Capítulo 21

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Semanas depois...

Pov. William

Essas semanas têm sido uma loucura. Mais da metade do povoado foi chamado para prestar depoimento. Ninguém conseguia acreditar no que estava acontecendo, um dos homens mais importantes do povoado é um assassino em série. O médico não consegue acreditar no que aconteceu, embora com muito pesar está ajudando a esclarecer os crimes.

Há alguns dias atrás interditaram a fazenda de Max, a princípio não encontraram nada, mas isso foi até os cachorros entraram em ação. Em um lugar afastado e não muito cuidado, encontraram alguns restos mortais que podem ser de humanos.

O que se descobriu foi uma surpresa. Até essa data foram encontrado por volta de 10 corpos. Todos os corpos pertencem a mulheres jovens. Pelo o que um dos médicos legistas contaram, elas foram assassinadas de maneira rápida e com golpes precisos.

É melhor parar de pensar nisso...

Estou no meu escritório tentando me concentrar em uns documentos, mas está sendo difícil. Alice tem tido pesadelos horríveis, acho que todos nessa casa temos escutado os seus gritos, são desoladores. Varias vezes quando chegava em seu quarto, via Lara com ela nos braços tentando tranquilizá-la. Segundo o que Lara me conta, os pesadelos tem a ver com outra mulher, uma mulher que Alice não pode salvar da morte. Seus sonhos sempre começam tranquilos e bonitos, mas depois se tornam obscuros e aterrorizantes. Sei que esses sonhos não tem nada a ver com o que aconteceu com Max, mas estão ajudando no seu afastamento das pessoas. Desde esse dia quando um homem a abraça ou tenta ajudá-la e acaba tocando em seu corpo, ela imediatamente fica tensa e se afasta. Comigo não é tanto, mas ela está igualmente afastada.

Evan tem vindo todos os dias para saber como a sua filha está. Ele passa várias horas com ela, ele a aconselha e a consola. Eu decidi habilitar o atelier de costura que tem aqui em casa. Sei que ela ama isso, o único problema é que eu não tenho ideia  de quais são as cores que ela gosta. Sempre que eu a vejo, ela está usando uma cor diferente. Será melhor eu perguntar sobre isso para Lara.

São quase onze da noite quando vou para o meu quarto. Tenho uma vontade louca de ir onde Alice está, mas temo que ela possa se assustar e eu não quero que isso piore a situação.

Tomo um banho de água fria, coloco o meu pijama e deito em minha cama.

(...)

Não sei o que foi que me acordou. Esta escuro, mas vejo o perfil de uma mulher em minha cama. Esfrego as minhas mãos em meus olhos e vejo que é Alice que está aqui.

Eu me sento para ficar a sua altura e me dou conta de que suas bochechas estão molhadas pelas lágrimas.

- "O que aconteceu?" - eu pergunto.

- "Eu tenho medo." - ela diz em um sussurro.

- "Medo de que?"

- "Medo de continuar sonhando com essa mulher e não acordar mais." - diz enquanto as lágrimas escorrendo pelas suas bochechas.

- "Fique tranquila. Nada ruim vai acontecer com você. São só pesadelos Alice. Não podem te machucar."

- "Mas são tão real. Inclusive cheguei a sentir dor." - ela diz tentando relaxar.

- "Isso é impossível. São só sonhos." - eu lhe digo.

- "Se não acredita em mim, olha para o meu braço." - ela levanta o braço.

Acendi a luz do abajur, já que não vejo no escuro. Quando me acostumo com a claridade, olho para o seu braço e posso ver um hematoma, são pequenos, mas são vários deles.

- "Como você fez isso?"

- "Eu não fiz. Em um dos meus sonhos algo me agarrava muito forte e quando acordei elas estavam aparecendo." - eu a olho e me dou conta de que ela não está usando os colares.

- "Alice, onde estão os seus colares?"

- "Eu não sei. Alguém os escondeu. Desde que aconteceu aqui com Max eu não os encontro." - ela diz.

- "Porque te deram esses colares?"

- "Eu deles foi presente de Dona Rita, segundo ela era para proteção e o outro foi o meu pai. Segundo ele o colar foi de alguém muito importante para ele. Ele me disse para não tirá-lo."

- "Quando você começou a ter esses pesadelos?"

- "No dia que desapareceram os colares. Eu acho, mas não estou muito segura."

- "Parece que vamos ter que procurar esses colares. Não gosto de te ver assim." - eu digo.

- "Assim como?"

- "Triste, e eu odeio ver você chorando."

- "Não é a primeira vez que você diz que não gosta de me ver chorando."

- "Você é alguém que nunca deveria chorar, somente rir."

- "E você, me faria rir pelo resto da minha vida?" - ela me olha diretamente nos olhos.

- "Claro, mesmo eu não tendo a mínima ideia de como fazer isso."

- "Você é estranho." - ela diz.

- "Estranho?"

- "Sim."

- "Porque?"

- "No começo você era distante e depois com o tempo, você foi se aproximando e ficando mais acessível."

- "Eu não te conhecia, a forma que eu te tratei no começo e te levei ao limite, me fez compreender que você é muito diferente de Aline."

- "Você sente falta dela?" - essa pergunta me pega de surpresa.

- "Eu não sinto falta dela. O que houve entre ela e eu, era algo passional da minha parte e monetária da parte dela." - ela assentiu.

Nós ficamos uns cinco minutos nós olhando até que vejo que algo está passando pela sua cabeça.

- "Posso dormir com você?" - sua pergunta me surpreende.

- "Claro. Posso perguntar o porque?"

- "Quando eu durmo com você, eu não tenho pesadelos, aliás eu me sinto segura." - ela diz brincando com os seus dedos.

- "Vem. É melhor dormirmos. São quase quatro horas da manhã e preciso descansar."

Alice sobe na cama da mesma maneira que uma menina de 3 anos. Quando ela se deita, eu a abraço mas ela fica tensa. Então eu a solto imediatamente.

- "Eu sinto muito. Ainda não consegui me acostumar com alguém me tocando." - diz envergonhada.

- "Tudo bem, eu entendo." - eu mal digo Max.

- "Posso experimentar algo?" - eu assinto.

Ela se acomoda ficando de costas para mim. Depois sinto as suas mais buscar as minhas e colocar em sua cintura.

- "Você pode me abraçar?" - ela pede envergonhada.

- "Claro." - eu me aproximo e rodeio os meus braços.

Ela se tensa, mas depois relaxa. Ela suspira, me acomodo e fico mais grudado as suas costas. Seu perfume é maravilhoso, sem poder evitar, eu beijo os seus ombros, ela suspira ainda mais. E me faz sorrir.

- "Dorme pequena, eu vou proteger você dos sonhos ruins." - digo.

Alice se aproxima mais de mim e acabo adormecendo sonhando com uns lindos olhos azuis.

Livro 1: Olhares de Amor (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora