Um

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Ethan Rocco

Eu estou na última cadeira, na aula de matemática, meu rosto enterrado nas minhas mãos e minha angústia aumentando. "Eu não estou bem" eu começo a repetir isso quando começo a tremer e é o que está acontecendo agora.

No meu décimo primeiro aniversário eu tive um encontro com a morte, mas depois de uns meses eu melhorei. Mas depois de completar dezesseis anos a morte começou a me visitar, e dessa vez eu não tive descanso. Dia após dia, noite após noite, ela me visita dizendo que meus dias estão acabando.

Estou na mesma posição e a aula parece não acabar... quando escuto lá no fundo do meu cérebro alguém me chamar, eu então viro o meu rosto na direção do quadro e agora escuto nitidamente...

-Ethan Rocco! Você vai resolver esse problema de Pitágoras ou se não...-Diva, minha professora de matemática a mais chata. Acaba de arranjar mais um "problema" para minha vida.

-Ou se não o que? -Grito em direção à ela e percebo a atenção da turma cair sobre mim.

-Ou se não eu mando uma carta para seus pais e sua nota vai ser tão baixa que você vai dever pontos até o fim da sua vida! -Ela retruca, como se minha vida já não estivesse acabando.

Mas agora eu não estou pensando, a loucura sobe minha cabeça. E eu tenho certeza que vou viver mais que minha querida professora de matemática.

Um sorriso maligno crusa meus lábios, levanto e começo a andar em um ritmo sombrio. A professora Diva vacila e dá uns passos para atrás. A turma esta bem ligada em mim agora. Paro e derrubo uma garota da cadeira que estava sentada a minha esquerda, seguro a cadeira sobre minha cabeça e arremesso em cima da minha professora.

A turma está aterrorizada, então um aluno, Edward, reconheço. Vem em minha direção e grita:

-Seu doente! -Ele vai e desfere um soco em minha direção e minha habilidade não vacila, esquivo para o lado antes que sua mão chegue perto de mim.

Eu dou um chute, e ele voa até o outro lado da sala. Eu não sei de onde vem essa força, talvez seja toda a minha angústia reprimida cair pesadamente sobre mim. E eu não posso suportar aguentar mais...

Corro em direção a professora desmaiada, puxo sua camisa bege e dou uma última olhada em seu rosto velho e enrugado. Então a seguro e jogo seu corpo da janela do terceiro andar, observo a sua cabeça bater na borda da piscina e em seguida seu corpo boiando na piscina.

Todos os alunos estão olhando para mim, sinto que é hora de pular da janela. Corro e pulo na piscina e então subo a escada da piscina e estou todo molhado, a adrenalina é muita e meu raciocínio não está nada bem, estou perturbado e preciso me jogar no primeiro latão de lixo para tentar dormir, antes que eu seja preso pelo resto da minha vida, por causa dos recéns acontecimentos.

Quando paro de correr eu vejo um café e entro, eu sigo em direção ao balconista.

-Onde fica o banheiro? -Pergunto em meio a minha respiração acelerada.

-Banheiro só para clientes, vai querer comprar algo? -Ele me pergunta e eu tento focar mais na sua aparência, lembra meu pai. Barbudo, cabelo bem negro e cara carrancuda.

-Vou sim, an...quero um bolo desse aqui. -Aponto para o bolinho mais barato de um real, jogo a moeda em cima do balcão e pego o bolo.

Olho para a televisão para ver se minha cara já estava sendo estampada nos jornais como: Jovem psicopata que matou a professora. Dou uma mordida no bolo e percebo o quanto é ruim. Jogo no lixo e faço minha caminhada até o banheiro, deslizo minha mão sobre a maçaneta e abro rapidamente a porta.

Olho para o espelho e vejo um Ethan assassino, um Ethan sem amor, sem compaixão nenhuma. E vejo o monstro que fui, causando o meu problema o problema de outros. Começo a chutar a pia do banheiro até que ela cai e em um segundo está inundado, lavo meu rosto e arrumo meus cabelos negros. Pego na mochila um short, uma camisa e um casaco com toca, estou meio disfarçado. Posso sair, talvez, sem ser percebido.

Quando caminho pelo meio do café em direção a porta eu bato na garçonete, não qualquer garçonete. A menina mais linda que já vi, devia ter quase minha idade. Seus olhos lindos e verdes penetraram nos meus e sei que nunca vou esquece-los.

-Desculpe, eu não queria... an... deixa pra lá. -Digo e saio correndo antes de escutar uma resposta.

Viro em um beco e me jogo em cima de um monte de lixo, adormeço ali.

Até o Nosso Tempo AcabarOnde histórias criam vida. Descubra agora