Protetor

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Não seria a primeira vez que eu teria de lidar com o silêncio e a solidão, a diferença é que desta vez eu não o desejava

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Não seria a primeira vez que eu teria de lidar com o silêncio e a solidão, a diferença é que desta vez eu não o desejava. Tudo o que minha alma almejava era a luz dessa tarde de verão banhada ao riso de Isabelle, minha filha crescida a correr pelo jardim onde eu corri em minha infância. O verão é tipicamente alegre e agitado, deixando a melancolia para o inverno, mas nada castigava-me mais do que toda aquela felicidade que eu via e não podia tocar. Desejei trocar de lugar com um dos meus serviçais, cansado e suado, indo em direção aos seus lares onde lá, encontrariam a recompensa do trabalho árduo. Já eu, ao fim deste dia ensolarado, cujo céu está magnificamente pintado em contrastes de laranja e anil, encontrarei apenas minha casa ficando mais vazia.

Naquela mesma tarde, Isabelle deixou todos os pertences prontos para ir embora, mas não foi. E muito menos no dia seguinte, a corte não concedia o desquite. Isabelle me pediu que usasse meus recursos para adiantar os documentos, e assim eu o fiz. Quase todos os dias me encontrava com seu advogado e o meu também, mas minha família era tradicional mais, conhecida demais, seria impactante demais para a sociedade ver tal casamento desfeito. Mantenha-se as aparências e a ordem. Assim fomos aconselhados a prosseguir sem muitos protestos, a decisão da corte estava tomada. Seguimos como marido e mulher, perante os olhos de Deus, perante a Santa Igreja e perante a sociedade de bem.

- Lucié!

Convoco minha governanta que não tarda a aparecer.

- Doutor.

- Envie os serviçais necessários para a casa ao centro. Quero que a deixe preparada segundo o gosto de Isabelle. É imprescindível que fica pronta o quanto antes, no mais tardar amanhã.

As duas me olham sem entender. Mas Lucíe sai de seus pensamentos e vai dar seguimento as minhas ordens, já Isabelle fica a me olhar com a cara fechada.

- O que pretendes fazer Adrien?

- Nos separar. De hoje em diante faz o que quiseres, não seremos mais nada um do outro. Veja se a casa do centro te agrada, caso contrario se mude para outra. Quanto a um teto e mantimentos, lhe asseguro que não te faltará nada, paro de te enviar ajuda quando desejares e poderes te manter. Só peço que ser for possível, te mantenha com meu sobrenome, por segurança apenas. Vimos hoje pelo o que a corte presa, e sabemos que isso se reflete na sociedade. Por proteção, se mantenha intitulando-se Fleming. E seja feliz Isabelle, de todo meu coração é o que desejo.

Baixo minha cabeça, lutando para que minhas lagrimas não apareçam. Não cabe uma despedida, eu bem sei. Não quando ela se foi, simplesmente em uma manhã já não havia mais nada dela nesta casa.

A medicina se torna minha companheira, e meus alunos são meus filhos. Passo a conviver mais entre eles, tentando espantar a escuridão e manter um pouco de minha vida em minha existência. Estou a costurar a pele ferida de um homem, dois alunos aguardam ansiosos a sua vez de repetir o que lhes mostro.

Pardon - Obra finalizada em revisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora