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O corpo inteiro de Kihyun tremia e ele se encolhinha cada vez mais conforme os passos pareciam mais próximos, até ele finalmente poder ver a face do homem, era Shownu, o que o desesperou ainda mais. O menor escondeu seu rosto e sentiu o pavor tomar conta de cada canto do seu corpo.

— Não, isso não faz sentido.

— Kihyun?

— Eu não posso ter enlouquecido também, não era pra isso acontecer, isso não faz sentido.

— Kihyun, você não está louco. — o maior tentou tocar seu ombro, mas ele recuou.

— Você não está aqui, você está morto, é só um delírio. — falou para sí mesmo, tentando se convencer disso. Sentiu seus braços sendo puxados e virou seu corpo quase que involuntariamente, abriu os olhos devagar e encarou o moreno em sua frente.

— Kihyun, eu não morri.

— O que? Mas como? Eu vi... Você estava cercado, foram todos pra cima de você.

— É uma longa história e nós não podemos ficar aqui, tudo bem? Depois eu conto tudo. O que está fazendo aqui desse lado?

— Hyungwon disse que aqui tinha uma farmácia, nós precisamos de remédios. — o moreno olhou para trás e observou a loja, avistando um uma placa branca suja com "Farmácia" escrito em vermelho, olhou para o menor e arqueou uma sobrancelha.

— Bem sugestivo, você não acha? — Kihyun riu soprado e tentou se levantar, mas sentiu um dor forte e se jogou no chão novamente — Me deixe te ajudar. — o maior falou e o puxou pela cintura, o de fios rosados rodeou o pescoço do outro com o braço e caminhou apoiado alí, sendo praticamente carregado pelo moreno.

Assim que chegaram na farmácia, viram que a mesma estava fechada e com a porta de ferro amassada. Era nítido que tentaram arrombar e para a felicidade dos dois, não conseguiram. Kihyun se separou do moreno e pegou a chave em seu bolso, depois de tentar com outras duas chaves, conseguiu abrir e se apoiou na parede, deixando o papel de abrir a porta, para o maior.

Os dois entraram e Kihyun abriu sua mochila, mancou até a prateleira mais próxima e começou a pegar o que achava que seria útil.

— Pegue o que puder. Analgésicos, antibióticos, ataduras, tudo o que achar necessário.

— Não tem muita variedade aqui...

— Acho que tem o necessário.

E eles pegaram o que foi possível, até suas mochilas e bolsos estarem lotados. Kihyun se apoiou no outro novamente e do lado de fora, decidiram pegar sacolas e as encher de comida também, mesmo que já tivessem bastante, preferiram aproveitar a oportunidade. Como estavam juntos, já não era tão perigoso passar pela rua até o estoque, então acharam melhor fazer isso ao invés de pular as janelas.

Não tiveram complicações no caminho, principalmente por terem ido na moto com a qual o maior havia chegado até alí, e assim que chegaram do outro lado, Kihyun abriu a porta e jogou a mochilas e as sacolas no chão, esperou que Shownu entrasse e a trancou.

— Shownu? — Hyungwon perguntou boquiaberto e com os olhos arregalados.

— Você está vivo? Como? — Kihyun escutou outra voz perguntar e assim que olhou para frente, viu Minhyuk sentado com uma de suas mãos na cabeça. O menor pegou uma das mochilas, correu até ele, mesmo que sentisse muita dor em sua perna e costas, e se sentou ao seu lado.

— É uma longa história... Eu preciso comer algo e descansar um pouco antes de contar, sério. — respondeu o moreno.

— Minhyuk, você está bem? — o de fios rosados perguntou e o outro assentiu.

— Eu só estou um pouco zonzo e minha cabeça dói. — o menor pegou uma das caixas de remédio na mochila e o entregou.

— Tome isso. Consegue tomar sem água? — loiro assentiu novamente e colocou os comprimidos na boca, os engolindo em seguida — Você vai ficar bem. — Kihyun olhou para Hyungwon, jogou um frasco de antibióticos para ele e suspirou — Eu estava errado.

— Em relação a o que?

— Quando a pessoa surta, ela não só se defende, ela faz o que for preciso de acordo com o trauma.

— Trauma?

— Eu cheguei a conclusão de que quando a pessoa surta, o maior medo dela aparece, pode ser uma fobia ou um trauma. Na loja tinha uma mulher que parecia ter rasgado o próprio corpo e antes de morrer me disse que não gostava de aranhas. Se ela tinha aracnofobia e o seu maior medo eram aranhas, ela alucinou com aquilo.

— Essa mulher... deve ter sido uma cena horrível. — Shownu comentou enquanto abria um saco de biscoitos e o menor assentiu.

— Eu com certeza já vi coisas piores, e o Kihyun, como médico, também. — o de fios cinzas falou indiferente após engolir seus comprimidos e Minhyuk arqueou uma sobrancelha.

— Médico? — o loiro perguntou e Kihyun arregalou os olhos — Kihyun, você não é médico.

— Minhyuk...

— Você sempre gostou de pesquisar sobre medicina, mas só por achar interessante. Sequer pensava em exercer e profissão um dia e não se mudou pra estudar isso. Então por que mentiu? — o menor não o respondeu de imediato, apenas engoliu seco e observou os três o encararem a espera de uma resposta.

Side EffectOnde histórias criam vida. Descubra agora