“Você não é nossa filha” essa frase se repetia em minha mente a todo segundo me deixando perdida, como se tudo que eu tivesse vivido não passasse de uma mentira. Eu me sentia péssima por saber que aqueles que eu chamei de pai e mãe na verdade não eram nada meus, e me senti traída por me esconderem isso durante todo esse tempo. Será que o Ruggero também sabia? Talvez por isso ele me beijasse daquele jeito? Por saber que nunca fomos irmãos?
Eu queria correr, me esconder e chorar, gritar até que esse vazio que estou sentindo passasse, mas eu precisava ser forte e continuar ali para saber a verdade, para saber quem são meus pais.
Só percebi então que estava chorando, comecei a soluçar e senti a mão dele em meu ombro me tranquilizando e pedindo para que eu me acalmasse.
- Tira a mão de mim – falei me afastando e enxugando o rosto. Fico perturbada só em imaginar Ruggero me escondendo tudo isso.
- Calma minha filha, não fique assim – mamãe disse paciente.
- Como não? Depois de anos vocês me contam isso e esperam que eu fique bem e aceite sem problemas? – tapei o rosto sentindo que não conseguiria encara-los no momento. – Quem são eles? Por favor, eu tenho o direito de conhecê-los.
- Sempre temi por esse dia – Bruno suspirou e puxou um álbum de fotos que estava em cima da mesa. – Talvez seja doloroso para você ouvir isso Ka.
- O que é? Me digam logo – pedi em meio a lágrimas. Bruno virou o álbum para mim e colocou o dedo em uma fotografia velha.
- Essa era você ainda com um aninho e seus pais – olhei-os atenciosamente e sorri ao notar o quanto eu era parecida com minha mãe de sangue na foto, nossa cor de cabelo era a mesma e meu rosto continha os mesmos traços que o seu, ao olhar meu pai que me segurava com um sorriso de orgulho enorme no rosto, percebi que não nos parecíamos tanto, mas meus olhos verdes eram idênticos ao dele. Uma angústia me invadiu e eu me perguntava o motivo por qual havia me abandonado, na foto eles pareciam tão orgulhosos, por que fariam isso comigo?
- Eles pareciam gostar de mim, por que me deixaram? – perguntei com um tom dedecepção.
- Ei querida não é nada disso que você está pensando, eles lhe amavam muito, mas aconteceu um desastre – os olhos de Antonella lacrimejaram.
- O que aconteceu? Me contem – implorei.
- Foi um incêndio – senti meu coração se apertar. – Você era muito novinha, faltava uma semana para seu aniversário de dois anos quando aconteceu o incêndio em sua casa, que era ao lado da nossa, um problema na cozinha fez a casa pegar fogo e destruiu tudo sem dar a chance de seus pais sobreviverem.
- E como eu sobrevivi?
- Nesse dia, você havia saído mais cedo para passear com sua babá, eu estava com o Rugge no parquinho quando vocês chegaram – ela sorriu ao se lembrar. – Você correu até ele para abraça-lo, sempre foram muito unidos, viviam juntos.
Olhei para Rugge que sorriu de lado para mim.
- Quando voltamos para casa já era tarde demais, o carro do bombeiro tentava controlar as chamas que tomavam conta da casa, seu pai... – ela parou.
- Continue, por favor, eu preciso saber – implorei fazendo-a suspirar e continuar.
- Lorenzo, seu pai fez de tudo para salvar a vida de sua mãe, mas acabou morrendo. Cristina resistiu por algumas horas, fomos para o hospital e permaneci ao lado dela, da minha melhor amiga, ela me fez prometer que cuidaria de você Ka, que faria de você minha filha – Antonella chorava. – O Lorenzo e a Cris te amavam muito, você era tudo para eles meu amor.
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𝗡𝘂𝗲𝘀𝘁𝗿𝗼 𝗦𝗲𝗰𝗿𝗲𝘁𝗼
RomanceEu sabia que era errado, mas eu não conseguia controlar esse desejo absurdo que sentia por ela, sempre que ela estava por perto sentia uma vontade insana de tê-la para mim e a fazer minha toda noite. Sei que ela também queria e não importaria o que...