Segunda-feira

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Serena estava carregando todos os seus livros e parecia ter certa dificuldade em segurá-los. Eram muitos, e estavam pesados, fazendo com que ela se desequilibrasse. O que achei mais curioso foi o fato de que mesmo assim, ela ainda estava muito bonita. Estava usando um macacão jeans, com uma camiseta listrada. Seu rosto parecia mais iluminado, talvez ela estivesse usando maquiagem. Ela sorriu ao notar a minha presença e a de Marie, enquanto caminhava torto, mas de um jeito bonito, como se estivesse pisando em algodão. Parecia que ela estava numa peça de balé, prestes a cair no chão. Droga. Ela estava prestes a cair.

- Já volto, Marie.

Dei-lhe um beijo na testa e corri o mais rápido que pude. E o meu mais rápido significava estar metros à frente em poucos segundos, rápido o suficiente para que as pessoas mal notassem enquanto eu me movimentava. Era quase impossível correr com toda aquelas pessoas tumultuando os corredores da escola, mas eu consegui chegar até onde ela estava. Naquele momento, Serena pareceu retomar o equilíbrio e segurar bem os livros em seus braços, mas eu não tinha cem por cento de certeza. Era melhor observar.

A minha vizinha percebeu que eu não estava parado no corredor ao acaso, mas que estava olhando para ela. E sorriu, curiosa. Eu era péssimo em tentar ser sutil.

- A garota da casa verde - Eu disse, e ela logo abriu um sorriso radiante. Naquele momento senti como se o sol tivesse dobrado a quantidade de luz que irradiava para a Terra. Ou talvez fosse ela brilhando. Não sabia dizer ao certo.

- O garoto da casa azul.

Ela respondeu, rindo.

- Pensei que não fosse te ver de perto novamente. Você não costuma sair muito, não é?

- É, ainda estamos nos acostumando com a cidade nova.

Serena e eu começamos a caminhar, mas ela se desequilibrou novamente e dessa vez, com certeza iria para o chão, junto com os livros. Por sorte, eu estava bem perto para ajudar; peguei a pilha de livros de suas mãos e ela se apoiou em meu braço para se equilibrar.

- Obrigada, Caesar.

- Por nada - Eu sorri. - Esse é seu armário?

- É sim.

Coloquei seus livros lá dentro e Serena sorriu, agradecida.

- Obrigada por salvar minha coluna. E o meu rosto também. Acho que eu ia cair.

- Você ia cair. - Confirmei.

- Para onde está indo?

- Para a aula de História. E você?

- Sério? Quer dizer, de que ano você é? - Serena perguntou novamente, parecendo interessada - Acho que talvez a gente tenha essa aula em comum.

- Sou do segundo ano.

- Ah! Eu também.

- Então, hmm, quer companhia até a sala? - Perguntei, mas só depois me dei conta do que havia dito. Naquela hora as palavras estavam simplesmente saindo da minha boca.

- Claro - Serena aceitou, sorrindo. Ela pegou o livro de História e um caderno no armário e o trancou em seguida. Começamos a andar, mas notei que Marie não estava mais onde eu havia deixado-a - E aí, de onde você veio? - Ela perguntou, tentando puxar assunto.

- De onde eu vim? - Eu repeti a pergunta, sem saber o que responder, mas tentei não transparecer o susto.

- É. Você não morava em Nova York, né?

- Ah, é claro - Eu ri - Desculpe, eu estou um pouco...

- Nervoso?

- Não. Desorientado, talvez. É o primeiro dia de aula aqui. Não me sinto muito confortável com esse monte de gente.

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