primavera invisível

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Era pra ser um soneto,

um martírio, um lamento.

para quem deixou

o coração em desalento.

você trocou

tudo que havia, roubou.

lhe entrego com prazer

tudo que escrever.

pegou tudo que queria,

tudo que poderia

levar e não deixou

o que sobrou para trás.

arrancar as pétalas

não torna a rosa menos bela.

por tantas fugas e mazelas,

tão trágica e tão bela.

perdeu seus espinhos,

sem folhas e amargor.

sonolenta pela aurora,

alvorada de amor.

primavera invisível.

escura como a noite,

vermelha como sangue,

branca como a neve

e dourada por teu sol.

Consonância (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora