Natasha mal tinha lágrimas para chorar seu castigo. Ela se sentia pela primeira vez presa demais ali e isso a incomodava. Abu a mandou para o quarto, como à uma criança e ela sentou-se na cama, querendo sair e fazer alguma coisa. Quando é que ele ia perceber que ela não era uma boneca? Quando é que ele ia confiar que ela sabia se virar sozinha?Nima abriu a porta do quarto com o rosto gentil, sabendo que a menina devia estar sofrendo. Ela via as lágrimas e a chateação de Natasha e sabia que devia ir devagar, ser mãe da menina. Colocou seu corpo para dentro, com um enorme vestido muito árabe e sorriu.
- Olá, Natty. - Ela respirou fundo vendo o rosto vermelho da menina. - Ele foi muito duro com você?
- Foi pior do que apanhar. - Admitiu. - Ele me proibiu de sair, Nima. De fazer o que ele tinha me prometido que eu podia fazer. Ele... me traiu...
- Oh... - Nima levou a mão para o coração, tentando ser gentil. - Ele só está com medo, Natasha... foi difícil para ele te ver tão doente. Ele não sabe como lidar com você ainda e ele está fazendo o melhor dele.
- Pois então que ele se esforce mais. - Cruzou os braços, irritada.
- Eu vou falar com ele. - Prometeu. - Vamos agora lavar esse seu rosto... eu vou encher a banheira para nós
"Nós", pensou Natasha. Ela disse "nós". Oh, ela tinha prometido para Abu que ia deixar Nima cuidar dela... mas ela se sentia uma idiota. Uma criança.
- Nima, por favor, deixe-me sozinha hoje. - Implorou.
- Abu quer que eu te dê banho. - Nima informou. - Eu sei que você está magoada mas eu acho que é importante para ele ver sua evolução. Eu já fiz isso... deixe-me. Vamos acabar com essa barreira.
- Não. - Negou com a cabeça. - Eu vou tomar sozinha.
- Natasha... - Nima foi até a menina, com passos firmes. - Olhe pra mim. Ande. Olhe. - Esperou a menina subir o olhar. - Abu vai te dar uma surra e eu não vou me meter pra impedir se você continuar negando tudo.
- Isso não é justo. - Mas que saco!
- É, pode não ser, mas ele é seu marido. Ele só quer você bem aqui... adaptada. Vamos, deixe-me.
- Não. - Recusou. - Fale o que quiser para ele... eu vou embora. - Levantou-se da cama, um pouco mais determinada. - Ele não pode me manter aqui. Eu posso andar até a fronteira se for o caso. Eu não vou ficar aqui sendo a boneca dele. Ele quebrou sua promessa.
Nima suspirou ao ver Natasha levantar da cama, determinada demais. E decidiu que ela ia se beneficiar mesmo de uns tapas, mas não só de Abu....
Ela deu passos severos, segurou a menina pelo braço, virou-a de lado e levantou a mão ali mesmo.
PAFT! PAFT!
Os dois tapas fizeram Natasha se crispar. Era uma surpresa, com certeza, mas Nima não podia deixar a coisa ir longe demais. Não podia deixar ela odiar Abu só porque não tinha juízo algo.
- Pare já com isso! - Nima a repreendeu ainda segurando o braço dela. - Não pode ser assim, Natasha!
- Solte-meu-braço. - Falou entre os dentes.
- Natasha, por Alá! Não! Vamos tomar um banho e deu de escândalo! Não pode ser assim, menina! O que tem de problema nisso? Seja sensata! Abu também se arriscou por você! Seja justa!
Natasha empurrou Nima com uma das mãos e foi quando Abu, da porta do quarto, endureceu o olhar ao ver a cena. Ele compreendeu tudo. Compreendeu para onde as coisas estavam indo e colocou a mão no cinto que segurava sua calça.
- Abu... eu vou dar banho nela. - Nima declarou vendo Abu com a mão no cinto. - Tenha calma... temos que...
- Ela quer uma surra... parece que está implorando por uma! Acabamos de conversar... Qual é, Natasha! - Falou em um tom tão americano que chocou as mulheres ali.
- Ela está confusa, Abu... - Nima tentou defender, mas ficou bem óbvio que ela mesmo tinha dando uma palmada na bunda de Natasha.
- Eu sei que está, mas nós dois já havíamos conversado. - Puxou o cinto da calça, e o dobrou da mão. - Eu não vou poupar ela de uma boa disciplina.
- Não. - Natasha chocou-se com a visão do cinto. - DESCULPE!
- Sim, Natasha... eu sei que dói mas eu acho que você está mesmo precisando de uma lição. Saia, Nima... eu quero bater nela sozinho.
Nima abaixou a cabeça, totalmente decepcionada com a situação. Não ia desobedecer Abu, e, por isso, saiu do quarto. Saiu e ouviu os gritos da menina.
"Não, por favor"
VLAP!
Os gritos, seguidos de barulho de Natasha se debatendo.
- Para quieta, menina! - A voz de Abu gritou.
- TÁ DOENDO, ABU!
Nima esticou a cabeça e viu a menina com as calças abaixadas no colo dele, a bunda vermelha, e toda aquela teimosia e nervosismo.
VLAP! VLAP!
As cintadas doiam em Nima e ela resolveu que era o suficiente. Entrou no quarto e pediu com a mão para Abu parar.
Abu ficou um pouco chateado de ver Nima ali, mas levantou Natasha do seu colo e a olhou nos olhos.
- Será que vou ter que te dar mais cintadas, Natasha?
- Não. - Negou rapidamente. - Não, senhor.
- Tudo bem... - Ele suspirou. - Quem você quer que te dê banho... eu ou Nima?
Natasha apontou para Nima.
- Eu dou... eu dou.... - Nima respirou aliviada. - Me dá minha menininha.
Abu quase riu do desespero materno de Nima.
- Tudo bem... nós dois conversamos depois, Nat. - Abu prometeu. - Eu vou te por no colo um pouco depois do banho.
Natasha concordou esticando os braços para Nima - que a acolheu rapidamente e amparou suas lágrimas.
- Pronto... pronto... eu estou aqui. - Nima acariciou os cabelos vermelhos da menina. - Vai ficar tudo bem.
Era bom aquela relação, Abu pensou, e era bom que Nima estivesse começando a ver Natasha como sua também.
- Seja dura se precisar. - Abu pediu para Nima.
- Não vai precisar. - Nima prometeu. - Ela vai ser boazinha...
Abu não tinha tanta certeza, mas tinha que dar um espaço. Pelo menos, por agora.
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Primavera em árabe
RomanceEsta á uma história para maiores de 18 anos! Contém nudez, violência, forte distorção de valores, fantasias fetichistas e uso de linguagem imprópria (erótico)! Pense antes de ler se achar que o conteúdo te ofende. Controlem seus filhos na internet...