Capítulo 5

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POV- Heitor Alencastro

Chegar em casa, longe de toda aquela atmosfera de guerra, foi a melhor coisa que eu já pude experimentar

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Chegar em casa, longe de toda aquela atmosfera de guerra, foi a melhor coisa que eu já pude experimentar. Não, eu não era um guerrilheiro e sim, um médico de campanha. E cai entre nós, não é o melhor lugar de se estar. Prefiro até não me lembrar da quantidade de morfina que tinha que ministrar nos soldados, só para fazê-los esquecer de tudo. Mas eu jamais esquecerei! O fardo que carrego, as mortes que presenciei, as escolhas que tinha que fazer... nunca saíram do meu consciente.

No entanto, sair de lá foi uma busca de deixar minha sanidade sã. Ou seja, chega de falar ou pensar sobre o tempo no exército. Agora minha vida seria outra, iria usar minha especialização no hospital da minha cidade e viver aquilo que não consegui esses anos.

Há tantas coisas a se fazer, que preciso urgentemente de um celular mais moderno, com bloco de notas e redes sociais. Estou por fora de muita coisa, desatualizado totalmente. Uma das coisas mais importantes da lista é entrar em contato com meu amigo de festa. Durante a faculdade de medicina, as festas mais loucas eram feitas lá no campus, e Benjamin estava sempre. Aprontávamos tanto que ninguém é capaz de imaginar. Já fizemos tantas besteiras e coisas que fere a moralidade dos mais "conservadores" que eu acho que seriamos deserdados do mundo, caso nossas vidas dependessem dessas pessoas.

Outra coisa que preciso com urgência é de privacidade. Morar com os pais era bom no começo, mas agora, não posso levar ninguém para casa, pois tenho o dever de respeitar quem um dia trocou minhas fraudas. Mais um item para minha checklist, procurar um apartamento.

Sentado em frente à TV, passando pelos canais, afim de procurar um filme interessante para distrair a mente, enquanto não dá a hora da primeira leva de reencontros, vejo minha mãe se aproximando com um sorriso largo e cara de quem aprontou. Vamos lá para as loucuras dessa mulher!

- Ah, meu filho lindo... - Senta ao meu lado, segurando meu rosto e apertando minhas bochechas, como fazia quando era criança. - Para que tantas tatuagens?

- Mãe, pelo amor de Deus, para com isso! - Digo, afastando suas mãos de mais um ataque de aperto. - Tatuar a pele foi a melhor forma que eu encontrei para fugir da dor psicológica. - Ela me olha com pena, e sério... odeio isso! - Pare com isso dona Grace. Estou saudável mental e fisicamente. E um tanto afim de assistir algo. - Desvio meu olhar para a TV e ela puxa meu rosto para olha-la.

- Querido... sabe, como você acabou de voltar e deve estar precisando de uma companhia... digamos que mais íntima... - O que caralho essa mulher está dizendo? Era só o que me faltava, minha mãe querendo arrumar transas casuais para mim. Estreito os olhos em sua direção, esperando a conclusão do seu pronunciamento. - Bem, é.... convidei a....

- Você não fez isso! - Exclamo atônito me levantando. - Eu não posso acreditar que você quer que eu me relacione com aquela mulher. Porra, dona Grace! Aquela mulher infernizou a minha vida. Eu não quero vê-la nem pintada de mulher maravilha. - Vou de um lado para outro na sala espaçosa. Porra! Porra! Porra! - Desmarque! - Aponto meu dedo para o telefone da casa.

- Essa sua reação diz muito, meu querido. Ela é de boa família, os pais dela são podres de ricos e querem um nome de peso, como o nosso, para juntar com a sua filha mais velha. Imagina que magnífico, a empresa do seu pai acoplada a do multimilionário Lorenzo Silverstone? Iriamos ser os mais comentados do país, que dirá do mundo.

Minha mãe só pode ter enlouquecido esses anos que estive fora.

- Mãe... - espalmo a mão em meu rosto, esfregando impaciente. - Chega dessa conversa absurda! Eu não quero casar com ninguém, não quero me apegar a mulher nenhuma. Eu só quero sair e viver. E é o que vou fazer agora! - Dou as costas, para seguir para o meu quarto, mas ela me chama, e eu paro no meio do caminho. - O que foi?

- Eu não quero aquele moleque inconsequente de volta! - Ela esbraveja, me deixando surpreso. - Você já tem 34 anos e não tem um herdeiro para dá continuidade ao nosso sobrenome. E outra, eu já convidei a Francine para jantar conosco nesse sábado. Não tem como desfazer. Aceite e se empenhe a ser um bom anfitrião. - Então ela desliga a Tv e segue para o corredor que dá para o espaço reservado de testes de temperos.

Subo para o meu quarto, adentrando o closet enorme e sem utilidade, já que nem uso um terço daquele espaço, pegando a toalha e separando uma calça moletom cinza, com um casaco moletom, adidas, da mesma cor. Tiro as roupas, entrando no box que possui uma ducha fixa no teto e adequo a temperatura para morna. Deixando a água cair, minha mente me leva para o passado. Meses depois que conheci Francine.

"- Deixa de bobeira Thor. Eu amo você!

"-Dispenso esse amor! - Levanto da cama, abaixando para pegar minha cueca e a calça, as levando em direção do banheiro.

"- Ei! Não estou entendendo.... A gente se conheceu assim, por que isso tem que mudar agora?- Fala vindo na direção do meu quarto.

"- Não é bem assim, Fran! Porra! Não dá para te ver mais nessas situações. Nem tudo que fazíamos quando solteiros, podemos fazer estando juntos. Somos um casal agora... por favor.... Tem coisas que precisamos renunciar, pelo bem da nossa convivência! Isso se chama respeito! E participar de casas de swing, fodendo com outros homens, não me agrada em nível nenhum. Eu não quero um relacionamento aberto! Eu quero você só para mim...

"- Ok... vamos ver isso direito depois. - Entra na ducha me abraçando pelas costas- Eu gosto da diversidade! Eu pensei que seriamos um casal sem frescura. Mas estou vendo que não será assim... vou tentar mudar! Mas você precisa ser mais mente aberta..."

Simplesmente eu não consigo, quando quero e gosto de uma mulher, a vontade que eu tenho é de fazer tudo por ela! Enchê-la do mais puro e intenso amor, carinho... Gosto de fazê-la se sentir mulher, especial, imponderada. Dona de si e provocadora dos desejos mais loucos. Gosto de deixa-la feliz! Com um sorriso bobo em todo tempo que estiver comigo, depois e sempre. Eu gosto sim da exclusividade! Infelizmente ou felizmente, não consegui chegar nesse nível de libertação. Não me sinto bem, vendo alguém que gosto nas mãos de outro homem. E Francine me teve em suas mãos por tanto tempo.... Eu era novo demais, imaturo... pensava que ela seria a porra da mãe dos meus filhos! Pensei que se eu fizesse tudo que ela queria, ela cederia esse lado mais promiscuo e seria só minha. Mas não foi bem assim!

 Mas não foi bem assim!

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A ESCOLHA (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora