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Peguei um barco
Na beira daquele rio
Por onde ninguém passa

Uma flor presa em um livro
Uma garrafa de café
E um pincel sujo

Não sei para onde vou
Não sei se vou voltar
Não preciso saber

Pois é essa incerteza
A única segurança que já tive
Sem despedidas, sem rodeios

Sem pensar na saudade
Sem pensar no tempo
Vou para onde as estrelas brilham

Para onde os lírios dançam
Navego para uma nova luz
Para um novo destino

Cantarolando sobre a vida
Em meu vestido favorito
E um coração que bate irregular

E tudo que escrevi
Guardo junto a uma chave
Com as datas das minhas provações

Não uso os remos
Não tenho uma bússola
E o mapa já joguei na água

Onde só vejo meu próprio reflexo
Não quem eu esperava que me tornaria
Mas talvez quem eu precisava me tornar

Não mais tão perdida
Não mais uma lady de Shalot
Não mais uma pétala caída

E sim, eu sei que irei
Encontrar a tempestade no caminho
E que a névoa cobrirá o horizonte

Mas serei parte do raio
Do relâmpago e trovão
Sem rumo, sem arrependimentos

Mas flor inteira
Uma pintura acidental
De aquarela cintilante

Vou para onde as estrelas brilham
Para onde os lírios dançam
Para uma nova luz, um novo destino

E mal posso esperar
Para sentir o vento empurrar o barco
Como nos sonhos e diretamente para eles...

🦋

Consonância (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora