Capítulo 11

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Pov. William

Continuo pensando no que eu vi. Minha mente divaga até uma bela mulher, usando uma lingerie preta, lábios carnudos e olhos azuis. Que merda está acontecendo comigo?

Chego na cozinha e posso ver que Alice também está lá, ela está usando uma calça jeans preta, camisa branca, uma jaqueta e botas também pretas. Ela está com o cabelo úmido. Não gostei disso, ela pode ficar doente.

- "Se você não secar esse cabelo, vai acabar ficando doente e eu não estou aqui para cuidar de um saco de vírus." - eu digo.

- "Não é algo que te interesse. Aliás se eu morresse você ficaria feliz..."

- "De que merda você está falando?" - eu grito.

- "Lara." - ela volta a me deixar de escanteio.

Como eu odeio isso.

- "Pode falar patroa." - Lara diz olhando pra ela e Alice suspira.

- "Você pode conseguir lençóis e cobertas limpas para arrumar a minha cama. Ontem eu não tinha nada para me cobrir."

Genial, ela vai continuar dormindo no quartinho.

- "Claro, não tem problema. Quando eu tiver tudo pronto, trago aqui ou deixo lá no quarto?"

- "No quarto, mas não arrume a cama. Só deixe lá, por favor." - ela diz, Lara assente e sai da cozinha.

- "Você vai continuar me dando gelo?"

- "Isso não deveria te importar? Segundo você, eu sou só uma mulher que se vendeu por dinheiro. Além do mais, você não confia em mim, da mesma forma que eu não confio em você." - ela diz de uma forma calma.

- "Pois você tem razão, por quanto você vendeu a sua virgindade?" - pergunto e eu vi ela se engasgar com o suco e tossir forte.

- "Do que você está falando?" - ela diz com a voz rouca.

- "Sua irmã disse que você perdeu a sua virgindade, não é melhor dizer que você vendeu a sua virgindade para comprar coisas que você nunca usou."

- "E você acreditou nela sem me conhecer? Você acreditou em uma mulher que fugiu com outro homem no dia do seu próprio casamento? Você acredita nela?" - eu a olho sem entender.

- "Ela fugiu com outro? Ela não foi embora por que acabou entrando em pânico?" - eu grunhi.

- "Sim, ela fugiu com outro. Eu menti. Menti para não fazer você se sentir pior do que já estava, mas a única que se deu mal nessa história fui eu."

- "Mas porque caralhos, você não me disse antes?"

- "Teria mudado alguma coisa saber desse detalhe?"

- "Não, mas..."

- "Mas o que? Estou farta disso. Estou farta de que todo mundo cobre de mim. Primeiro Helena e depois a minha irmã. Desde que cheguei nessa fazenda estou me sentindo mais sozinha do que nunca. Eu tive muito poucos amigos e perdi todos eles por culpa de Aline e das suas mentiras. E pelo visto com você também será o caso." - ela disse com voz quebrada.

- "Do que você está falando?" - eu pergunto mais calmo.

Sei que ela está me escondendo algo.

- "Estou falando que sempre estive sozinha. Se não fosse pelo meu pai ou por Dona Rita, o mais provável é que eu estivesse na rua. Minha mãe e minha irmã me odeiam, e parece tenho que te acrescentar a essa lista. Eu não sou o tipo de pessoas que faria o tipo de coisas que Aline fez, não poderia...acho que...tivesse sido...melhor ter...morrido...naquela vez...assim eu não seria...mas um problema...pra ninguém." - ela se levanta da mesa deixando o jantar intacto.

Eu saio atrás dela. Não havia me dado conta do quanto ela sofreu. Talvez Evan tenha razão, eu não sou o homem certo para ela mas uma parte de mim, não quer deixar ela ir.

Continuo caminhando até a entrada da casa e a vejo no chão de joelhos. Me aproximo devagar e sem que me diga algo ou me peça, a pego em meus braços e a aperto contra o meu peito.

No começo ela resiste e inclusive ela tenta me afastar, mas depois de alguns minutos ela acaba cedendo.

Sinto como o seu corpo se contrai por causa do choro que escapa do seu corpo. Eu apenas deixo que ela chore. Sei que não tenho sido a melhor pessoa com ela e agora me arrependo mais do que nunca do que fiz. Uns minutos depois o choro parou e só restaram os soluços.

- "Me perdoa por ter sido tão desprezível com você. Acreditei que você fosse igual a sua irmã mas agora eu me dei conta de que você não é. Você é diferente. Você é doce, inocente mas tem um gênio, que só Jesus na causa!" - eu sinto ela suspirar.

- "Eu te perdoo, mas com uma condição." - Alice diz num sussurro.

- "Qual?"

- "Não me machuque. Não quero que continue me machucando."

- "Eu te prometo, mas eu também quero algo em troca." - eu digo.

Ela se levanta e me olha diretamente nos olhos. Os seus olhos estão vermelhos e inchados. Ela também tem olheiras e está um pouco pálida. Não deixo que ela saia completamente dos meus braços.

- "Que coisa?"

- "Eu quero que você coma. Sei que durante a festa você comeu alguma coisa porque o seu pai te obrigou. Hoje de manhã, você comeu apenas frutas mas deixou as panquecas, não comeu nada o dia inteiro e agora, você só beliscou o jantar." - eu digo colocando uma mecha do seu cabelo atrás da sua orelha.

- "Eu sei. Mas quando passo por algum problema como esse, meu apetite desaparece. Por isso o meu pai estava comigo quando Helena e Aline me tratavam mal." - ela diz.

- "E porque elas faziam isso?"

- "Aline e eu somos filhas da mesma mãe mas temos pais diferentes. Segundo Helena, o pai de Aline é um grande fazendeiro mas nunca quis reconhecê-la como sua filha, em troca, eu sou filha de um simples trabalhador que com o tempo se tornou o prefeito mais querido e respeitado do povoado."

- "Então, pelas suas veias não correm o mesmo sangue que Aline?"

- "Só uma parte. Obviamente não a parte latente." - ela diz.

Sinto ela tremer e eu a abraço ainda mais.

- "Você está com frio?" - eu pergunto.

- "Um pouco, mas o seu abraço está me aquecendo." - ela diz e vejo a sua bochecha ganhar uma tonalidade rosa tão fofa.

Alice se acomoda e se agarra mais a mim. Com cuidado me levanto com ela em meus braços e entro em casa.

Chego na cozinha e a sento no seu lugar para que ela coma. Pouco a pouco a comida vai desaparecendo do seu prato e me sinto feliz por ela está comendo algo.

Por volta das 11 da noite fomos ir dormir, ela em seu quarto e eu no meu. Uma ideia louca se passa pela minha cabeça e antes que ela se despeça, eu digo.

- "Alice, você vai dormir comigo...em minha cama." - ela fica tensa dos pés a cabeça. - "Vamos só dormir. Somente enquanto reformamos o lugar que você quer como quarto." - eu digo.

- "Não sei Will...senhor. Eu nunca dormi com nenhum homem." - ela diz em voz baixa.

- "Você é...?"

- "Eu sou virgem." - ela diz e crava o seu olhar no chão.

Me surpreendo mas isso não importa. Pouco a pouco vou ganhar a confiança dela para poder fazê-la minha de corpo e alma.

Livro 1: Olhares de Amor (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora