Já tentou cobrir um machucado com maquiagem? Bem, se não, eu conto como é.
A pele vermelha parece tomar um brilho solar sobre a cobertura da base costumeira. Nada pode esconder isso certo? Não é apenas um corte no lado esquerdo próximo ao olho, ou o outro corte na boca. Droga!
Nada vai cobrir isso.
Apanhei o casaco e a bolsa. Tinha algo a fazer antes de ir ao trabalho e tinha remoído isso a noite inteira em como não ceder.
Desci as escadas e por sorte ele estava lá. Ao lado dela. Na sala de TV que sempre ficava desligada por que ele não suporta o barulho. Deixei a bolsa próxima a porta, e fui até ele. Sentei bem a sua frente. Tremia inteira, mas não voltaria atrás.
-Está orgulhoso? - Ele me olhou baixando o jornal. Minha mãe deixando o tricô de lado quase estava da cor de poltrona. Um vermelho tão intenso quanto sangue.
-O que disse? - Papai inqueriu.
-Está orgulhoso do que fez comigo?
-Escute aqui sua fedelha...
-Escute você. - Rebati. - Vem nos humilhando e pisando a vida inteira. Nunca soube ser um pai e talvez nunca vá saber. Mas João, eu tenho um aviso. Encoste em mim mais uma vez, apenas mais uma e esquecerei que é meu pai e o faria apodrecer em uma prisão.
-Clen. - Mamãe pediu.
-Tudo só acontece por um motivo. Não sei qual é o seu pai, mas ser amargo e cruel não vai mudar nada. Está avisado. As coisas vão mudar.
Levantei e quase corri até a porta. Peguei a bolsa e antes que a primeira lágrima despencasse fechei a porta atrás de mim.
A incompreensão dos fatos é sempre o pior. Não saber os motivos para que as pessoas façam o que fazem. Enxuguei os olhos e desci os degraus da varanda. Eu ia...
Ia mesmo pegar a bicicleta, mas pior do que enfrentar o meu pai era o olhar de morte de Matt. Encostado no carro preto ele olhou pra mim com tanta determinação que mal cabia em mim a compreensão de que alguém pudesse ter esse olhar.
Engoli em seco quando ele começou a vir até onde eu estava. Não importava o que acontecesse, eu não podia deixa-lo entrar.
-Matt. - Fiquei a sua frente.
-Vai defendê-lo?
-Não! - Segurei seu rosto que tentava me deixar de lado. Ter alguém que defenda você é além de uma prova de amor. Só pessoas boas realmente se importam com o que o outro passa. Eu já sabia que Matt era assim mesmo antes de realmente conhece-lo. - Não vai valer a pena e eu já resolvi isso. - Falei depressa.
-Me deixe passar Clen.
-Matt, por favor! - Tentei e ele também. Segurou firme meus braços, me fazendo sair do caminho. - Ai! - Gemi. Ele é grande demais pra mim.
-Machuquei você? Está ferida?
-Meu amor, por favor, vamos sair daqui e só conversar em outro lugar.
-O que disse? - Pisquei confusa. Tinha passado dos limites?
-Por favor. Não faça isso. Vem comigo. Converso com você em outro lugar.
-Entre no carro. - Não era um pedido. Segurei sua mão e ele me levou de volta para o carro.
Sentei ali e suspirei aliviada quando ele também sentou do meu lado. Eu tinha conseguido convencê-lo a vir comigo, só ainda não sabia o que iria dizer.
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Uma Gota de Sangue - Ruth Costa
RomanceNÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 18***** PLAGIO É CRIME E CRIAR SEMPRE SERÁ MELHOR DO QUE COPIAR! Sinopse: Um segredo sempre muda tudo. Ela não se via. Um anjo? Um demônio? Quem era então? Protótipo de menina, cabeça de mulher. Vivia a sombra de quem...