Apenas Dois

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  • Dedicado a Analice Ferlin Grazziotin
                                    

-Não acredito que é você. - Matt disse. Eu cavaria um buraco e me enterraria agora. Ai meu Deus! Estou terrível!

-Vocês se conhecem? - Kevin questionou ao que eu disse não porquê na verdade não o conhecia e ao que Matt disse sim. Não sabia porquê, mas ele me olhava como se fizesse anos que não nos víamos.

-Sim ou não? - Teddy pediu.

-Ela é irmã da Lucy. - Matt respondeu. Mordi meu próprio lábio com tanta força que sabia que daqui um segundo começaria a sangrar.

-Quem é Lucy? - Kevin e Teddy disseram ao mesmo tempo.

-Você é irmã da Lucy, Luna? - Billy quis saber.

-Você conhece minha irmã?

-Está brincando? Eu estava lá quando toda aquela merda aconteceu. Eu, o Matt e o Will a tiramos de lá. Mas eu juro, saber que você é irmã de Lucy Forst é surpreendente. - Eu sei. Toda a beleza da família ficou com ela.

-Concordo. - Sussurrei.

-Você trabalha aqui? - Olhei para os olhos famintos de Matt.

-Meu pai é o dono.

-Não sabia. - Nossa! Parecia que só estávamos nós dois aqui. Olhei para todos os lados querendo fugir dele.

-O que vai ser? - Murmurei.

-Eu quero o de sempre. - Billy disse. Espaguete e torta de morango. E os outros também o de sempre rosbife e torta com uma cerveja bem grande.

-E você? - Ele parecia querer me consumir e me expelir ao mesmo tempo.

-Me surpreenda. - Matt disse. - Sei que vou gostar.

Maluco.

Voltei para a cozinha e comecei a preparar tudo.

Queria preparar algo para ele que o fizesse lembrar de mim para sempre. Por isso decidi pelo o espaguete ao molho branco com camarão ao alho e óleo. Amava comer isso e achava fácil de fazer.

Cozinhar me relaxava. Sempre tinha sido assim. E agora com ele tão perto eu precisava de um pouco de serenidade.

As únicas coisas que sabia sobre Matt foi o que Lucy soltou depois do casamento de Carol. Ex-policial, homem gentil e completamente reservado. Será que todo mundo acha que pessoas misteriosas na verdade são pessoas que escondem segredos? Eu mesma escondia vários.

A blusa xadrez de mangas cumpridas escondiam as marcas daquele inferno. Não conseguia contar nem para mim os horrores que vivia ali. E depois que Lucy foi embora tudo ficou ainda pior.

Um por um servi a todos. Os rapazes eram gentis e comunicativos. Puxavam assunto o tempo todo. A minha solidão parecia incomodar a todos eles. E hoje os olhos de Matt também estavam lá. Em todas as vezes que desviei os olhos do livro e buscava a mesa lá estava ele me encarando de volta.

Ele é tão lindo.

Esse cabelo quase cumprido e tão preto e esses olhos azuis a boca perfeitamente construída. Ai! Tenho que me controlar para não ficar suspirando a todo o momento.

Minha torta de morango trouxe ao ambiente os melhores gemidos que se podiam existir no mundo - não que eu conhecesse todos os gemidos, longe disso - mas esse gemido de prazer culinário é o céu. Satisfazer a fome é um deleite para pessoas como eu. Ainda mais se quem está comendo é alguém como Matt.

Uma Gota de Sangue - Ruth CostaOnde histórias criam vida. Descubra agora