Ajuda.

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Lara Scott

Estou cansada de tentar me soltar em vão. Não sei quantas horas se passaram até que o cara da segurança voltasse a solitária ao lado do médico loiro, que agora tinha marcas fundas em seu rosto e um olhar de ódio maior do que eu jamais vi. O rapaz parecia me odiar mais a cada segundo.

O homem da segurança usa o antebraço para me apoiar na parede enquanto o outro me solta das amarras da parede. Apenas me mantiveram na camisa de força. Fui encaminhada novamente para o quarto com empurrões e truculência e finalmente jogaram-me na cama. Seguram com força cada um de meus membros enquanto tento tirá-los de cima de mim. São fortes demais!

Não sei o motivo pelo qual me prendem tanto. Eles parecem temer a mim, mas eu não fiz nada. Não deviam temer uma mulher de meu tamanho. Não sou perigosa. Seguraram-me com força e prenderam com cuidado as amarras, embora uma que o homem de cabelos mais escuros prendeu tenha ficado frouxa demais. Acho melhor esperar o momento certo para puxar. O médico apoia seu joelho em meu tronco, logo abaixo dos meus seios impedindo-me de me mexer.

– Você vai pagar pelo que fez, maldita. – Sinto seu cuspe escorrer pelo meu rosto. É um maldito filho da puta.

Vejo uma seringa cheia de um líquido branco ser sacada do bolso de seu jaleco. O líquido mais parecia leite do que qualquer medicamento. Meu braço é espetado e a dor sobe até meu ombro. Arde. Dói. Puxo meus braços com força antes que ele terminasse. Machuco meu braço no processo com a ponta da agulha mas precisava me proteger. O sangue misturado com o líquido branco escorre pelo meu braço, mas não me importo. Apenas preciso me soltar. Preciso fazer essa dor lancinante parar.

Minha vontade é jogar o médico na parede e encher de socos e pontapés. Enfiar a agulha em seu corpo e mostrar para ele o quanto isso dói. O rapaz da segurança me tira de cima do médico, empurrando-me para longe. O loiro caído no chão tosse um pouco e lentamente levanta enconstando-se na parede

– Seu Verme!! – O médico grita com o outro. Sorte minha que ele amarrou mau, ou doeria ainda mais. Eu, definitivamente odeio esse pasadelo.

Sou presa na cama pela segunda vez, mas dessa sou realmente imobilizada, sem chances de me soltar. Sinto a circulação de minhas mãos e pés sumirem tamanha força. O loiro novamente irritado puxa o outro pela gola para fora do meu quarto assim que termina de me prender. Não ouço o som da porta trancando-se. Sei que os dois estão gritando lá fora, mas não consigo entender muito bem do que se trata.

Não demora muito até que o silencio reinasse novamente, devem ter se afastado... Minhas mãos estão geladas pela falta de circulação e o lugar onde aquele líquido branco foi administrado doi ainda mais, lateja.

Escuto um som de porta. A minha porta. Eles teriam voltado para me machucar de novo? Para minha surpresa, não é um deles que aparecem na porta. É um homem moreno de cabeça raspada. Tem cara de doido. Não sei se peço socorro ou me faço de tão louca quanto ele. Não queria dar de cara com um dos loucos daqui tão indefesa. Sei bem que todos daqui são perigosos, sempre lia no jornal sobre os mais perigosos virem para cá.

O louco abaixa-se proximo aos cantos de minha cama soltando as amarras lentamente, deixando minha circulação voltar aos membros. Ele sorri e, assim que termina estende a mão para mim.

– O Pior. Prazer. – Seu sorriso é muito bonito e seus olhos castanhos não parecem se tratar de alguém chamado de Pior. Não me lembro de ter lido sobre ele no jornal, talvez só esteja com ele por engano.

– Lara Scott. – Digo simplesmente, um pouco mais baixo.

– Eu vi o que você fez com o medicozinho nojento. Bom trabalho. – O rapaz fala despretenciosamente, sentando-se no chão logo a minha frente.

O que eu fiz com ele? Não sei muito bem do que ele está falando, mas se foi um elogio não vou negar.

– Ele me feriu. – Mostro meu braço com uma aparencia completamente inflamada para ele, que parece ter ficado preocupado. O 'Pior' se aproxima um pouco mais, ficando de joelhos em minha frente para poder examinar melhor. Ele toca lentamente e puxo o braço quase como instindo.

– Isso é a Terapia do Leite. Sei braço está muito quente... Eu posso tentar te ajudar. Mas vai doer. – Ele diz meio sem graça. Então realmente aquilo era leite. Aqueles malditos colocaram leite em mim!

– Como vai ajudar? – Pergunto com certa inocencia. Ele levanta-se e entrega para mim a minha colcha que ele acabara de enrolar, fazendo uma especie de mordedor.

– Coloque na boca. Eu sei como não deixar isso piorar. – Eu concordo e mordo a colcha, deixando que ele começasse algo horrivel.

Senti suas mãos espremendo o lugar ferido ja inflamado fazendo com que gritos de dor abafados saíssem de minha boca com um choro baixo. Não sei como fui deixar isso acontecer comigo. Não sei por que me trouxeram para esse inferno. Só queria poder voltar para minha casa. A dor é uma das piores que já senti em minha vida. Não sei exatamente em que parte do processo, mas acabei desmaiando, ficando completamente nas mãos do louco que autodenomina-se de 'Pior'.

Estou com medo.

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