dourado

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Quando tento dizer
O que cabe em meu peito
Quando tento passar
As lacunas da minha alma
Por onde saem as canções
E as batidas de um coração solitário

Tudo parece confuso
Músicas e falhas e desenhos e fagulhas
Se misturam em um poço sem fim
E se acham impossíveis de chegar ao topo

De refletir em uma margem límpida
Em gotas de cristais frios e cintilantes
E eu me perco lentamente
Tão fácil quanto me encontrei

E perdida nessas sombras familiares
Nos rabiscos que tanto revelam de mim
Nas palavras que mal exprimem os anseios do meu ser
E nas agonias passageiras e eternas

Eu procuro entre as frestas
As luzes que aos poucos me alcançam
Uma cor, uma vida, um amor
E de lá tiro a essência pesada
De todas as coisas e constelações em mim

Vagarosamente me ergo
Juntando todos os pedaços que podem mostrar
Ao mundo o que tenho aqui dentro

E às vezes eu transbordo
Sutilmente, sem receio
Sem me importar com os corvos que cantam à janela
Com as borboletas que voam na varanda
Nas estrelas que parecem cair

Eu me misturo a tudo e todas as coisas
Criando refúgio em meio à tempestade
Aos planetas em órbita e ao sol fantasma
Que mergulha no reflexo das estrelas
E cintila em dourado

A cor dos halos e claves
Dos ramos que do meu peito brotam
E das pétalas que voam com o vento
Se misturando aos relâmpagos
E a todas as jóias que caem dos céus

🦋

Consonância (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora