Uma Gota de Sangue - Ruth Costa

Apenas Vinte e Dois

-Toalhas limpas filha. - Mamãe disse colocando algumas toalhas sobre minha cama. Apanhei uma e comecei a enxugar o cabelo.

-Mãe, esse seu sanduíche é único. - Fiz cara de felicidade e ela me beijou.

-Não tinha isso em Israel? - Perguntou curiosa.

-Não mesmo. - Dei outra mordida antes de enfiar outra perna na calça jeans.

-O que foi fazer lá Clen? - Fugir.

-Aprender.

-Verdade?

-Sim. Eu estudei bastante.

-Tempo demais pra mim. - Ela reclamou e partiu.

Foram cinco meses do pior de todos os treinamentos. Graças a Scott eu soubera que ela estava atrás de mim e parti pra que pudesse me preparar de verdade se um dia precisasse enfrentar tudo isso. Mas em fim eu estava de volta. E tinha voltado pra retomar minha vida.

Vesti a camiseta roxa antes de colocar o moletom por cima. Apanhei o colar com nossas alianças e o coloquei. Olhei no espelho e tentei reconhecer a menina que por tantas vezes se olhou ali. Parecia que tinha sido a um século atrás, e muitas vezes foi assim que meu corpo se sentiu. Eu estive cansada após puxar o gatilho e calar Adam com uma bala, mas hoje me sinto apenas bem.

Peguei a chave do velho carro, beijei o rosto de minha mãe e parti. Eu tinha coisas a fazer, pessoas que queria ver. Eu tinha um filho pra encontrar.

A arma que matará o pai de Lucy jazia agora no oceano em frente a casa de praia em que minha irmã mora com seus lindos filhos e amado marido. Ela foi a primeira que eu quis ver quando voltei. Assim como eu Lulu parecia outra mulher. Talvez por que apenas pra ela contei a verdade. Olhei para aquela arma me despedindo de Adam e seu sorriso pretensioso. Ele dissera uma vez que seria uma honra morrer pelas minhas mãos e assim eu concedera.

Não havia arrependimento em mim. Apenas uma dor eu levaria. Apena o olhar de Bia me assombraria. Tentei com tanto afinco protege-la, mas fui humanamente incapaz de deter aquela bala.

Não. Não havia arrependimento em mim. Eu estivera onde deveria estar e tracei com vontade um caminho firme pra que dessa vez os meus segredos estivessem a salvo.

Comprei a garrafa de champanhe para celebrar no caminho da casa de Billy. Seria uma surpresa para Clara, por isso estacionei o mais afastado que pude da entrada. Estariam todos reunidos comemorando o aniversário dela, por isso não deixei ninguém contar da minha volta. Quando passei pelo o portão de madeira avistei Lara conversando com um dos filhos de Violeta do lado de fora da casa. E foi passando a porta que percebi o porque deles estarem tentado fugir.

Beijei o rosto de Violeta que espantada na sabia o que dizer. Deixei Scott me abraçar apertado assim como o abracei também e me mantive atrás dele enquanto Billy fazia o que eu achava que era um discurso.

-É sério. - Billy disse rindo. Ele segurava Noah em seus braços. - Essa mulher mudou a minha vida e eu a amo muito. Espero que um dia ela aceite ser minha esposa pra que assim eu demonstre todos os dias o quanto a quero mais e mais. - Clara revirou os olhos. Sempre odiou o papo casamento. Eu ri do constrangimento mal disfarçado dela.