O desespero

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Eram oito da noite quando Abu olhou de novo para o relógio e viu Nima quase abrindo um buraco no chão. Ele já tinha mandado o motorista atrás de Natasha, e até agora, não haviam sinais.

- Eu não devia ter deixado ela ir. - Abu disse, preocupada, mordendo um dedo. - Ela não estava pronta.

Nima não respondeu nada. Ele não queria preocupar Nima, mas Nima estava preocupada. E claro, aflita. Natasha estava muito atrasada. E não só na hora... Nima pensou, ela não tinha visto a menstruação da menina naquele mês. Ela temeu pela saúde de Natasha e temeu o que pudesse ter acontecido.

Abu passou a mão pelos cabelos, nervoso demais, quase suando, enquanto Nima o olhava séria. Embora ela achasse que Abu tinha seus motivos, ela não podia deixar ele também adoecer de preocupação.

- Abu, quer que eu lhe faça um chá? - Ela perguntou.

- Não. Não, Nima. - Ele recusou, estalando a língua. - Ficar aqui não me faz bem... eu vou...

- Senhor.

Abu olhou para trás, para o motorista, e ele estava ali, assustado e parado, com o rosto pálido e preocupado demais. Abu tentou ler as emoções enquanto o olhava, sério.

- Achou?

- Eu a coloquei no seu quarto, senhor. - Ele falou. - Desculpe entrar, mas eu não o vi e ela não podia andar, eu a peguei e...

Abu, quando ouviu isso, saiu disparado para o quarto. Ele não queria ouvir, não queria absolutamente nada. Nima, em silêncio, o seguiu enquanto ele saia sério na frente.

O homem, entrou no quarto, que estava com a luz ligada, e viu Natasha deitada na cama. Ela ainda estava com os sapatos, e ele notou que o vestido dela estava rasgado nas costas. Rasgado e havia sangue. Sangue nela, na roupa, e agora, na roupa de cama. Embora não fosse demais, a ponto dele achar que ela precisava de uma transfusão, aquilo o assustou.

Ele chegou perto dela, e por mais violento que estivesse naquele momento, ele soube que tinha que controlar as mãos.

- Nat. - Ele sentou-se na cama com calma, colocando a mão no ombro dela. - Nat, está me ouvindo? - Perguntou quando a mulher apenas gemeu. - Querida, está consciente?

- Abu... - Nima parou na porta do quarto, com a mão no coração.

Natasha gemeu, tentando olhar para Abu com alguma determinação, mas sua voz não saiu. Não saiu e ela parecia chorosa, assustada...

- Não fale. - Ele se adiantou em dizer. - Guarde suas forças. - Abu virou-se para Nima. - Pegue uma bacia de água quente, alguns panos limpos. Traga tudo, com pomadas e antisépticos. Traga uma roupa limpa para ela.

- Ela está machucada, Abu. - Nima disse, dando um passo para frente.

- Por favor, faça isso. - Ele pediu.

- Certo...

Enquanto Nima começava a se mexer, Abu segurou gentilmente o vestido da esposa, e começou a rasgar o tecido com cuidado. O fato de que ela não estava reclamando e berrando, começou a preocupar ele. Ela tinha apanhando, percebeu ele, quando segurou-a para olhar suas nádegas e suas costas. Ele sentiu alívio por ela estar de calcinha e sutiã, mas claro, ele ia olhar.

Ele começou a separar o tecido do corpo dela com cuidado, quando ela começou a chorar.

- Eu sei... - Ele falou carinhoso, tirando os trapos com sangue dela e levando as mãos para as roupas íntimas. - Eu sei...

- Abu... - Ela finalmente falou.

- Sim, Nat. Está em casa, segura. - Ele disse, puxando a calcinha pelos pés dela. - Não fale agora. Descanse.

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