Capítulo 3

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Já havia se passado mais ou menos uma semana em que eu tive aquela conversa meio estranha no quarto de Ruggero quando dormi lá, todo esse tempo ele apenas me ignorou na maior parte do tempo e quando eu conseguia conversar tranquilamente com ele indo direto a aquele assunto, ele ficava tenso e fugia novamente.

Como odeio isso. Saí do closet pegando minha mochila e descendo para a cozinha. Ele estava de costas para a porta apoiado na mesa que ficava no centro da cozinha enquanto meus pais tomavam o café da manhã e sorriram assim que me viram.

— Bom dia. – falei indo até a geladeira que ficava por trás da mesa, recebi um “bom dia” dos meus pais também que se viraram rapidamente e voltaram à posição normal.

Analisei a geladeira e me inclinei para pegar uma maçã, o nó no saco estava muito apertado, então demorei longos segundos para conseguir retirar a maçã. Voltei à postura normal e fechei a geladeira, me virei rapidamente encontrando os olhos de Ruggero em meu corpo e sua boca entreaberta, levei as mãos até a saia abaixando um pouco mais enquanto tentava reprimir o sorriso no rosto, o olhar de Rugge se encontrou com os meus, ele pigarreou desviando o olhar. Revirei os olhos.

— Estou atrasada, tenho que ir! – falei saindo da cozinha e dando uma mordida na maçã.

— Espere para ir com seu irmão filha, ele já está terminando. – papai falou, ele odiava que eu andasse sozinha por aí.

— Não precisa pai. – falei enquanto pegava minha mochila que joguei no sofá. – Pego o ônibus.

— Nem pensar. – me respondeu, olhou para Ruggero e pareceu resmungar algo. Meu irmão bufou e se levantou vindo até meu lado e pegando sua mochila que também estava no sofá.

— Vamos. – falou, o acompanhei até a garagem e o esperei tirar seu carro.
O caminho para a escola foi tranquilo e estranho, Ruggero dirigia atento e eu me mantive em silêncio todo o trajeto.

— Obrigada. – murmurei, desci do carro e esperei por ele como fazíamos diariamente.

Caminhamos juntos até a entrada do colégio que já estava cheia de alunos, permanecemos em silêncio e isso estava me incomodando muito porque eu e Rugge não somos realmente assim. E ele estava estranho.

Assim que chegamos, encontrei Valu e Mike conversando. Sorri caminhando até eles e abracei Mike com força. Eu estava realmente com saudade, ele havia faltado à semana toda, pois estava doente.

— Senti saudades. – ele murmurou beijando meu pescoço. Sorri.

— Eu também – o fitei. – Você está melhor?

— Estou sim. – ele me puxou para si. Olhei para o lado vendo Rugge me encarar, e pela sua cara ele não estava nada contente.

Ao perceber que eu o olhava, virou o rosto e saiu com sua turminha de amigos. Fizemos o mesmo já que o sinal havia tocado.

— Aconteceu algo entre vocês dois? – Valentina perguntou baixinho.

A olhei, eu não sei se eu deveria realmente contar sobre o que aconteceu comigo e o Ruggero, eu tinha vergonha e sei que ele negaria. Não quero ficar taxada de mentirosa.

— Não sei, ele só está estranho. – falei.

— Te vejo no refeitório, gatinha. – Mike selou meus lábios e foi para a sua turma que era a mesma do Rugge.

Eu e Valu sentamos em nossos lugares. As aulas passaram lentamente, estava realmente muito entediante.

O intervalo também foi uma chatice. Uma garota que estuda comigo, Carolina Kopelioff, havia sentado conosco e passou o tempo todo perguntando coisas sobre o Ruggero, não que eu me importasse, mas estava ficando chato.

Depois de mais duas aulas, finalmente chegou a hora de ir para casa. Esperei os alunos saírem e fui com Valentina até o estacionamento, mas Ruggero não estava lá me esperando e o pior é que seu carro também não.

Ele foi embora e nem me esperou.

Bufei irritada. — O Rugge não me esperou hoje. – falei.

— Eu posso te deixar em casa amiga. – ela falou.

— Obrigada. – fomos até seu carro. Fui todo o caminho calada só pensando em que palavras eu usaria para gritar com Ruggero por ele não ter me esperado.

— Chegamos. – Valu sorriu.

— Você é um anjo! – falei beijando seu rosto e me despedindo.

Entrei em casa, mas ele não havia chegado. Achei estranho, fui almoçar e logo subi para meu quarto.

Enquanto eu estava deitada na cama de barriga folheando uma revista qualquer, ouvi a porta se abrir. Virei o rosto avistando o Ruggero, revirei os olhos e voltei à atenção para minha revista, não queria falar com ele.

— Karol? – me chamou. — Poderia falar comigo? – falou irritado. Ele sabia que eu estava chateada.

— O que você quer hein? – perguntei me sentando na cama e encarando seu rosto.

— Por que está assim? – se aproximou.

— Você não me esperou hoje Rugge, poderia ter pelo menos avisado.

— Desculpa, precisei sair – me olhou enquanto sentada ao meu lado. — Posso te perguntar uma coisa?

— Pode.

— O que está rolando entre você e o Michael? – o fitei com a sobrancelha erguida. — Vocês estão namorando?

— Ainda não, mas sei que isso está perto de acontecer e logo em seguida aquilo também. – me referi ao sexo, Ruggero prometeu que me ajudaria e ainda não fez nada.

Mesmo parecendo não ter gostado, ele continuou a falar.

— Eu não te esperei porque fui comprar isso. – ele mostrou o livro em suas mãos. — Se chama Kama Sutra.

Peguei o livro e abri encontrando diversas ilustrações de casais fazendo posições sexuais variadas. Arregalei os olhos.

— Você agora tem que me prometer uma coisa.

— O que?

— Você só irá namorar o Michael quando eu te ensinar todas as posições possíveis que contém nesse livro.

𝗡𝘂𝗲𝘀𝘁𝗿𝗼 𝗦𝗲𝗰𝗿𝗲𝘁𝗼Onde histórias criam vida. Descubra agora