Jogando com a sorte

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Já era tarde da noite, eu estava sentado em meu escritório fazendo algumas contas das despesas da ala hospitalar, quando sou interrompido:

– Com sua licença doutor Fleming.

Era Lucíe, ainda com as vestes do dia, eu me perguntava por vezes se aquela mulher em algum momento dormia.

– Sim Lucíe, fique a vontade.

– Há um cavalheiro desejando lhe falar, é Mikhail.

– Há! Sim por favor traga-o até mim. 

Lucíe não saiu da porta de imediato como sempre faz, me pareceu hesitante e realmente estava:

– É que... Este homem tem uma péssima reputação doutor.

– Dirias que é a pior da cidade?

– Ah, sim! Com toda certeza. Este homem é capaz de vender a própria mãe, alias ele o fez, se os boatos não estão errados.

– Ótimo, mande que entre.

Lucíe me olhou de maneira angustiada, como uma mãe faria ao ver o filho em perigo, mas mesmo assim foi obediente atender minha ordem. Ouço passos vindo em direção ao escritório, mas eram passos de uma pessoa só, fico em alerta. Tão logo a porta se abre, aparece minha governanta e por trás dela entra Mikhail, que caminha de forma espantosamente silenciosa, como um gato. Me levanto para receber o homem e lhe apertar a mão:

– Mikhail, boa noite.

– Boa noite meu bom doutor.

Ele aperta minha mão de maneira leve, mas seus olhos eram devastadoramente fortes, como se nos lesse todos os segredos e maiores pecados. Não possuo segredos, apenas dores, não possuo grandes pecados, mas estou ansioso por cometer alguns. Me sinto desconfortável com a possibilidade deste homem o descobrir.

– Estou demasiado curioso em saber o motivo do convite para a casa de alguém tão... Ilustre e bondoso.

– Lucíe pode-nos deixar a sós, grato.

Minha governanta fecha as portas com o mesmo olhar de mãe angustiada, Mikahil me olhava com toda atenção. Percebendo que agora, de fato, estávamos sozinhos comecei a falar:

– Pois bem, creio que não há necessidade de floreios. Preciso que me ensine a contar cartas.

– E para quê tal habilidade pode ser útil a um médico?

– Creio que isso não seja da sua conta. Quero saber apenas se podes ou não me ensinar, em quanto tempo e quanto isso me custará?

O homem ficou a olhar-me e a sorrir, depois de uma pequena pausa me respondeu:

– És bom em contas de adição e subtração?

– Sim.

– Pensamento focado ou te distrais com facilidade?

Pardon - Obra finalizada em revisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora