Reação

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Entrei em casa, mas antes de ir para o meu quarto, eu queria comer alguma coisa. Adele não gostava quando nós comíamos antes do jantar, mas aquela adrenalina da última hora tinha me deixado faminto. Ao passar pela sala de estar, vi Peter jogado no sofá. E para a minha surpresa, ele falou comigo.

— Oi, E.T.

— Oi, Peter.

— Adele e Colin já estão em casa?

— Já. Marie chegou correndo, mamãe perguntou por você e ela disse que estava voltando para casa com a filha do meio dos Monroe. Você é rápido, hein?

Dei um sorriso sem graça.

— Não é o que está pensando.

— Então você é mais lento do que eu imaginava. Ela é uma gata.

Ele estava certo.

— É... 

— Então vá em frente, pegador. Não, espera aí. — Peter se endireitou no sofá. — Vai me dizer que tem que rolar uma química ou algum sinal esquisito antes, alguma coisa do seu planeta?

— Não — Na verdade tinha.

— Me avise quando chamá-la para sair, alien.

Peter riu, tranquilo, e se jogou novamente no sofá. Eu também ri, mas desisti de comer. Talvez devesse esperar pelo jantar. Subi as escadas correndo para tomar um banho rápido, e frio, e de lá, fui para o meu quarto no sótão. Fiquei alguns minutos da janela, observando a rua. Estava tranquila. Duas crianças pequenas estavam dando voltas de bicicleta por ali enquanto os pais conversavam na calçada.

Enquanto observava, pensei em tudo o que havia acontecido naquele dia, principalmente de tarde. Relembrei cada detalhe de tudo; a adrenalina percorrendo meu corpo e me impulsionando até onde Serena estava, para salvá-la. A expressão de medo e susto em seus olhos e a velocidade em que nossos corações batiam, juntos. Eu só consegui perceber isso naquele momento, através das minhas memórias.

Decidi parar de pensar demais no que havia acontecido. Saí do meu quarto, e ao passar no corredor em direção às escadas, ouvi Adele me chamar de seu quarto. Ela estava sentada na cama, com um livro grande nas mãos, e sorriu para mim. Eu também sorri e entrei no quarto, devagar. Adele tirou os óculos e o deixou na cabeceira de sua cama.

— Oi, Caesar.

— Oi.

— Estava indo para algum lugar? Atrapalhei você?

— Não. Na verdade eu estava indo ver se queria ajuda para preparar o jantar.

Ela sorriu.

— Talvez depois.

— Quer falar alguma coisa comigo?

— É, eu quero. Pode se sentar.

— Claro — Sorri, enquanto me sentava perto dela, na beira da cama.

— Fiquei no trabalho pensando em você o dia todo, Caesar. Como foi o seu dia? Correu tudo bem na escola?

— Foi bom. — Respondi com sinceridade. — Eu tive meu primeiro contato com a escola e não pareceu tão ruim quanto eu imaginava.

— Isso é maravilhoso. — Adele disse, sorrindo. — Mas aconteceu algo mais, não foi?

— É.

Senti o olhar de Adele sobre os machucados visíveis em minhas mãos e nos meus braços.

— Marie me contou que você salvou a filha dos nossos vizinhos de um acidente de carro.

— É verdade.

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