Desci até o hall de entrada onde Nathan seguia aguardando em pé, com o queixo erguido, olhos semicerrados e sérios, feito um soldado em missão extraordinária.
- Isabelle vai lhe receber no jardim, basta seguir reto e virar a direita. Qualquer coisa que precisem peça a minha governanta ou a qualquer um dos empregados.
- Certo, com licença.
Nathan seguia a passos firmes e ansiosos em direção ao jardim e eu segui na mesma velocidade que ele para o andar superior, ao encontro de uma janela que me permitisse ver o encontro dos dois. Nathan estava sentado no banco próximo a uma grande árvore, mãos agitadas e olhar fixo no chão. Isabelle ainda não havia chegado, provavelmente estava a ajeitar suas feições, que hoje estavam um tanto abatidas devido a nossa noite passada. Creio que eu estava tão impaciente quanto Nathan, devido a demora de Isabelle, mais uma vez compartilhávamos as mesmas aflições na vida por causa de uma mulher.
Isabelle surge como uma ninfa em meio a vegetação dourada do outono, meus olhos não estavam nela, mas sim em Nathan, que ergueu olhos devagar, procurando entender que aquela criatura com os cabelos meio soltos em cachos que caiam até pousar nos seios, vestida com um tecido carmesim em modelo justo que revelava as curvas daquele corpo de mulher e não mais de menina, como ele costumava ver, era sua Isabelle.
Eu não conseguia lhes ouvir e nem precisava, eu sabia exatamente o que se passava entre eles, principalmente dentro do peito de Nathan. Ele pega a mão de Isabelle e a beija, um cumprimento formal e meio acanhado, eles dizem algo um para o outro e em seguida se sentam, Nathan seguia segurando as mãos de Isabelle entre as suas. Enquanto eles conversam, Nathan passa os olhos por toda Isabelle, percebendo as diferenças, tentando entender o que aconteceu para ela ter mudado tanto, e eu sei que ele consegue sentir que ela se tornou mulher, mas deve estar se segurando para não ser indelicado com ela ou evita perguntar a ela pois não quer ouvir a resposta. Nunca vi Nathan perdido, sem saber o que fazer, sem estar a frente da situação, ele sorria de maneira acanhada pra ela, tentava se aproximar e ser carinhoso, mas Isabelle estava distante demais, em um outro mundo onde ele já não faz parte. Em sua cabeça meu nome deve estar gritando, Nathan sente, assim como eu senti a maldade que cerca a sua amada, mas assim como eu, ele vai saber que não haverá nada que ele possa fazer.
Eles ficaram conversando um pouco mais, de tempo em tempo ele conseguia pôr um sorriso na face de Isabelle e conforme ela ia se soltando ele tentava uma aproximação maior. Na hora de se despedirem Nathan a abraçou de forma demorada, fechava os olhos e cheirava os cabelos de Isabelle, quando estavam prestes a se soltarem do abraço, Nathan aproxima seu rosto ao dela e segue em direção aos lábios de Isabelle, que se afasta imediatamente. Mas diferente de mim, que aceitava a distância entre mim e Annora e a respeitava, Nathan não aceitou a recusa de Isabelle e usou da sua força para pôr o corpo delicado dela contra árvore, forçando-a a beija-lo.
Quando ele a soltou, Isabelle estava com os lábios inchados e avermelhados e lágrimas lhe surgia nos olhos, ela coloca as mãos no rosto e vem em passos rápidos para dentro de casa. Nathan chama por Isabelle varias vezes e vendo que ela não retorna ele chuta algumas flores que ainda restavam em meu jardim. Nathan sempre patético. Saí da janela e fui para meu escritório, chegando lá apenas tive tempo de sentar-me, pegar algumas atas de registro de minhas contas, por sobre a mesa até que até que a porta bate, é minha Governanta.
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Pardon - Obra finalizada em revisão
RomanceFeito uma sombra Adrien se esgueira sobre a luz de Isabelle. Adrien é a coisa mais extraordinária que já aconteceu na vida de Isabelle, mas ela não chega aos pés da única mulher que Adrien já amou e nem possui o veneno que ele tanto aprecia nas mul...