O estranho biolionário

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CAPITULO 6

Casados.

Apenas a palavra foi responsável por fazer Marie arregalar seus olhos ao encarar Devon, o qual permanecia parado em sua frente, a olhando. Ele mantinha seus braços rentes ao corpo, enquanto seus lábios estavam entreabertos.

― Deve conseguir achar um quarto para você. – Ela se viu falando ao desviar o olhar ao engolir em seco. Seus olhos ficaram fixos em um ponto aleatório do corredor, enquanto tentava ignorar a presença do homem a sua frente. – É um bilionário, certo? Tenho certeza que consegue pagar um quarto.

Marie viu os sapatos dele se aproximando, ficando tentada a fugir quando sentiu a sua mão tocar em seu rosto, forçando-a a encará-lo. Ele havia se abaixado permanecendo, quase, de sua altura.

― Estou te dando uma chance, então aceite e pare de ser mimada. – Avisou ao encará-la friamente. Seus olhos não desviavam, em um desafio silencioso. – Levante e pare de agir como uma princesa. A partir de agora é minha esposa. – A frieza de suas palavras assemelhavam-se a cortes infligidos em sua pele. – Levante, não falarei outra vez. – Devon a soltou, levantando-se em seguida.

― Se não, o quê? – A pergunta atrevida acompanhada por um sorriso de escarnio foi o suficiente para que o bilionário suspirasse.

― Vai dormir nesse corredor. Já deixei ordens na recepção para que não lhe entreguem uma chave extra. E ninguém vai coloca-la para dormir em outro quarto. Precisa compreender que sou a sua única esperança. Você tem apenas a mim agora, e quanto mais cedo compreender, melhor.

― Não pode estar falando sério. – Marie sussurrou ao erguer o rosto. Cada vez que olhava para Devon, enxergava alguém distante de sua realidade. – Eu sempre serei uma princesa e não pode fazer tudo isso comigo, só por desejar. Sou uma pessoa.

― Nunca disse que era um animal.

―Disse que eu dormiria aqui no corredor.

― Se não parasse de agir como uma princesa mimada – Respirou fundo ao apontar para o cartão magnético. – Estou cansado e você parece destruída, apenas faça de uma vez. – Os lábios de Marie tremeram assim como suas mãos ao pegar o cartão magnético. Ela se repudiou no instante em que levantou, encarando Devon. A vontade que sentia era de esmurrar o homem a sua frente e infligir nele toda a dor que sentia, porém resignou-se a passar por ele e abrir a porta da suíte.

No momento em que Devon entrou no quarto, Marie sentiu o cômodo menor. A presença dele a fez recuar.

― Não precisa se preocupar, afinal crianças não fazem o meu tipo. – Deu de ombros ao retirar o paletó jogando-o no chão, desafivelar o cinto e por fim, desabotoar a camisa social. Ele não se dignificou a olhar para a princesa ao avançar para o sofá, e se deitar. – Vamos para a América amanhã. O voo sai as nove da manha, então esteja pronta as seis.

― Não tem um jato particular? – A pergunta feita com simplicidade fez com que ele revirasse os olhos. – Todos os bilionários possuem um até meu pai tem um jato a sua disposição, podemos usá-lo.

― Acho que não entendeu, Marie Juliette. – A voz de Devon denunciava todo o cansaço que sentia – Não tenho jato particular, não pegarei o jato de sua família e não me importo com o que pensa em relação a isso. Vamos em um voo comercial, e deveria ser grata por ir de primeira classe. Meu dinheiro não cresce em arvores. Agora vá dormir.

Que droga é essa?

Foi a única coisa em que Marie conseguiu pensar ao olhar pra Devon deitado desleixado no sofá. O sofá que conseguia ser menos do que ele. Suas pernas estavam para fora e ainda assim, ele não parecia se importar.

Ele tem problemas financeiros? Se for isso, por qual motivo me entregaram a ele?

Questionou-se ao levar o dedo até seus lábios, mordiscando-o. A cada segundo, o motivo de ter sido entregue a ele se tornava mais confuso e nebuloso.

Suspirou ao ir em direção a cama, recordando-se dos botões na parte traseira do vestido. Ela jamais os conseguiria retirar sozinha. Praguejou baixo ao olhar em direção a ele.

― Não consigo fazer isso sozinha. – Disse alto para chamar a sua atenção, mas ele continuou deitado. – Ei, estou falando com você – Falou mais alto ao se aproximar do sofá a passos pesados, cutucando o seu ombro, sem conseguir acordá-lo. – Quando dorme parece que está morto. Maravilha.

Virou-se em direção a cama, resmungando antes de se deitar com o vestido volumoso e incomodo.

***
O som de gritos em outro idioma fez com que Marie abrisse os olhos em meio ao resmungo, sem conseguir enxergar tudo com facilidade por alguns segundos. Quando seus olhos se acostumaram, ela sentou na cama e olhou para a frente. Devon usava apenas a sua calça enquanto falava no celular em mandarim. Ele gritava a plenos pulmões, o que a fez erguer uma sobrancelha.

Seu olhar se voltou para o relógio ao lado da cama, reprimindo um resmungo ao ver o horário. Quase cinco da manhã.

Demônio.

Ela pensou antes de deitar novamente sem conseguir ao menos fechar os olhos. O tom de voz dela, a fazia imaginar muitas coisas, principalmente sobre como seria a sua vida quando fosse morar com ele.

Talvez eu possa fazer um acordo e morar aqui. Não precisamos morar no mesmo lugar.

O simples pensamento a fez sorrir, imaginando a sua vitória, sentando na cama novamente, contudo se deparou com o olhar frio de Devon em sua direção. Ela se viu hipnotizada pelo corpo dele. Seu abdômen extremamente definido, seus braços fortes com algumas cicatrizes e seu tórax, a fez engolir em seco.

Aquela era a primeira vez vendo um homem como ele.

Marie não conseguiu piscar e nem desviar os olhos, nem mesmo quando ele desligou o celular e andou em sua direção parando ao lado da cama. Seus olhos acompanharam cada movimento que ele fez.

― Por que não pegou uma roupa para dormir? -A pergunta dele a fez sair do transe e responder que não conseguiu acordá-lo para ajudar com o vestido. E ele não hesitou ao tocar em seu ombro e a virar de costas para ele. Habilmente, Devon desabotoou os botões perolados até abaixo de sua cintura ignorando o modo como a respiração dela se tornou ofegante. – Deve conseguir tirar agora. – Se afastou ao retornar para o sofá. – Vou fazer mais algumas ligações, seria melhor se arrumar. Não podemos perder o voo. – Marie assentiu sem conseguir falar nada ao segurar o corpete de seu vestido para ele não cair. 

CONTINUA....

A Princesa [degustação]Onde histórias criam vida. Descubra agora