Abertura

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História revisada e editada, 2023. *se você já leu, provavelmente vai querer ler de novo! Bastante coisa nova*

Natasha corria.

Os seus cabelos vermelhos levemente enrolados lembravam sempre os cabelos de uma boneca de porcelana, especialmente acompanhados dos olhos azul piscina envoltos em uma linha preta - raros como as tempestades de primavera. Agora ela estava com as bochechas vermelhas e segurava o gravador junto ao peito, tentando não ser pega. Um pé depois do outro, as árvores se misturando e os sons da floresta urrando. Ela tinha que fugir.

Ela era uma jornalista, mas acima de tudo, acreditava na verdade - por mais dura e difícil que fosse de conseguir. Já havia se infiltrado em muitos lugares - ir para o oriente médio, e embarcar nas profundezas de um grupo sunita nada pacífico tinha sido ideia sua. Queria seguir um rastro que misturava fanatismo, tráfico e sequestros. E ela não teve medo - até aquele momento.

Aquele gravador poderia ser sua glória, mas também sua morte. Afinal, ela estava em um país estrangeiro, e tinha gravado uma reunião de um grupo de ladrões nada convencional. Meter-se no mundo do tráfico de diamantes, especialmente em um país no meio do oriente médio não era uma boa ideia. Ela sabia muito bem disto. Infelizmente, ela tinha mais coragem do que bom senso, e agora isso estava claro para ela. Ela tinha um gravador tão incriminador quanto uma assinatura, e não sairia fácil dessa.

Finalmente, Natasha sentiu que suas pernas tinham ganhado espaço e parou. Não haviam mais sons. Ela sorriu olhando para o gravador e riu de si mesma. A adrenalina fazia ela se sentir melhor do que deveria. Ainda bem que ela não tinha família para se preocupar com ela, ou estaria encrencada para explicar aquela fita. Ela sentou-se no chão, olhando seu prêmio e saboreando todo glamour que viria com isso. Ela queria ser âncora do jornal e isso era seu bilhete de ouro. Poderia até mesmo ganhar um prêmio. Ela com certeza ganharia prêmios.

Seu corpo curvo de 76 kgs distribuídos em 1,65 e dentro de uma jeans azul escura e camisa verde musgo quase gritavam em letras vermelhas que ela era uma ocidental sem religião. Natasha ia ter problemas para passar desapercebida, mas nada que uma burca não fizesse. E ela sabia usar uma burca tão bem quanto qualquer mulher naquele país. Poderia fugir por terra e publicar sua matéria de ouro em todas as manchetes de seu país em menos de 24 horas. Seria uma caminhada de 2...3 horas. Haveria um posto, e então, conseguiria um ônibus até um local apropriado.

- Não se mexa.

A voz masculina disse atrás dela. Natasha escutou um barulho de um gatilho sendo puxado e soube que estava encrencada.

- Jornalista vaca, agora você vai ver só como lidamos com gente como você.

Primavera em árabeOnde histórias criam vida. Descubra agora