A Princesa [degustação]

Não entre em pânico

Um mês.

Apenas um mês.

Pensar sobre isso fazia com que Marie sentisse sua cabeça latejar constantemente. O seu aniversário era como um borrão em sua mente desde que saiu do escritório acompanhada por Devon Black. O seu demoníaco noivo. Ele não esboçava emoção, o que a fazia perder a paciência. Ele nem ao menos sorriu ao posar ao seu lado para uma das jornalistas. Devon sempre manteve uma expressão tediosa na face.

― Ele ficou agindo como se eu estivesse obrigando ele a se casar – Resmungou, incrédula ao fechar os olhos por alguns instantes, apreciando o conforto de sua cama. Já fazia dois dias que seu aniversário havia passado, e ela continuava no quarto. Marie se viu esboçando todo o seu ressentimento pela sua família, pela primeira vez, mas ainda assim sabia que deveria confrontar o seu pai e seu irmão. Ela precisava mostrar a eles o erro que haviam cometido ao entrega-la a um completo desconhecido. – Mas quem é ele afinal?- Se levantou, sentando na cama, pegando o celular na cômoda. Colocou o nome de Devon para ser pesquisado e não demorou para aparecer muitos resultados. – Devon Black, o homem com passado desconhecido que continua a encantar os homens de negócios de todo o mundo – Leu em voz alta atenta a toda informação que conseguiu obter. Seu noivo havia surgido, literalmente, como um demônio invocado oito anos atrás. Antes disso, ninguém jamais havia escutado ou lido algo sobre ele. Ele era um tipo de fantasma. Ao passar as paginas encontrou foto dele ao lado de modelos, atrizes e mulheres de negócios. Todas altas, esguias, ricas e sorridentes. – Ele deve ser algum tipo de golpista. – Colocou o celular de lado ao suspirar. Saiu da cama, respirando fundo assim que seus pés tocaram o chão e foi em direção ao banheiro. Ela estava pronta para tirar satisfação com sua família.

***
Todos que olhavam para a princesa Marie andando pelo palácio com seu vestido azul, suspiraram diante de sua elegância. Ela mantinha a sua cabeça erguida mesmo que sua vontade fosse gritar a todos a realidade. Ela estava sendo forçada a se casar com um completo estranho.

Continuou andando com o semblante fechado até parar em frente ao escritório de seu pai, e pela primeira vez, bateu apenas uma única vez na porta. Escutou a sua voz permitindo a entrada, e ao abrir a porta deparou-se com Pierre sentado confortável na cadeira em frente a mesa segurando uma xicara de chá com um sorriso na face, enquanto seu pai mantinha um semblante cansado.

― Minha querida – Rei Robert disse ao se levantar, abruptamente – Não fez a nossa batida.

― Acho que é um pouco tarde demais para isso, não é? – Marie falou ao cruzar os braços em frente ao seu corpo. – Batidas que supostamente aumentam a nossa conexão como pai e filha. Como uma família que se apoia e onde podemos confiar um no outro. – Sorriu sem vontade. – Percebi que não tenho isso aqui. E exijo saber o motivo desse casamento.

Pierre olhou para a sua irmã com uma expressão tediosa ao dar de ombros. Ele não se importava com nada agora que seus planos estavam seguindo o rumo que desejava, mas ao olhar para o seu pai, praguejou ao ver a face culpada.

― Não acha que está exagerando? – Pierre perguntou ao colocar a xicara em cima da mesa e olhar para sua irmã – Está reclamando sobre um casamento muito vantajoso para você.

― Então se case com ele, se acho que ele é um bom partido. Não lembro de ter pedido por isso. Eu tenho meus próprios planos.

― Quais são? – A forma como Pierre perguntou, repleta de escarnio fez Marie perder a cabeça ao avançar em sua direção e puxar o seu cabelo ao parar ao seu lado. – Solte! – Gritou. Desde pequena, Marie tinha a tendência a perder a cabeça e o atacar daquela forma. – Pare de se comportar como um bicho.