8. Finalmente

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Eu não tinha nada para fazer! Eu não podia fazer nada. Eu só o vi entrar no e olhar para mim. Ele estava sem expressão, sem emoção, sentimentos.

Eu fiquei lá, parado, olhando. Ele pegou o celular e eu senti meu telefone vibrar. Peguei e li sua mensagem: eu também gosto de você.

Ele sorriu para mim o carro começou a andar. Meu coração parou. Eu voltei para dentro e me joguei na cama. Eu não tinha a mínima do que fazer. Eu não podia ajudá-lo, não sabia nem onde ele morava. Mandei uma mensagem para ele.

Desculpa, isso é culpa minha. Por favor fala comigo.

Eu estava muito mal comigo mesmo, me sentindo um babaca. Não comi nada durante o resto do dia e só fiquei na cama.

O outro dia chegou e quando finalmente entrei no ônibus, Jhon não apareceu. Nem na aula. Ele não respondia minhas mensagens, nem ligações. Isso aconteceu durante 3 dias. Até que numa sexta feira, ele apareceu.

O olhar dele era vazio, sem emoções, sentimentos, não havia nada.

_Jhon? Você ta bem?

_Não.

_O que ele fez com você?

_Nada...

Eu não acreditei nesse "nada" mas tudo bem. Quer falar sobre o que aconteceu?

_Sobre o que exatamente?

_Nós...

_Eu não... eu não sei o que dizer.

_Vem, vamos descer. Depois da aula eu te passo as partes importantes.

Nós dois descemos do ônibus e começamos a caminhar. Eles estava caminhando com dificuldade mas tentava parecer normal.

_Jhon, o que ele fez com você?

_Eu tô bem.

_Jhon, cuéntame ¿qué él hizo contigo? 

_Eu estou bem.

Nós caminhamos até a escola e fomos para a aula. Estava preocupado, ele tinha ficado um tempo sem aparecer e de repente aparece assim.

A aula foi o de sempre... nós não conversamos durante a aula nem durante o intervalo mas na saída íamos juntos.

Estávamos na metade do caminho quando eu o olhei. Ele estava com a mão na barriga. Eu parei e olhei para ele.

_Me fala o que houve.

Ele apenas olhou para mim e depois para a barriga dele. Eu caminhei devagar até ele e levantei a camisa dele. Tinham 3 marcas avermelhadas, bem escuras. Eu já posso imaginar o que aquele desgraçado fez com o Jhon.

_Por que não me disse antes?

_Eu não..._ ele olhou para o chão  _não quero que você se envolva nisso. Não mais.

_E quer que eu faça o quê? Que esqueça disso? Esqueça que o meu melhor amigo, o meu único amigo de verdade seja espancado pelo pai por causa que ele é gay? Que eu veja o sofrimento de uma pessoa que amo e não diga nada? Quer que eu cruze os braços e espere até o dia que você suma por uma semana, duas, três e talvez nunca mais?

_Você me ama?

_Eu não... eu não sei, eu tô confuso. É muita coisa para pensar...

Ele se aproximou um pouco mais de mim e olhou para baixo e depois para os meus olhos. Eu comecei a olhar para ele. Ver cada detalhe do seu rosto. Ele se aproximou um pouco mais e me beijou. Foi um beijo lento. Ele estava inseguro, mas quando ele viu que eu retribuí, o beijo ficou menos tenso e prazeroso. Ficamos assim por poucos segundos e nos distanciamos.

Ele me olhou nos olhos e voltou a caminhar. Ficamos em silêncio.  Eu estava digerindo o que houve.

_Agora estamos tipo... tendo um relacionamento?_ perguntei, quebrando o silêncio.

_Eu não sei

Nos separamos e fomos para casa.

CicatrizesOnde histórias criam vida. Descubra agora