Abu olhou o momento em que Omar saiu do quarto, e caminhou até o corredor, onde ele, sozinho agora, estava em pé, encostado em uma das paredes. Abu, tinha, espertamente, mandado Nima cozinhar algo para ele. Ia ocupar ela, e ia, ao ver dele, manter a mulher calma enquanto ele mesmo não estava.
Ele esperou, quase 45 minutos, até que Omar saiu, carregando sua maleta com o olhar sério e cansado. Sim, ele tinha trabalhado bastante.
- E então? - Ele deu um passo para frente, no momento em que o médico saiu, e o olhou, indo diretamente para ele com a maleta.
- Eu dei um sedativo bem forte para ela, não se surpreenda se ela dormir um dia inteiro. No estado dela era o melhor a fazer. - Avisou. - E talvez fique devagar uns dois dias. Lenta, e sem muito controle muscular. Acredito que isso não vá ser um problema, já que ela tem uma criada.
- Não, não vai ser problema. - Ele concordou, querendo notícias. - Ela não vai pisar no chão até eu achar que pode. O que ela aguentou?
- Foi uma varinha, ou um chicote bem afiado. - Anunciou. - Eu a examinei, toda. Ela está bem no que diz respeito aos genitais, mas as costas sofreram bastante. As nádegas vão melhorar, eu limpei e desinfetei, ela vai sentir dor, vou receitar algo para isso, mas eu precisei dar alguns pontos nas costas dela. É o que mais me preocupa no momento, já que não tem muita pele ali, qualquer esforço pode estourar os pontos. Ela precisa ficar quieta.
Os olhos de Abu estava pegando fogo. E ele queria sangue...
- Quantos pontos?
- Ao todo, seis, espalhados. Ela vai precisar de ajuda nos banhos, mas também desconfio que isso não seja um problema para vocês. Sabão neutro, e os curativos trocados. Pode doer e como são nas costas, ela não vai conseguir olhar para lavar.
- Não será um problema. Ela não toma banho sozinha. - Relevou sem vergonha alguma.
- O bebê está bem. - Ele avisou. - Ela vai ter que repousar, mas por um milagre...
- Espere. - Abu sentiu o sangue sair de suas bochechas e a boca do seu estômago pegar fogo. - Bebê?
- Você não sabia. Eu imaginei que com uma criada iria perceber, mas sim... - Omar percebeu. - Ela está grávida. Duas ou três semanas, mas está.
- A surra que ela levou e... - Ele começou a ficar sem ar.
- Foi séria, especialmente nas condições dela. Sinceramente... eu não sei como ela não estava com uma poça de sangue entre as pernas. - Suspirou. - Ela é forte e o bebê também, mas não estão fora de risco. Ela terá que repousar, comer bem e eu evitaria qualquer esforço, no próximo mês. Qualquer esforço além de ir ao banheiro pode ser um risco. Depois, podemos avaliar. Se ela estiver melhor, posso liberar alguns passeios. Se ela sangrar ou sentir dor...
- Eu lhe chamo. - Abu queria sorrir, mas, ele não imaginava que receberia um notícia como aquelas assim. - O que eu dou para ela comer?
- Comidas fortes, podem ajudar. Carnes, ovos... ela precisa de gordura. Com o trauma que sofreu, o bebê perde calorias importantes que a mãe perdeu.
- O sedativo que ela tomou e os remédios...
- Todos seguros, Abu. Eu dei coisas seguras. - Garantiu. - Eu vou pedir alguns exames para ela, um de sangue e um ultrassom para ver o bebê.
- Eu conheço uma clínica. - Ele concordou.
- Abu... quem faria isso com uma mulher casada? - Ele perguntou, preocupado. - Pior... com uma mulher carregando um herdeiro? Seus iminigos...
- Eu não sei, mas eu quero descobrir. - Ele falou.
- Tome cuidado. - Omar pediu. - Eu volto em breve. Ligue se precisar.
- Certo.
- Eu conheço a saída, vá ficar com sua mulher.
Abu concordou, deixando Omar sair caminhando. Ele estava tonto com tantas informações. Tonto e enjoado.
Juntando suas forças, ele foi até o quarto. Natasha, ainda nua na cama, agora estava limpa, deitada em um lençol novo, branco. Omar a tinha deixado deitada de lado, com vários curativos nas costas e nas nádegas. Ao lado da cama, ele percebeu, curativos novos e limpos, prontos para serem trocados no dia seguinte.
Abu foi até a cama, sentou-se na frente dela e passou a mão pelos cabelos ruivos dela, com amor. Ele não sabia até aquele momento, mas estava disposto a matar por ela. E ele pretendia, matar por ela e pelo filho que ela carregava no ventre.
Agora, olhando para o corpo dela, ele sabia que ela mudaria. Ia alargar os quadris, ficar com uma barriga grande, seios maiores ainda. Ela ficaria linda, mas ia precisar ser protegida, acolhida. Aquela gravidez tinha começado de forma tão violenta para ela.
Ele desceu a mão até a barriga dela, e apertou ali, com delicadeza, querendo sentir algo - mas sabendo que ainda era cedo demais para sentir o pequeno bebê que estava ali, se desenvolvendo. Quando ouviu um barulho atrás dele, Abu suspirou, puxando um cobertor para finalmente cobrir a mulher.
- Você sabia? - Abu perguntou, sabendo que era Nima na porta. - Do bebê.
- Eu tinha imaginado. - Nima comentou. - Eu não tinha certeza. O ciclo dela não veio, mas eu não a conheço tão bem, imaginei que... poderia ser apenas um atraso normal. Ela está?
- Está. - Ele avisou. - E com tudo que aconteceu, vai ser uma gravidez complicada. Ela está machucada, dependente...
- Nós cuidaremos dela. - Concordou Nima. - Ela terá o que precisa.
- Eu preciso que fique com ela, Nima. Ela está sedada, mas eu não quero deixar ela sozinha. - Pediu ele.
- Abu... onde você...
- Eu não vou sair. - Ele prometeu. - Não com a cabeça quente, não antes de conversar com ela...
- Certo. - Ela concordou. - Não é o momento, Abu. Com ela grávida, isso a torna um alvo fácil.
- Alguém deu uma surra na minha mulher, Nima. Na minha mulher e no meu bebê, o que ela carrega dentro dela! Deus, ela podia ter perdido o bebê! Omar disse que ela tem sorte!
- Sim... - Nima viu que ele estava perigosamente nervoso. - Abu... tome um banho, tome um chá... eu fico com ela.
- Sim... sim... - Ele suspirou. - Eu vou. Eu vou....DROGA! - Ele gritou. - MAS QUE DROGA!
- Eu sei. - Nima suspirou, sentando-se na cama ao lado do corpo da menina, que mesmo com o grito, nem tinha se movido. - Ela está em casa agora, Abu... ela vai ficar bem...
- Eu vou tomar um banho. - Ele disse com a voz cheia de lágrimas. - Faça carinho nela. Deite com ela. Eu sei que ela está apagada, mas ela precisa. - Avisou o homem. - Quando eu sair do banho, eu assumo.
- Não se preocupe, tome seu banho. Eu não vou sair daqui.
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Primavera em árabe
RomanceEsta á uma história para maiores de 18 anos! Contém nudez, violência, forte distorção de valores, fantasias fetichistas e uso de linguagem imprópria (erótico)! Pense antes de ler se achar que o conteúdo te ofende. Controlem seus filhos na internet...