Capítulo 5

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Pov. Alice

Dona Rita chegou 20 minutos depois. Ela ficou assombrada ao saber o que a minha irmã fez. Ela ficou encantada ao me vender o vestido branco, eu disse que tínhamos menos de duas horas para fazê-lo parecer com um vestido de noiva.

Fomos para o atelier, ela tirou as minhas medidas e procurou entre os materiais algumas pedrarias para colocar no busto do vestido e um cinto com as mesmas pedrarias para completar. Começamos a trabalhar no vestido e cerca de 1 hora e 20 minutos depois, o vestido ficou pronto. O resultado final ficou lindo, um vestido de noiva com bastante movimento e as pedrarias aplicadas no busto e na cintura, deram um ar de sofisticação, ele era único, um pouco mais a cima dos joelhos, não sei o que dizer, só que ele ficou divino.

Uns minutos depois chega o carro que me levaria ao cartório para me casar com um homem que apenas conheci hoje de manhã. Segundo o meu pai as duas da tarde era o casamento civil e as quatro o casamento religioso. O mal é que esse povoado tem muitas tradições e uma delas, é que se você não se casa na igreja, você fica banido da sociedade, além de ser proibido entrar na igreja.

Chego na casa onde funciona como registro civil. Todos os homens me olha e imediatamente o meu corpo fica tenso. Desde quando sou o centro das atenções?

Desde que você aceitou se casar com o senhor Lawford. - meu subconsciente me lembra.

Ao entrar na sala, o senhor sou bonito e eu sei, me estende a sua mão e sinto uma corrente elétrica percorrer todo o meu corpo. O que foi isso? Sei que ele também sentiu embora ele tenha dissimulado bem.

A cerimônia começou, o juiz fala e fala embora não esteja prestando muita atenção. A cerimônia continua e nós dizemos "aceito" na hora certa. Chega o momento das testemunhas assinarem, minhas testemunhas são o meu pai e D. Rita e as testemunhas dele é o seu capataz e sua governanta, acho que se chamam Edward e Lara. Para terminar, ele me abraça, sinto o seu hálito quente no meu ouvido quando ele diz.

- "Agora só falta a outra parte do show, espero que você seja tão boa atriz quanto sua irmã." - ele me beija no canto dos lábios e se vai com os seus amigos ou funcionários, o que sejam.

Mas esse imbecil se acha, hein? Boa atriz como minha irmã?

Antes que eu possa responder, D. Rita me leva para seu ateliê para começar a me arrumar para o casamento religioso.

As 15:45hs eu já estou pronta. Estou usando o vestido de noiva com um sapato branco de salto não muito alto. Meu cabelo está penteado em uma trança lateral espinha de peixe um pouco bagunçado, com umas mechas onduladas perto do rosto, foi colocado pequenas florzinhas por toda trança e estou segurando um buquê de rosas e orquídeas, estive contra cortar as orquídeas do jardim para fazer o buquê, mas como eu não posso contra a minha mãe, por isso ela acabou ganhando.

As 16:00hs estou pronta para me transformar na melhor atriz do mundo. A marcha nupcial começa a tocar e começo a caminhar pelo corredor com um longo tapete vermelho de veludo. Todo mundo está me olhando e conversam entre eles.

Quando chego no final do corredor vejo que o senhor Lawford está lindo. Meu pai me entrega a ele, não sem antes ameaçá-lo, dizendo que vai cortar suas bolas de ele me machucar ou não me dar de comer.

Nos instalamos em nossos lugares enquanto o padre começa a cerimônia. Eu só posso olhar para a imagem de Cristo e pedir perdão pela grande mentira em que estou me metendo.

O padre nos perguntou se estamos aqui por livre e espontânea vontade e ambos dizemos que sim. Sou uma grande mentira.

Quando chega no momento dos votos o senhor Lawford começa a falar com os seus olhos cinzas cravados em mim.

- "Eu William Lawford aceito você Alice Hawley como minha esposa. Juro diante de todas as testemunhas aqui presentes te amar, te respeitar e te fazer feliz até o último dia de nossas vidas. Prometo te amar na saúde e na doença até que a morte nos separe." - escuto o padre dizer amém e William coloca a aliança em meu dedo anelar.

É a minha vez. O que eu digo? É hora de colocar em prática tudo o que li nos livros. Respiro fundo e começo.

- "Eu Alice Hawley aceito você William Lawford como meu marido. Diante de Deus juro cuidar de você, te proteger e te ajudar em tudo o que puder. Prometo estar ao seu lado nos bons e maus momentos e estarei contigo na saúde e na doença. Serei sua amiga, sua mulher, sua esposa e alguém em que possa confiar. Estarei contigo até que a morte nos separe." - eu coloco a aliança em seu dedo, enquanto o padre sorri de orelha a orelha.

- "O que Deus uniu, o homem jamais separa. Agora pode beijar a noiva." - assim que o padre diz, eu fico tensa dos pés a cabeça.

William não demora a chegar até mim e sem me pedir permissão ele me dá um selinho. Todo mundo aplaude e os trabalhadores estão gritando e assoviando. Quando ele juntou os seus lábios nos meus voltei a sentir a mesma corrente elétrica percorrer o meu corpo.

Mais tarde fomos para a festa que fui realizada na fazenda. A casarão era impressionante e muito grande, bem ao estilo colonial. No lado direito havia um campo onde estava sendo realizada a festa. Há comidas á vontade, assim como bebidas, além de uma banda ao vivo tocando música bem animada. Se nota que o senhor Lawford gostava muito da minha irmã, fazia tudo por ela e olha como ela lhe pagou.

Mesmo com tanta comida, o meu apetite não apareceu. Meu pai pega a minha mão e obriga a me sentar. Pega um prato vai até a mesa onde está a comida e enche o prato com comida, volta para a mesa onde estou sentada e coloca o prato de comida na minha frente.

- "Pode comer tudo e pobre de ti se você vomitar, porque eu volto a fazer outro prato até parar algo em seu estômago." - ele ameaça me dando um olhar assassino.

- "Está bem eu vou comer...o que puder."

- "Nada do que puder, você vai comer tudo." - eu neguei com a cabeça, mas acabei comendo. Não posso negar que estava delicioso e que estava com fome.

Por volta das 2hs da manhã eu já não estava aguentando mais. Meus pés estavam doendo e o sono havia se instalado em meu corpo. Avistei o senhor Lawford bebendo com o capataz, acho que o seu nome é Edward. Ele me vê mas me ignora. Me aproximo deles. Um vento frio passa por toda a fazenda, fazendo com que o meu corpo tremesse. Faz um frio terrível e eu aqui com um vestido curto e uma jaqueta que não me aquecia.

- "Senhor Lawford, podemos conversar?" - pergunto enquanto o meu corpo treme de frio.

- "Nesse momento estou ocupado, mas se você precisar de algo procure Lara. Ela é minha governanta e meu braço direito, não se preocupe." - ele diz zombando de mim.

Idiota!

Procuro a senhora Lara e quando a encontro, digo a ela que preciso descansar. Me despeço dos meus pais e a sigo. Ela me leva até um quarto e quando abre a porta, eu fico surpresa. O quarto é muito luxuoso. Se nota que é bem o estilo da minha irmã, mas não é o meu.

Antes dela sair pergunto se há outro quarto, ela diz que sim mas que não está em condições, eu digo que não tem importância e então ela me leva até lá. Arrumo a cama e me deito.

Não tenho forças e nem vontade para tirar o vestido, nem desfazer o penteado. A única coisa que eu quero fazer é dormir e ver o que vai acontecer amanhã com o irritante senhor Lawford, meu marido.

Livro 1: Olhares de Amor (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora