Capítulo 23

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Pov. William

Ver Alice tão feliz com o seu presente, me faz muito feliz. Embora ela ainda não acredite que eu lhe presenteei com um cavalo. Um cavalo branco como a sua pureza, branco como sua alma, branco como sua pele, branco como ela. Eu adoro vê-la feliz. Sei que pode parecer um absurdo, mas acho que minha forma de pensar sobre ela mudou, não a quero por uma vingança muito menos por um passatempo, eu a quero para algo mais, muito mais. Me sinto bem com ela, estar perto dela, seu jeito carinhoso e sua atitude infantil que consegue me tirar um sorriso.

- "Obrigada William, é maravilhoso." - ela me diz, mas antes de responder sinto um corpo se chocar contra o meu e sem poder evitar, acabo caindo no chão.

Fecho os olhos quando sinto um golpe em minhas costas, mas algo não se enquadra. Uns lábios suaves e doces estão sobre os meus. Abro os olhos e descubro que são os lábios de Alice. Ela se dá conta e rapidamente se afasta de mim, ruborizada.

- "Me-me desculpe."

- "Não tem problema, mas eu nunca pensei que você fosse tão forte." - eu digo colocando a mão em minhas costas.

- "Me desculpe pela brutalidade. Estou tão feliz pelo presente que eu não consegui medir a minha força. Meu pai sempre me repreende por isso. Eu o derrubei no chão mais de uma vez." - ela disse envergonhada.

- "Que bom que você gostou do presente." - eu digo.

- "Quando você decidiu me dar um cavalo?"

- "Faz uma semana, mas como você estava mal e também tendo esses pesadelos, eu decidi prorrogar até o dia de hoje."

- "É sério, muito obrigada." - ela diz sorrindo. Eu me derreto no mesmo instante, esse sorriso me mata.

- "O que vocês dois estão fazendo no chão?" - Evan pergunta no momento em que ele chega.

- "O mesmo de sempre." - Alice diz.

- "O que foi que você deu pra essa bruta para ela ter te ligado no chão?" - ele diz enquanto Alice brinca com os seus dedos na terra.

- "Um cavalo. De fato, é aquele ali." - digo sinalizando o cavalo.

- "É muito bonito. Ele é macho ou fêmea?"

- "Fêmea, o nome dela é Deusa." - eu digo.

- "Uma preciosa espécime. O bom é que você não precisa pagar uma fortuna para deixá-lo em um estábulo."

- "Porque você está dizendo isso?"

- "Porque não tem espaço em casa." - Alice diz.

- "Entendi, a propósito o que te traz por aqui Evan?"

- "Eu vim visitar essa pequena e para trazer isso." - ele mostra carroça que veio amarrada no cavalo.

- "O que tem aí?" - ela pergunta.

- "Porque você não vê por si mesma." - ele diz sorrindo.

Alice se levanta, limpa a poeira da sua roupa e das suas pernas. Com cuidado ela tira a lona que cobre as suas coisas. Do nada, ela dá um grito e se joga nos braços de Evan, mas diferente de mim, ele não caiu. Dá pra notar que ele está acostumado.

- "Papai, muito obrigada. Muito obrigada." - ela diz enquanto se separa e volta a mexer na carroça.

- "O que é?" - eu pergunto para Evan.

- "Suas coisas. Tem algumas roupas, tecidos, cadernos de desenhos, algumas ferramentas para confeccionar suas roupas, entre outras coisas. Eram muitas coisas para trazer, por isso eu consegui essa carroça. Essa é a sua paixão." - ele me diz.

- "E eu que pensava em abrir um atelier para ela usar." - digo desanimado.

- "Oh, ela vai adorar isso. E mais, ter um lugar assim é um sonho. Lá em casa era impossível. Com Helena e Aline era só mais problemas, por isso Alice desistiu desse sonho e foi trabalhar com Dona Rita."

- "Você tem notícias de Aline?"

- "Nada ainda. Até agora nenhum dos corpos corresponde ao dela. Segundo algumas fontes viram ela pegando um ônibus para o povoado vizinho, mas não souberam para qual, por isso estamos na mesma. Mas ainda sigo conservando a esperança de que ela não esteja morta."

- "Você a ama?"

- "É óbvio que a amo, mesmo que ela não seja a minha filha. Eu a criei desde pequenininha, o mal foi que Helena a mimou de mais. Por esse motivo Aline se tornou em alguém ambicioso e não se importa com os outros, só com ela mesma." - ele diz com pesar.

- "Ela é muito diferente em comparação com Alice." - eu digo.

- "Para isso tem uma explicação. Pelas veias de Alice não corre o mesmo sangue de Helena e sim de outra mulher. Ela foi a minha vida enquanto esteve comigo e quando ela se foi, ela levou tudo inclusive a minha vontade de viver. Mas ela foi muito sábia, ela me deixou alguém que precisa de mim mais do que ninguém, me deixou uma filha, idêntica a ela, embora você diga que os olhos de Alice se parece com os meus, é mentira. Ela tem os olhos de sua mãe." - Evan diz em voz baixa enquanto olha para Alice com amor.

- "Ela sabe disso?" - eu pergunto enquanto Alice continua em seu mundo enquanto revisa as coisas que o seu pai trouxe.

- "Não, mas sei que cedo ou tarde terei que contar."

- "E porque você está contando para mim?"

- "Porque estou começando a confiar em você. Estou deixando com você a coisa mais importante que eu tenho nessa vida e eu te disse no dia do casamento. Se você machucá-la, você vai se ver comigo." - ele diz me olhando diretamente nos olhos.

- "Não está em meus planos machucá-la."

Vejo como Alice entra em casa carregando várias coisas e depois volta para pegar mais coisas na carroça. Ela faz isso várias vezes até que a carroça fica vazia.

- "Bom, se vocês não se importa, eu quero montar e experimentar o meu presente. Como ela se chama?" - Alice me pergunta.

- "Deusa." - eu respondo.

- "Eu adorei. Papai, você vem comigo para um passeio?"

- "Obrigada pelo convite para pequena, mas não posso. Tenho muitas coisas para fazer no povoado e uma delas é devolver essa carroça. Aliás, como prefeito tenho que resolver muitas coisas e não posso ficar muito tempo no meu lugar." - Evan diz a ela.

- "Tudo bem e obrigada por trazer as minhas coisas." - ela diz enquanto o abraça e dá um beijo sonoro em sua bochecha. - "Eu te amo muito."

- "E eu te amo muito mais pequena. Bom, William eu me retiro e cuide bem dela. Nos vemos logo."

Assistimos ele subindo em seu cavalo e faz o seu caminho de volta ao povoado.

- "Onde você gostaria que eu te levasse?"

- "Não sei. Não conheço a fazenda."

- "Então, vamos sair para percorrer a fazenda. Vamos falar com Lara para nos preparar uma cesta com comida, fazenda é muito grande e eu não acho que você queira comer grama."

- "Nunca comi grama. Aliás, os avós sempre nos dizem que o que os animais comem, não faz mal aos humanos."

- "Grama é horrível."

- "Você já provou?"

- "Sim, por causa de uma aposta. Não foi a minha melhor decisão." - eu digo fazendo uma careta.

- "Então vamos atrás de Lara." - ela me diz. Ela me estende a mão e eu aceito. Entrelaçamos nossos dedos e entramos em casa.

Depois de 1 hora, com uma cesta repleta de comida, começamos o passeio pela fazenda. Eu disse para Lara avisar Edward que iria ficar fora da fazenda o dia todo, que se algo acontecesse era para ele resolver.

É hora de passar um tempo de qualidade com Alice, faz bastante tempo que não faço isso, mas acho que com ela passarei muito bem e não vou me arrepender de nada.

Livro 1: Olhares de Amor (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora