Apenas Seis

106 7 2
                                    

-Mãe! - Gritei batendo a porta atrás de mim. - Mãe!

-Menina! Onde foi? - Ela limpava as mãos no avental branco. - Seu pai está louco atrás de você. Sabe que horas são?

-Não.

-Já passa das cinco.

-E?

-E? Bem, hoje você tinha trabalho. O seu pai teve de voltar para o restaurante depois que foi ao hospital. - Revirei os olhos.

-Não importa. Tenho uma novidade!

-Do que está falando? - Abri a boca pra falar bem na hora que ele entrou.

-Ah! Resolveu aparecer. Sabe o que trabalho que me deu não aparecendo hoje no restaurante Luna?

-Sei exatamente senhor meu pai. - Respondi. Bem ele não acabaria com minha felicidade. - Tirando os dois funcionários que trabalham na livraria, provavelmente, mais três pessoas que chegaram tarde para o horário de almoço. Deveriam ser quatro, mas um deles estava comigo. - Essa sou eu mesmo?

-Filha! - Minha mãe repreendeu.

-Mas é verdade mãe. E é isso que tenho que falar com vocês. Ele vem jantar aqui amanhã.

-Ele quem? - Papai quase berrou.

-Meu namorado!

-O seu o que?

-Namorado pai. Não sabe o que é isso?

-Se pensa que vou receber na minha casa um homem qualquer...

-Ok! - Exclamei. - Você pode não recebê-lo aqui. Mas nesse caso vou ter que pedir que pague meu salário de... - Fingi pensar. - Seis meses, porque assim posso levar minha mãe para um restaurante de verdade, porque isso o senhor nunca fez. - Ele abriu e fechou a boca duas vezes. Em um dia era a segunda vez que eu ganhava. - Foi o que eu pensei. Vem comigo mãe.

Arrastei ela escada acima.

Tinha sido - sem sombra de dúvida - o dia mais perfeito da minha vida e preparar tudo para que Matt se sinta bem amanhã é vital. Posso cozinhar, posso fazer uma torta. Posso...

-É aquele rapaz bonito, filha?

-É! - Disse feliz. - É ele sim. E ele é lindo e quer namorar comigo e quer saber de uma coisa incrível. Ele era policial e foi ele que salvou a Lucy.

-Foi é?

-Foi sim.

-Ah! Então... Então precisamos fazer um jantar especial para ele. Qual o nome?

-Matt.

-É um nome bonito para um rapaz bonito.

-É sim. - Concordei. Tirei a roupa e fiquei ali me olhando no espelho vendo tudo e não dizendo nada.

Sentei na cama e coloquei a foto que tinha conseguido de Matt como plano de fundo celular. Minha mãe falava e falava enquanto remexia em minhas roupas espalhadas no chão. Dei um suspiro longo e profundo.

Uma Gota de Sangue - Ruth CostaOnde histórias criam vida. Descubra agora