Como é a vida ao lado de Abu

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Abu vestiu uma camiseta branca, lisa, de mangas largas e confortável. Ele não conseguia sorrir, embora estivesse quase realizado. Ele não queria casar com uma porta, e Natasha não era uma porta. Ela tinha opinião, pulso e era até mesmo ousada demais. Haveria confusão, claro, afinal, as pessoas se perguntariam porque ele não teria preferido dar seu nome a uma menina local.... mas ele sabia que ninguém ousaria questionar sua decisão diretamente.

Sua mãe o questionaria, ele sabia. Até lá, ele esperava fazer Natasha compreender onde tinha se metido.

Ele casaria com Natasha, e jantaria com ela, mas não pretendia tomar ela logo na primeira noite. Não. Ele sabia ser gentil e sabia que conquistar Natasha teria que ser uma espera. Ele tinha três noite para consumar o casamento e até lá, pretendia provar para Natasha que era um cavalheiro e que podia conquistar ela como uma galã de cinema.

Ele era rico e tinha acesso a tudo que queria. Pretendia usar isso em seu favor. Nima abriu a porta de seu quarto, naquele momento, sem ao menos bater. Ele sorriu, achando graça da intimidade e estalou a língua.

- Vai precisar aprender a bater na porta, Nima, logo haverá uma mulher aqui dentro e pode nos surpreender.

- Acredite, pretendo bater. - Ela suspirou.

- Acha essa camisa boa?

- Minha opinião não importa agora, Abu, embora eu deva dizer que acho ousado o que você decidiu fazer.

- Acha que estou errado? - Perguntou virando-se para encarar a mulher.

- Ela é bonita. - Concordou pensando profundamente. - Jovem. Seus filhos vão ser lindos e saudáveis. Se Alá permitir.

- Mas acha um erro. - Deduziu.

- Eu acho que ela não compreende.

- Não, ela não compreende, e vamos precisar ser pacientes, Nima.

- Pacientes? - Nima quase riu. - Abu, com todo respeito, você melhor do que ninguém sabe que raramente me meto em seus assuntos, mas o que as pessoas vão dizer?

- Não importa o que elas dizem. Esta é minha casa e dentro dela, eu sou o rei. Não me questione assim. - Abu falou firme. - Ela está pronta? Eu quero jantar agora.

Nima bufou, indignada com firmeza, mas também sabia que tinha passado dos limites. Ora, ela tinha um ponto e Abu parecia não querer ver isso.

- Ela tomou quase uma garrafa inteira de Uísque. - Anunciou. - Se isso não é estar pronta...

Abu ficou pálido no mesmo momento, quase perdendo a compostura.

- Uísque... álcool... eu nem tenho álcool em casa... eu sou....

- Havia álcool, no seu corredor de presentes. Próximo ao quarto dela. Embora você entenda seus presentes de negócios fechados como troféus decorativos, ela não parece entender isso.

- Onde ela está? - Perguntou com a voz grossa e autoritária.

Nima apontou para o oeste.

- No quarto dela. Ela ainda está de roupão, no entanto.

- Ela é minha. - Abu disse já caminhando para fora do quarto. - Que se dane se ela está de roupão.

Abu pisou passos firmes. Violentos. Tudo que ele estava pensando parecia um branco e ele nem sabia como queria agir, ele só sabia que ela estava errada e que tinha que encarar ela e dizer isso em seus olhos.

Não bateu na porta do quarto dela, ele sabia que isso era desrespeitoso, mas ele estava tão furioso que nem pensou nisso. Ele apenas abriu, com força e a olhou sentada na cama, com um copo cheio do líquido âmbar, e com uma cara de poucos amigos. Ela estava terrivelmente bêbada, ele sentia isso e ver o cansaço nos olhos dela quase o tirou de si.

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