O outro lado da moeda

2.9K 164 35
                                    

Abu estava sentado em seu "trono" divino. Era como via aquela cadeira em seu quarto, como seu local de pensamento profundo. Seu quarto era um quarto árabe, que ele mesmo tinha montado ao longo dos anos. Havia calma ali, havia segurança e hoje, ele sabia, haveria mais do que isso.

Era cedo, cedo mais, mas ele tinha pedido para chamar Natasha ali. Onde ele tinha um ponto para provar depois da última cena da menina. Havia força demais ali e as coisas não estavam indo bem. Tudo teria que mudar.

Natasha entrou no seu quarto vestindo malditas jeans escuras e uma blusa preta solta, de malha e mangas longas. Ela parecia mais corada, menos ferida e muito mais forte. Ótimo, ele pensou, era bom conversar com ela sem aquele véu de fragilidade que vinha se acumulando naqueles dias. E era muito melhor discutir com uma mulher que tinha condições de rebater o que ele ia falar.

- Feche a porta. - Ordenou.

Ela obedeceu, chutou a porta, até ela se fechar e o olhou sentado naquela cadeira idiota e estúpida. Ele parecia demais com um príncipe árabe boboca, e isso a incomodou.

- O que estou fazendo aqui? - Ela perguntou sem paciência. - Eu mal acordei e estou com fome.

- Vamos conversar sobre ontem a noite. Você sempre fica com esse humor quando está com fome? - Brincou.?

- Não há o que conversar. - Ela falou curvando os ombros. - Eu não vou beber de novo. Você viu o que queria ver. Acho que está tudo resolvido!

- Nós dois já combinamos que você não vai mais beber, mas não é sobre isso que vamos conversar. Vamos falar sobre a cena que você deu comigo no banho.

- Eu sou tímida, Abu. Já falei isso. - Suspirou irritada. - O que você quer?

- Eu não quero birras, não quero gritos e não quero cenas. Isso não é um teatro americano. Se eu falar que Nima vai cuidar de você, você vai deitar e vai deixar. Se eu falar que vou cuidar de você, você também vai deixar.

- Eu não sou uma boneca. Nem uma esposa árabe boboca. E certamente não vou ver sua submissa.

- Bonecas obedecem mais. - Falou sem humor. - E você pode ser muitas coisas, mas submissa não é uma delas, acho que isso já ficou claro. Quanto a ser uma esposa árabe boboca... sinto te informar mas...

- EU NÃO QUERO FICAR MOSTRANDO MINHAS PARTES ÍNTIMAS ASSIM! PONTO FINAL!

- VOCÊ VAI MOSTRAR O QUE EU QUISER VER! - Gritou. - E ABAIXE A VOZ QUE NA MINHA CASA, MANDO EU! Eu não quero gritaria, não quero você batendo as pernas e nem quero ter que te segurar de novo!

- Eu estou tentando ao máximo, Abu, eu juro que estou! Mas eu não vou deixar me lavarem e me olharem como se eu fosse um bebê de três meses em um trocador!

- Não há nada aí para sentir vergonha. Já te vimos nua e você ainda está se recuperando. Esta conversa é para te avisar que eu não vou permitir esse comportamento de novo. Se você estiver com vergonha, converse...eu sei ser gentil, mas se você gritar e bater as pernas de novo, vai apanhar.

- Mas tenho que deixar vocês me verem como quiserem.... - Riu indignada. - Deus, você merece um soco no nariz!

- Abaixe as calças que eu vou te dar uma surra. - Abu anunciou sem muita emoção. - Quero a calça e a calcinha nos seus joelhos. Deitará no meu colo.

Natasha sentiu um soco na barriga e um frio nas partes íntimas.

- Não.

- Se você resistir, eu vou piorar a punição. Você vai aprender a se comportar sem dar escândalos. Venha.

Primavera em árabeOnde histórias criam vida. Descubra agora