Pov. Alice
Depois de usar o banheiro; coisa que eu precisava, voltei para a sala. Me sentei ao lado de William e o amigo dele me serve um copo de suco que realmente parece delicioso, mas algo chama a minha atenção.
No braço dele estava exatamente a mesma cicatriz que tinha o homem que estava tendo relações sexuais com minha irmã no consultório no médico do povoado.
Eu empalideci ao me dar conta de que o melhor amigo de William é o amante da minha irmã. Bebi um gole de suco para tentar dissimular que nada aconteceu.
Depois de uma hora escutando a conversa dos dois; a qual só escutei uma parte, chegou a hora de irmos embora desse lugar. Como posso contar isso para William? Ele vai acreditar em mim ou vai acreditar no homem o qual tem anos de amizade? Merda. Eu preciso de um abraço. Antes de continuarmos a viagem, eu tive uma ideia.
- "William..."
- "Sim?"
- "Posso me montar do outro jeito na cela?"
- "Se explique."
- "Em vez de ir observando a paisagem posso olhar pra você?" - sinto que as minhas bochechas queimam.
- "Sim, mas você está bem? Estou notando você estranha." - eu não estou bem.
Acabo de descobrir que o seu melhor amigo estava te traindo com a minha irmã. Eu digo a mim mesma.
- "Preciso de um abraço. Aliás, eu não me sinto bem. Quero dormir. Me desculpa por não ser uma boa companheira de negócios." - digo em um sussurro envergonhada. Não quero mais perguntas só um de um pouco de carinho.
- "Não tem problema. Isso é novo para você. Se você quiser podemos parar por aqui e voltar pra casa." - William diz pra mim.
Isso parece tentador, mas não quero que ele perca contratos ou clientes por minha culpa.
- "Não, você tem suas responsabilidades. Então, vamos continuar."
Ele me ajuda a subir no cavalo para ficar ao contrário de como eu vim antes. Depois ele sobe e eu me acomodo em seu peito. O calor que irradia do seu corpo é tranqüilizador, posso ouvir as batidas do seu coração, ele bate em um ritmo lento e tranquilo.
Coloca a minha mão em seus quadris para me segurar e a outra em sua perna. Sinto ele passar uma de suas mãos pelas minhas costas e me puxar mais para ele, Eu não me importei, só quero um pouco de tranquilidade e pensar em como vou contar para William tudo o que eu vi. Ou será melhor não dizer nada?
Me sinto tão confusa. O vai e vem do trote de Conde faz com que o sino chegue mais rápido e não me dou conta de quando fico adormecida.
Pov. William
Me dou conta de que Alice adormeceu, já que seu aperto em minha perna e quadris cederam. Continuamos pelo caminho que planejamos. Todo o seu corpo se encontra relaxado. Ela não está tensa como quando saímos da casa de Max. Se eu não tivesse a segurando, ela teria caído do cavalo, coisa que só de pensar me dá um calafrio.
- "O que aconteceu com a patroa?" - Edward perguntou.
- "Eu não disse para você ir na frente?"
- "Por Deus patrão, só restaram 30 cabeça de gado e os outros podem com isso. Não vai responder a minha pergunta?"
- "Não sei. Depois de ver Max ficou assim." - eu digo e sei que ele tem a mesma dúvida que eu.
- "É estranho. É como se lembra-se de algo que aconteceu antes."
- "Pode ser, mas não acho que seja isso. Eles nunca se falaram, pode ser que eles tenham se visto no povoado, mas nada além disso."
- "O melhor será deixá-la tranquila. Ela não teve dias bons ultimamente."
- "Vai continuar jogando isso na minha cara?"
- "Não sei. Só se passaram algumas horas desde que você deixou de lado a sua vingança. Você ainda está na minha lista negra, patrão. É melhor ter cuidado."
- "Você está me ameaçando?"
- "Tome isso como o senhor quiser, patrão. Só quero te dizer algo e espero que entenda. Ela é especial. Nesse povoado somente duas pessoas tem um como ela. Uma é Dona Rita a dona do atelier e a outra é uma mulher estrangeira, acho que era da Turquia. Eu só me lembro de uma mulher de pele branca e com os olhos azuis como os da patroa."
- "O que você está querendo me dizer?" - eu perguntei intrigado.
- "A verdade é que a patroa não se parece em nada com a sua mãe e irmã. E pelo o que se falou uma vez no povoado, o prefeito Evan esteve a ponto de deixar a sua mulher por uma estrangeira e não estranharia que essa mulher fosse a mãe de Alice..."
- "Porque você está me dizendo isso?"
- "Porque há uma maldição no sangue que corre pelas suas veias. Por isso ela usa dois amuletos em seu pescoço." - Edward indica o pescoço de Alice.
- "Que maldição?"
- "Se ela não encontrar o amor verdadeiro ou o amor verdadeiro a deixar, a morte a levará."
- "De onde você tirou isso?"
- "Patrão, essa região já foi habitada por indígenas e bruxos. Minha mãe é conhecedora da magia boa. Ela me disse muito antes, antes mesmo que acontecesse a traição de Aline, que a sua mulher seria como a patroa, mas que ela não podia ver um futuro entre os dois, já que aparecia um amor não correspondido e uma morte. Não sabia que essa morte seria por parte de sua família ou da família da patroa."
- "E você acha que eu vou acreditar nisso?"
- "Você pode não acreditar, mas eu acredito. É melhor prevenir do que remediar. Por isso eu acho que deram esses dois colares para a patroa. Talvez seja para parar a escuridão em um futuro que se aproxima."
- "Você ainda acredita que eu não posso chegar a amá-la?"
- "Eu agora acho ao contrário. Talvez você já ame ela, mas você é muito cabeça dura e ainda não vai reconhecer."
- "É claro que eu vou negar. Eu conheço ela há apenas dois dias. Como acha que eu posso está apaixonado por ela?"
- "Eu acredito em amor à primeira vista. E acho que você é uma dessas pessoas que se apaixonou dessa forma. O amor é assim patrão, é imprescindível."
- "É melhor você voltar para o seu lugar e não perca mais tempo falando besteiras." - eu grunhi.
- "Patrão não se irrite, só estou dizendo a verdade. E antes que você volte a ladrar, voltarei para a minha posição." - Edward se vai me deixando na dúvida.
Continuamos a nossa rota e durante todo o caminho não pude deixar de pensar no que Edward me disse. Alice filha de outra mulher? Maldição? Amor à primeira vista? Suspiro resignado, é impossível entender isso tudo.
Sinto Alice se mexer, mas não acorda. Ela volta a se acomodar, ficando mais perto de mim. Agora a sua cabeça fica na altura do meu pescoço e eu sinto o seu hálito quente bater em meu pescoço. A observo detalhadamente. Sorrio ao ver o quão bonita ela está.
Sinto alguém me olhando e quando levanto a cabeça vejo Edward sorrindo e olhando em minha direção. Eu o fulmino com o olhar, ele nega com a cabeça e volta para o seu trabalho. Ainda fica rondando algo em minha cabeça. Será que não existe um futuro para nós?
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Livro 1: Olhares de Amor (COMPLETO)
RomansaAlice Hawley é doce, inteligente, simples e abnegada. Aline Hawley interesseira, manipuladora, muito ambiciosa e bela, tem uma beleza falsa em comparação a sua irmã. William Lowford é um homem bonito, inteligente e dono da metade da região. Apaixona...