Uma Gota de Sangue - Ruth Costa

Dois Apenas

-Não! - Disse alto. Poderia estar tomando banho com ela? Sim, eu poderia. Mas ver Luna completamente nua quase todos os dias e não poder tocar nela "e eu digo tocar de verdade" já era a pior de todas as torturas e sou graduado no quesito tortura. Eu tinha de ser. - Pela décima vez. Eu não vou compreender isso.

-Já disse que acho esse seu espelho super sexy? - Ela disse voltando para o quarto, deixando um rastro de água pelo o chão de madeira.

-Você acha?

-Sim. - Luna sentou em meu colo, bem de frente pra mim. - E acho que você também concordaria se por acaso tomasse banho comigo. - Afastei o cabelo molhado do rosto dela.

-Você é linda demais, e esse cheiro ainda vai me matar. - Os olhos dela sempre pareciam escurecer quando a tocava. Agora eu começava a me questionar sobre quanto tempo eu teria com ela. Parecia ser bom demais para ser real. Ela me beijou enquanto eu a apertava em meus braços. A boca vermelha e quente guardava o melhor dela e ter o complemento dos seios colocados em mim fazia tudo ficar melhor.

-Matt... - Gemeu se esfregando ainda mais em mim.

-Não faz isso. - Pedi. - Foca em mim. Por quê? Diz por quê?

-Meu amor, vai ficar tudo bem. - Fiz com que se afastasse.

-Qual seu plano Clen? Voltar a morar com ele para que depois aconteça a mesma coisa?

-Deus! Matt, já disse para você. As coisas vão mudar. Já estão mudando. - A teimosia dela me encantava e me enfurecia ao mesmo tempo.

-E do que estamos falando? Em que sentido as coisas vão mudar?

-Eu... Eu vou lutar Matt. Vou melhorar o restaurante, vou cuidar da minha mãe. Vou ser melhor do que sou agora.

-Você já é incrível Clen! Não pode ver isso?

-Quero ser melhor. - Respirei bem fundo.

-Como podemos ter visões tão diferentes sobre o mesmo assunto?

-E do que estamos falando agora Matt?

-Da mulher incrivelmente linda e doce que você é. Da mulher inteligente e esperta que você tenta esconder. Quer mudar o restaurante, por mais que eu não concorde, vamos lá, eu ajudo você. Quer cuidar da sua mãe? Tiramos ela de lá e resolvemos o problema.

-Não comece com isso outra vez, por favor. - Foi à vez dela de respirar fundo e se afastar, definitivamente, de mim.

Passei por ela e fui tomar banho.

O que ela disse sobre "não comece com isso outra vez" foi sobre recomeçar os meus pedidos para "leva-la pra longe daqui". Sim, isso incluiria sustenta-la e a sua mãe também. Mas o que ela não via e o que por certo eu não a deixaria ver era a minha necessidade de leva-la pra longe de tudo isso.

Mais cedo ou mais tarde Luna acabaria vendo, descobrindo. Acabaria percebendo as falhas, por mais que eu as evitasse, a sujeira estampada não é possível se esconder por muito tempo. A vida de nenhuma delas estaria limpa ficando ao meu lado. Agora, no entanto, eu tinha de leva-la daqui.

Se por todo o passado ou se por Billy, que estava cada vez mais perto, não importava. Luna não podia descobrir sobre essa merda, não assim, não agora, não tão cedo.