"OS HOMENS TÍMIDOS PREFEREM A CALMARIA DO DESPOTISMO AO MAR TEMPESTUOSO DA LIBERDADE"
- THOMAS JEFFERSON
Callie havia acordado em um lugar estranho. Quando tentou se levantar, dores terríveis tomaram conta de seu corpo fazendo com que continuasse deitada em um sofá de couro preto.
Olhou para os lados e viu Thomas dormindo em uma poltrona de couro branco, próximo a ela. Aproveitou para analisá-lo, o rosto dele tinha uma expressão de medo e angustia.
─ Mamãe... ─ ele sussurrou.
O coração dela se apertou, não era a única que tinha sonhos com a falecida mãe.
─ Thomas ─ ela o chamou fazendo com que ele se levantasse em um salto. ─ Desculpe, não quis te assustar.
Ele não disse nada, apenas se aproximou e lhe deu um beijo na testa.
─ Fique deitada, Callie ─ disse. ─ Eu já volto.
Claro que ela não obedeceu e tentou mais uma vez se sentar, só que dessa vez teve sucesso apesar das dores em seu corpo. Ela estava em uma sala de estar muito elegante, a maioria dos móveis era feita de mogno negro que fazia um perfeito contraste com as paredes brancas.
Ela observou o fogo crepitar na lareira e acima existia um retrato que chamou sua atenção com a foto de quatro crianças risonhas. Reconheceu Freya e Zoe de imediato. Freya segurava um garotinho no colo que não deveria ter mais do que dois anos na época da foto, James.
E ao lado de Zoe estava um garoto mais velho, Derek. Na época ele usava óculos redondos que chamavam a atenção para seus incríveis olhos cor de carvão.
─ Callie ─ se virou e viu Gwen parada com os braços cruzados. ─ Deveria estar deitada.
Evan apareceu atrás com Thomas ao seu lado. Ele estava com olheiras profundas abaixo de seus olhos, parecia que não dormia há dias.
─ Ela é teimosa igual à Phoebe, mãe ─ disse Evan sentando-se de frente para ela. ─ Lembra como Phoebe e eu discutíamos?
Gwen revirou os olhos e se sentou ao lado de Callie. Evan a observava com atenção, o que fazia Callie se sentir nervosa. Os seus braços começaram a queimar e ela soltou um gemido de dor.
─ O que está sentindo, Callie? ─ perguntou Gwen.
─ Meus braços estão queimando e meu corpo está dolorido. ─ respondeu.
A mulher tocou a testa dela com os dedos esguios e começou a sussurrar alguma coisa em uma língua desconhecida que Callie não conseguia identificar. As dores que sentia começaram a amenizar até sumirem totalmente.
Isso a fez se lembrar de quando era criança e Anastácia cuidava dos machucados que fazia brincando no parque da escola que estudava.
─ Melhorou? ─ perguntou.
Ela assentiu.
─ Hora de uma história, Calliandra ─ começou Evan. ─ Você se lembra daquela história que Thomas lhe contou sobre nossa cidade ter sido criada como um refúgio para as famílias que conseguiram fugir da caça às bruxas de Salém?
Ela assentiu sentindo um nó formando em sua garganta.
─ Os juízes que condenaram aquelas mulheres à fogueira ou para serem enforcadas não estavam errados, elas eram bruxas assim como suas famílias ─ prosseguiu ele. ─ Os bruxos e bruxas usavam sua magia e suas habilidades com os mais variados tipos de ervas para ajudar crianças, idosos e mulheres doentes. Como os humanos sempre sentiram medo daquilo que não conhecem, julgaram as ações das bruxas como sendo práticas satânicas.
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As Crônicas de Darkwood - A origem da Magia (CONCLUÍDA)
General FictionCalliandra Elizabeth Woodley, sempre se considerou uma garota normal, com um nome um tanto peculiar. Callie, vivia com sua mãe e sua avó, depois que seus pais se separaram, até que um dia sua casa é consumida por um incêndio e ela acabou perdendo as...