Capítulo 19

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Pov. William

Acordo e sinto que me falta algo. Abri lentamente os olhos e os pequenos raios de sol acariciava o meu rosto. Me sento na cama de maneira lenta. Observo o quartinho onde Alice dorme. Há móveis antigos que estavam no depósito eles foram limpos e envernizados. A janela foi arrumada e no canto há latas de tintas, pelo que vejo são seis no total. O que ela pensa em fazer?

Procuro Alice pelo quarto e me dou conta de que ela não está. Que horas são? Me levanto e caminho até o banheiro. Noto que o banheiro não foi usado e aí me lembrei que Lara disse que o banheiro está quebrado. É hora de deixar esse quarto cem por cento habitável, já que a senhorita obstinada ex-Hawley, agora senhora Lawford quer usar.

Vou para o meu quarto, tomo banho e troco de roupa. Hoje vai ser um longo dia de trabalho. Acho que terei que ficar o dia todo fora da fazenda, mas não posso levar Alice comigo. Ontem a noite, pensei no que Lara me disse, ela ainda não está acostumada a ficar durante horas cavalgando, como eu estou acostumado a ficar.

Desço as escadas para ir até a cozinha procurar um café da manhã de macho para poder começar o dia.

Entro na cozinha e eu rio por dentro, Alice está vestida com uma jardineira e uma blusa branca, está com uma sapatilha branca e um lenço amarrado na cabeça como se fosse uma tiara, quando se olha de longe parece orelhas de coelho. Parece tão doce e tão infantil.

- "Bom dia."

- "Bom dia." - respondem as duas mulheres que estão na cozinha.

- "Porque você está vestida assim?" - eu perguntei para Alice.

- "O que aconteceu foi que meu pai não veio e essa foi a única roupa limpa que restava na bolsa que ele trouxe." - ela disse envergonhada.

- "Você usa isso geralmente?"

- "Não, só quando ficava em casa trabalhando nos meus desenhos."

- "Desenhos?"

- "Eu gosto de desenhar roupas. Meu sonho era desenhar toda a minha roupa, mas eu não tinha a infraestrutura o suficiente, e muito menos insumos para isso. Helena nunca quis que tivéssemos um atelier ou um quarto de costura em casa." - ela disse de forma triste.

- "Mas aqui tem um quarto de costura, talvez você possa usá-lo." - Lara diz.

- "Pode ser. Porque tem latas de tintas no seu quarto?"

- "Quero pintar o quarto e poder dar o meu toque pessoal."

- "Por mim parece bom, aliás esse é o seu quarto."

- "Meu pai não veio. Estou muito preocupada." - ela disse.

- "Eu havia me esquecido, o senhor Hawley veio ontem de manhã. Ele passou para saber como você estava e ao não vê-la me disse que hoje não viria na parte da tarde. Ele tem estado ocupado com os supostos ladrões de gado." - Lara disse.

- "Ele continua com isso? Ele vai ficar feliz quando levar um tiro na cabeça. Ele não sabe no perigo que está se metendo. Esses homens são perigosos e não é porque ele é o prefeito do povoado que ele deve correr riscos desnecessários. Para isso é que serve a polícia." - Alice grunhiu.

- "Você acha que pode controlar o seu pai?" - eu a olho.

- "Não acho, ele é mais cabeça dura do que eu. Jamais vou ganhar essa batalha." - ela diz frustrada.

- "Você vai comigo para fazer negócios?"

- "Bem que eu gostaria, mas não posso. Minhas pernas ainda está doendo bastante. Acho que seria de mais ajuda aqui em casa." - ela diz.

- "Está bem, não vou te obrigar. Agora come o seu café da manhã."

- "Como você quiser senhor resmungão." - els diz enquanto coloca a mão em sua testa imitando um cumprimento militar. Lara ri e eu também.

Depois de terminar o café da manhã me despeço dela, dando um pequeno beijo em seus lábios, o que fez ela ruborizar e suspirar ao mesmo tempo. Subi no Conde e sai para dar início ao meu dia de trabalho

Pov. Alice

Depois de despedir de William para iniciar um novo dia de trabalho, busco uma bolsa e sigo ajudando Lara a com o saco de feijões. Na verdade é um trabalho lento e esgotador, acho que o mais lento será o saco de ervilhas.

Enquanto faço o meu trabalho, Lara começa com os preparativos para o almoço. Ela me conta que tem que fazer o almoço para todos os trabalhadores da fazenda, serão mais ou menos 250 trabalhadores. Lara fez três menus, dois para os trabalhadores e um para o patrão e Edward, e claro para mim e Lara.

Um empregado entra na cozinha e nos diz que o senhor Aguilar está na sala. Ele quer falar com William e segundo ele é urgente.

Eu fico tensa. Não quero ter esse homem perto de mim. Depois de me dar conta de que ele é amante da minha irmã e pior engana o seu melhor amigo, eu não confio nele.

Entro na sala para dizer que William não esta e segundo ele chegaria somente a tarde.

- "Você está sozinha em casa?" - ele diz me olhando.

- "Não tão sozinha. Tem cerca de cem trabalhadores rondando a casa grande, além de Lara que está na cozinha." - eu digo.

- "Você é realmente bonita, embora a sua irmã não ficava muito atrás. Só que ela era mais fácil..."

- "Há quanto tempo?" - eu perguntei sem exitar.

- "Há quanto tempo, o que?"

- "A quanto tempo você trai o seu melhor amigo com a minha irmã?" - pergunto, ele se surpreende mas depois me dá um olhar assassino que faz o meu corpo tremer de medo.

- "Há muito tempo. Eu conheci a sua irmã primeiro que ele. Claro, como eu não tinha tanto dinheiro quanto William, Aline ficou com ele, mas o meu querido amigo nunca a fez gozar como eu. Por isso ela me procurava."

- "Você é um imbecil!"

- "Olha garotinha, não me falte com respeito." - ele segura o meu braço com força e eu faço uma careta de dor.

- "Me solta!" - eu grunhi.

- "E se eu não quiser, o que você vai fazer?"

- "Você não gostaria de averiguar."

' "Garotinhas como você me faz rir. Embora eu tenha uma dúvida na cama, será que você é tão boa quanto a sua irmã?"

- "Como você se atreve. Você é um idiota, pouco homem!" - sua mão sobe para a minha garganta.

- "Não me irrite mais. Posso ser muito mal quando quero."

Começa a me faltar o ar, por causa do alerto desta mão. Ele coloca um dedo em minha boca e eu aproveito para morder forte o seu dedo. Ele grita e me solta.

- "Maldita, filha da outra!" - ele grunhiu.

- "LARA...LARA...ME AJUDA."

Sinto uma mão cobrir a minha boca. Depois um forte ardor em minha boca. O desgraçado me bateu. Ele me asfixia com o seu corpo. É um mastodonte cheio de músculos que pesam muito para mim.

- "Cale a boca, sua cachorra. Você vai me pagar!"

Sinto a sua mão entrar por baixo da minha jardineira em direção a minha calcinha. Meus olhos se nublam por causa das lágrimas.

Fecho os meus olhos pensando no pior. Passam vários minutos e não sinto nada. Abro os olhos e vejo Lara parada com o rolo de macarrão na mão, ela está com uma mão na boca para conter o grito. Olho para o chão e vejo Max estendido no chão inconsistente.

Corri em direção de Lara e me escondo nos seus braços e choro. Onde está William quando eu mais preciso dele?

Livro 1: Olhares de Amor (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora