O corvo

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"A virtude, tal como os corvos, aninha-se nas ruínas"

- Anatole France


Fugir de casa na calada da noite nunca passou pela cabeça de Ava Sophia Osborn. Ela não era rebelde que desobedecia aos pais, essa característica era de Freya, mas, após receber uma ligação urgente de Zoe, não teve outra escolha se não sair pela janela de seu quarto. Não foi difícil afinal o pai dela, George, estava trancado no escritório da casa trabalhando e a mãe ainda não tinha voltado da prefeitura, porém precisava evitar o barulho e qualquer passo que dava na casa, gerava um rangido que poderia ser ouvido e seu pai não a deixaria sair.

Pulou o pequeno muro dos fundos dos Blackwell e se abaixou atrás de um arbusto quando viu Derek na janela da cozinha conversando no telefone. Quando ele se afastou, a garota foi em direção à escada posta embaixo da janela do quarto das gêmeas. Teria sido mais fácil para Ava usar magia e fazer as plantas do jardim se transformarem em uma escada, mas a casa dos Blackwell era repleta de feitiços de proteção e Roland podia sentir o feitiço mais simples que fosse no território da sua casa.

─ Finalmente ─ disse Zoe sorrindo e a puxando para cima.

─ Odeio quando vocês me fazem fugir de casa ─ ela reclamou ofegante.

O quarto estava parecendo uma zona de guerra, livros e roupas levitavam pelo lugar indo para seus respectivos lugares. Freya estava sentada ao lado de James que mexia freneticamente no notebook.

─ O que está acontecendo? ─ perguntou.

─ Reunião da Irmandade ─ respondeu James. ─ Sua mãe está aqui. Quando passei pelo escritório do pai, os ouvi conversando.

─ James está tentando entrar na câmera de vigilância do escritório ─ completou Freya levantando os óculos que caiam.

─ Vocês instalaram uma câmera de vigilância? ─ perguntou pasma.

Os três irmãos deram de ombros simultaneamente.

─ Fui eu que instalei na verdade ─ disse James. ─ Gosto de receber os créditos de um trabalho meu.

─ E eu coloquei um feitiço de camuflagem ─ completou Zoe. ─ O pai é um ótimo bruxo, mas não consegue detectar meus feitiços.

A imagem de Roland e Isla apareceu na tela do notebook. Ava era a versão mais jovem de sua mãe, cabelos loiros ondulados e olhos azuis da mesma cor dos dela.

Roland era o primogênito de Blair La Fontaine e Jared Blackwell e um dos líderes da Irmandade da Rosa Mística, uma associação de bruxos que impedia que os humanos soubessem da existência de criaturas sobrenaturais. Ele era um homem de meia idade com cabelos castanhos bem escuros assim como os olhos e possuía grossas cicatrizes que começavam na bochecha e terminavam no pescoço. A causa das cicatrizes era desconhecida até pelos filhos dele.

─ Eles estão conversando com alguém pelo computador ─ disse James retirando os fones de ouvido. ─ Acho que é com tio Evan.

Ava puxou uma cadeira e se aproximou para ouvir a conversa.

─ Deve contar a verdade para a sua filha, Evan ─ disse Isla

─ Estão falando de Callie ─ disse Zoe.

─ Vou contar no momento que achar adequado ─ a voz de Evan Woodley soou amarga. ─ Phoebe deu a vida para que Callie tivesse uma vida normal.

─ Evan, seja sensato ─ replicou Roland. ─ Principalmente agora, com membros do conselho de Salém e Nova Orleans, questionando nossa liderança.

As Crônicas de Darkwood - A origem da Magia (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora