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— Changkyun, eu não sei se concordo com isso.

— Vai me dizer que ta com peninha daquele cara?

— Não é isso...

— O que é então? — Hoseok não respondeu, apenas suspirou — É melhor aquele cara curtir bem os últimos minutinhos de vida dele.

— Eu vou pro meu quarto. — o maior disse e se retirou do cômodo, sem deixar que o outro o respondesse.

Hoseok caminhou devagar pelo corredor, até escutar o barulho de uma porta abrir e olhar para a mesma, vendo Hyungwon sair por ela, apenas com uma toalha enrolada em sua cintura, seu cabelo molhado pingando e algumas gotas de água escorrendo por seu corpo. O mais forte também reparou no abdômen e perna machucada, preferiu ignorar a tatuagem da gangue inimiga que estava gravada em sua pele.

— Eu escutei o Minhyuk falar sobre vocês terem chuveiro e tive que vir verificar, faz um bom tempo que eu não tomava um banho de verdade.

— Espero que não tenha exagerado, não tem muita água sobrando na caixa e como cortaram a água, talvez seja a única que vamos encontrar.

— Pode ficar tranquilo, não sou muito de exageros... — o mais forte assentiu e Hyungwon suspirou — Tem alguma roupa aí sobrando? Digo, de quem morava aqui? Minhas roupas estavam imundas e rasgadas, não queria vestir as mesmas.

— No quarto em que fico tem umas roupas que não cabem em mim, devem servir em você. – o de fios cinzas assentiu e seguiu Wonho até o quarto. 

Assim que chegaram ao cômodo, o mais velho entrou e caminhou até um guarda-roupas velho que havia ali, o abriu e começou a olhar as roupas, procurando alguma que pudesse servir no maior. Sentiu algo segurar sua cintura e gelou, olhou para baixo e viu as mãos magras do mais alto, sentiu a respiração proxima do seu pescoço e sentiu seu corpo arrepiar.

— Acho que seria injusto comigo me fazer pôr roupa ao invés de tirar agora...

[...]

Kihyun se levantou de sua cama, que estava arrumada no chão, e se aproximou de Minhyuk, que estava sentado no canto da sala, olhando para o nada e abraçando os joelhos. O menor se sentou ao lado do loiro e suspirou.

— Não vai dormir? — Kihyun perguntou em um sussurro e Minhyuk negou com a cabeça.

— Não estou com sono.

— É por causa do menino que foi sequestrado?

— Se a gente tivesse... não sei, se tivéssemos sido mais rápidos, se eu não estivesse no lugar errado e não levasse aquele tiro, se não tivéssemos invadido aquela casa...

— Ei, para com isso, não adianta chorar pelo leite derramado agora.

— Eu odeio essa expressão.

– Mas ela é real. — Minhyuk o olhou.

— Me desculpa.

— Pelo que?

— Por você ter ficado preso aqui por minha causa.

— Vir tentar te salvar foi uma opção minha. Fala sério, eu ajudei a criar a vacina que enlouqueceu todo mundo, acha mesmo que é você quem tem que se desculpar? — o loiro suspirou e desviou o olhar.

— Eu só quero que tudo acabe, quero chegar na fronteira logo, quero minha vida de volta.

— Sabe o que eu queria? — Minhyuk o olhou novamente e negou com a cabeça — Nunca ter ido embora.

— Por quê?

— Porque eu não estaria me sentindo tão mal por ter colaborado com isso tudo e... não teria te perdido.

— Nós já estavamos prestes a perder um ao outro antes mesmo de você ir embora Kihyun, não estávamos bem.

— É... agora eu causei o fim da cidade e isso fez o meu ex se apaixonar por um cara que foi sequestrado por uma gangue. Agora eu estou com ele em uma sala, esperando amanhecer pra irmos com três bandidos e um policial salvar um desconhecido, que por sinal, é a nova paixão do meu ex. — os dois riram e o loiro suspirou.

— Eu não to apaixonado por ele, a gente nem se conhece.

— Você gostou dele.

— Sabe me dizer o motivo?

— Não, eu não sabia que você curtia caras maus... — Minhyuk riu novamente.

— Acho que comecei a vê-lo de outro jeito depois de perceber que na verdade ele não é tão mau assim... — Kihyun sorriu, tocou na mão do loiro e a apertou.

— Vai ficar tudo bem, nós vamos passar por isso.

— Tem certeza? — o menor assentiu.

— Já passamos por coisas piores... — Minhyuk arqueou uma sobrancelha.

— Tipo o que?

— O ensino médio. — respondeu sem pensar duas vezes, o que fez o loiro rir novamente.

— É, o ensino médio foi realmente um inferno.

— O que são malucos tentando nos matar, perto de provas finais e vestibulares? — o mais alto sorriu, deitou um pouco seu corpo e apoiou a cabeça do ombro do menor.

— Você tem razão. 

Side EffectOnde histórias criam vida. Descubra agora