perdeu seu molho de chaves mais importante; aquele que guarda as minhas chaves. Não foi difícil de abrir.

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