CAPITULO 8
Um bairro pitoresco.
Foi o que Marie pensou assim que o taxi parou em frente a um edifício cinza com porteiro na frente. O local onde estava era repleto de edifícios, não havia arvores ou parques na proximidade, o que fez surgir uma careta em sua face. Ela estava acostumada a ter algum elemento da natureza próximo, como arvores ou parques. Saiu do taxi acompanhando Devon e esperou que as malas fossem retiradas do porta-malas.
― É aqui que eu moro – Devon disse friamente ao olhar para o edifício a sua frente, enquanto Marie apenas assentiu ao pegar suas malas e seguir em direção a entrada com ele logo atrás. – Tomas, esta é Marie, minha esposa – Devon falou ao porteiro, o qual sorriu entusiasmado ao felicita-los sendo recebido com um sorriso gentil da princesa, contudo Devon viu a cena com perplexidade. Após passarem pelo portão seguiram para a área comum, a qual dava acesso ao elevador. – Parece que consegue ser educada – Comentou assim que parou ao seu lado. – Fiquei surpreso por ter falado com o porteiro.
Marie suspirou ao encará-lo esboçando toda a sua impaciência através de sua expressão. Ela estava cansada demais para brigar com ele e emocionalmente exausta, se viu percebendo.
― Imagino que tenha lhe dado alguma demonstração de falta de educação para ter pensado isso sobre mim. – Devon olhou para o lado, ligeiramente constrangido. – Sou uma pessoa educada, e por mais que queira me ver como um monstro, eu não sou, sinto lhe desapontar. – Devon abriu a boca para responder, contudo o som do elevador chegando fez com que se calasse, e pela primeira vez se viu indagando se não estava cometendo algum erro ao julgá-la daquela forma.
Não estou.
Decidiu assim que a viu entrar no elevador com suas malas e desviar o olhar do espelho. Nada falaram até o elevador parar no sétimo andar, e Devon sair do elevador acompanhado pela sua esposa, a qual mantinha atenção a sua volta. O sétimo andar possuía dois apartamentos além do dele.
Marie tentou manter uma expressão neutra, pois imaginara que ele morava na cobertura ou em um apartamento com tamanho considerável, porém assim que ele abriu a porta, ela viu a verdade. O apartamento de Devon Black era pequeno. Ridicularmente pequeno para um bilionário.
― Quantos quartos? – Marie se viu indagando consciente de que a probabilidade de ter mais de um ser pequena.
― Apenas um – Ele respondeu friamente ao lhe olhar antes de desviar o olhar para a sala de estar. O apartamento dele possuía uma varanda conectada a sala de estar, a cozinha tinha o conceito aberto e seus armários pretos davam um ar elegante ao cômodo assim como o balcão em mármore escuro.
― Então vamos dividir o quarto – Ela falou em voz alta desejando que ele negasse, mas Devon deu de ombros, como se a situação não se importasse.
― Se isso a fizer se sentir melhor, não estarei aqui por algum tempo – Ele falou com descaso.
― Você é um belo cretino, sabia disso? – Marie se viu gritando, ao perceber o quanto estivera controlada. – Aceitou se casar comigo em troca de dinheiro e um acordo comercial, e agora age como se estivesse me fazendo um favor. Além de tudo, é mão de vaca.
― Mão de vaca? – Repetiu, surpreendido. Aquela era a primeira vez que alguém o chamava daquela forma.
― Sim. Olhe, eu entendo que não goste de gastar dinheiro, mas seu comportamento não tem sentido. E vive me olhando de cima, como se eu fosse inferior por ter nascido em uma família com dinheiro. Nascer naquela família não foi minha culpa, culpe a Deus, se quiser. – Grunhiu ao passar a mão pelos cabelos, nervosamente, bagunçando-os. – Não se atreva a me tocar.
― Não tenho motivos para isso – Respondeu frio com um sorriso de lado. – Nunca precisei forçar uma mulher a se despir para mim, e acredite esta não será a primeira vez. E antes que se esqueça, também aceitou este casamento em seu próprio beneficio.
― Eu só.... – Calou-se sem conseguir reunir coragem para admitir que se casou, pois foi condicionada a sua vida toda para seguir as ordens e pedidos de seu pai, e quando finalmente estava prestes a tomar controle de sua vida com o dinheiro que sua mãe havia lhe deixado, o seu pai alterou tudo em seu próprio beneficio. Ela sempre havia desejado mais, mas nunca conseguiu ter. – Sim, você está certo – Admitiu – Mas isso não lhe dá o direito de agir desta forma. Sou sua esposa e a princesa da França, deveria ao menos me tratar com respeito. – O modo elegante como se portou e o encarou fez com que Devon concordasse, pois por mais que desejasse esquecer, a mulher a sua frente era uma princesa. Para Devon, aquele titulo era um símbolo vazio que nada lhe serviria mais.
― E quando faltei ao respeito? Estou curioso. - Ela semicerrou os olhos antes de desviar. – Parece que nem você sabe, princesa – Sorriu – Vou lhe mostrar o quarto – Passou por ela indo em direção a um corredor pequeno que dava acesso a três portas. Abriu a segunda da direita dando a visão do seu quarto.
Os quadros na parede cinza foi a primeira coisa que chamou a atenção de Marie no quarto de Devon, a cama dele estava coberta por uma coberta preta e branca, possuía duas cômodas ao lado da cama além de duas portas próxima a janela. Ele abriu uma porta que dava acesso ao closet e a outra que dava acesso a suíte. Uma parte do closet já sido esvaziado para os pertences dela.
― Tem um escritório aqui e um banheiro nas outras duas portas – Esclareceu ao olhar para a sua cama desejando poder dormir – Pode arrumar suas coisas no closet. Tem alguma dúvida?
― Preciso das chaves – Resmungou como uma criança ao ver o modo que ele a encarava. Devon conseguia intimidar a princesa quando agia de forma indiferente, ignorando-a. Ela passara muitos anos sendo ignorada pelas pessoas, as quais tinham olhos apenas para o seu irmão.
― Certo – Retirou a chave de seu chaveiro e estendeu para ela – Minha secretária vai me entregar a cópia quando a encontrar no aeroporto de qualquer forma.
― Não sabe quando volta, certo? – Ele assentiu.
― Aproveite o tempo para conhecer a cidade, caso precise de dinheiro basta ligar para mim ou Jean. – Ela piscou. – Minha secretária virá lhe entregar todos os números onde poderá me encontrar. Irei para China e em seguida para Suécia, se tiver algum problema poderá me achar fácil.
― Eu ficarei bem – Determinou orgulhosa ao erguer o nariz.
―Espero que sim – Respondeu ao entrar no closet separando roupas que deveria levar para sua nova viagem, e ao sentir a presença dela atrás de si, virou-se. Marie mantinha a cabeça baixa, encarando seus próprios pés, e por um segundo, ele não reconheceu a orgulhosa e atrevida princesa.
― Provavelmente não sou a pessoa que você imagina, então... – Respirou fundo – Me dê uma chance para provar isso.
― Não precisa provar nada para ninguém, e muito menos para mim, mas se quiser mudar algo faça por você – Declarou antes de se virar e retornar a sua arrumação. Ele não a escutou sair, mas quando se virou estava sozinho.
Marie saiu do quarto, se dirigindo para a varanda, onde permaneceu até Devon sair do apartamento.
― Me sinto cada vez mais sozinha – Sorriu sozinha diante de sua realidade antes de ir para a sala, e se sentar no sofá. Ela não sabia o que deveria fazer agora.
CONTINUA...
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A Princesa [degustação]
RomanceO que você estaria disposto a fazer pela sua nação? A vida da segunda princesa da França, Marie Juliete Orleans, sempre havia sido perfeita até o momento em que o seu irmão, o príncipe herdeiro Pierre, a apresenta para Devon Black em seu aniversár...