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» Três meses atrás «

— Hyungwon! — o rapaz alto escutou a voz grossa e firme o gritar e logo correu até o homem forte que o chamara.

— Sim? — falou em um tom também firme, mesmo que estivesse completamente amedrontado.

Havia entrado para aquela quadrilha a pouco tempo, seu irmão havia entrado ainda novo e o guiou para aquilo, mas depois de sua eficiência nos contrabandos que o mandaram fazer, Hyungwon recebeu uma espécie de promoção, mas sabia que aquilo tudo o traria problemas. E foi quando tentou recusar a proposta e sair dalí que ele percebeu que depois de entrar naquilo, o único jeito de sair, era morto.

Mas nem tudo o que aquilo deu para Hyungwon foram males. Além do dinheiro, o garoto também pôde conhecer um lado que antes se escondia: sua coragem e sua força. Apesar de seu corpo esbelto e aparência avoada, ele era forte, não só fisicamente, mas psicologicamente também.

— Chame o chefe. — o homem mandou e, mesmo que o mais alto se apavorasse ao questionar uma ordem alí dentro, concentrou toda a sua força e coragem, ajeitou a postura e suspirou.

— O chefe está ocupado, ele pediu para que não o incomodassem.

— É uma emergência.  o respondeu em um tom rude e olhou para baixo, Hyungwon seguiu o olhar do mais baixo, olhando para o chão e encontrando uma caixa de madeira aberta e totalmente ensanguentada. Deu um passo largo, movido pela curiosidade de ver o que havia alí, se arrependendo no mesmo instante em que pousou o olhar no que encontrou.

Hyungwon logo reconheceu o topete castanho apenas com as pontas platinadas e os olhos arregalados de seu irmão, a cabeça do mesmo estava dentro daquela caixa, com uma caveira tendo os olhos atravessados por uma cruz cravados em dua testa, aparentemente feito com um estilete ou algo assim. O rapaz sentiu seus olhos marejarem e seu estômago embrulhar no mesmo instante, várias memórias dos dois juntos se passavam por sua mente, desde a época em que eram apenas crianças inocentes e com pouca diferença de idade brincando no pequeno quintal da casa de seus avós, até o primeiro tiro que deram juntos.

— Deixaram uma caminhonete na nossa porta com essa caixa e mais seis.

— Se-seis? — o homem assentiu — É o resto dele? — a fala saía embargada e segurar as lágrimas se tornava um papel cada vez mais difícil.

 Não. Nos mandaram a cabeça de todos que estavam vigiando o galpão deles. Nós só queríamos nos prevenir e eles atacaram.  o de fios cinzas desviou o olhar e sentiu a primeira lágrima cair.

O homem levou sua larga mão até o pescoço de Hyungwon, o segurou com firmeza e apertou um pouco, assustando o mais magro e tomando a atenção do mesmo para sí.

— Você está chorando? — o mais alto tentou negar com a cabeça, mas falhou quando o outro apertou um pouco mais seu pescoço — Você é fraco igual ao seu irmão?

— Ele não era fraco. — respondeu com dificuldade e concentrando toda a sua raiva no olhar.

— Se ele não fosse fraco, não estaria com a cabeça dentro de uma merda de uma caixa. Ele falhou e você vai falhar igual a ele.

— Eu não sou como ele, não vou falhar.

— Aqueles caras são nossos inimigos e vão querer acabar com cada um de nós. Você tem que ser esperto e não pode ser sentimental agora. Se alguém aqui te ver chorando, vão te colocar no fogo junto com essas caixas e seu irmão idiota.

— Eu não vou chorar.

 Eu acho bom.  o mais forte largou o pescoço do outro  Estou falando isso para o seu bem. Você tem sorte de me ter aqui, muita gente não teve quem avisar e nem a oportunidade de aprender antes que algo pior acontecesse.

— Eu vou acabar com eles, com cada um deles. — Hyungwon afirmou com uma certeza e raiva que orgulhou o mais forte, esse que não o respondeu, apenas assentiu.

— Vá chamar o chefe. — dessa vez, o mais magro não disse nada, apenas respirou fundo e se virou, sentiu o outro segurar seu braço e o olhou, confuso — Deixaram algo com ele, talvez pra ajudar no reconhecimento ou sei lá... Acho que você gostaria de ficar com ele. — Hyungwon olhou para a outra mão do homem e viu o colar que seu irmão nunca tirava do pescoço, estava quase todo sujo de sangue, mas ainda dava para o reconhecer perfeitamente. Era prateado e tinha cruz média como pingente, com um "2H" marcado na parte de trás, simbolizando a inicial dos dois irmãos.

O mais alto fechou os olhos e se lembrou da cena que havia acontecido antes daquilo tudo.

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»  Seis anos atrás «

— Heyeon? — Hyungwon chamou o garoto forte que comia seu hambúrguer ao lado irmão.

 Sim?

— Por que você sempre usa isso? — perguntou ao apontar para o colar do maior, que sorriu largo e parecia animado para responder.

— Achei que você nunca ia perguntar. — o rapaz retirou o largo colar do pescoço e mostrou o pingente para o menor, que observava suas ações curioso  Olhe, é um H e um número dois.

— Eu não entendi...

 Nosso nome tem a mesma inicial, são dois H's.

— Mas por que você nunca tira isso? — o mais velho sorriu e colocou o colar de volta em seu pescoço.

— É um jeito de ficarmos sempre juntos.

Side EffectOnde histórias criam vida. Descubra agora