Até o Nosso Tempo Acabar

Dez

Lauren Sparks.

Estou junto à proa, observo os barcos que estão escorados junto a proa. Eles flutuam na água e balançam devagar. Torço para que meu plano e de Ally dê certo.

Eu pedi para ela fazer uma coisa meio louca, mas eu só estou pensando em Ethan e em como salvar ele. Pode parecer meio egoísta da minha parte prejudicar ela, mas ele precisa da minha ajuda.

Todos dentro dos barcos parecem estar dormindo. E se o nosso plano funcionar, eles não dormirão por muito mais tempo. O silêncio ali é como uma dádiva, passei as últimas seis horas escutando minha mãe gritar. Escuto o único o som ali presente, o barulho das ondas do mar, o som é tão revigorante que tenho vontade de ficar ali para sempre escutando. Observo os barcos balançando, percebo o quanto o clima está ótimo. Porém está prestes a ficar um inferno!

Então escuto a explosão ali perto, é a Ally. Ela deve ter conseguido explodir todo o barril de gasolina. Tomara que ela esteja bem. Logo observo a maioria dos marinheiros, que ali estavam, sair de seus barcos e ir em direção a explosão ver o que tinha acontecido. Essa é a hora. Corro até os barcos e escolho um.

Decido entrar em um barco que é um pouco parecido com o barco que meu pai me ensinou a navegar uns dois verões atrás. Quando piso dentro do barco, sinto o peso do meu corpo inclinar toda a estrutura do barco. Estou indo até a cabine para dirigir, mas quando me aproximo sai um senhor de lá de dentro. Como eu não o vi? Ele segurava uma espingarda e estava apontada na direção do meu peito.

-O que você quer aqui menina? -Ele me pergunta, estou apavorada demais para responder.

-Eu vim pedir um pouco de açúcar. -Eu gagueijo.

-Ah por favor invente uma desculpa melhor. Saia do meu barco agora, antes que eu te mate.

-Eu preciso ajudar um amigo, o senhor não pode me levar até lá? -Tento parecer amigável.

-Você queria roubar o meu barco não é? -Ele dá um tiro para o alto e eu caio no chão.

Me sinto totalmente indefesa, não sinto o meu corpo. Eu acho melhor ficar aqui até a polícia chegar. Eu iria me ferrar toda, mas o Ethan não seria salvo.

-Ei, seu velho rabugento. -Uma voz feminina soa atrás do barco.

-Quem está aí? -O senhor pergunta.

-Uma sereia... -Responde a voz. Para mim estava na cara que era a Ally.

Eu aproveito a distração do senhor e com as minhas pernas perto da dele o derrubo no chão. Rapidamente levanto e pego a arma dele. Ally chega atrás de mim bufando e fala:

-Não temos mais tempo, eles já percebam a distração. Já estão vindo... Escutaram o barulho da arma dele.

-Levanta velho. -Eu digo. -Nós leve até a ilha das Três Araras, agora!

-Ou? -Ele Pergunta.

-Ou eu faço um buraco nessa sua cara! -Coloco toda força em minha voz.

-Você não sabe nem como usar essa espingarda, garotinha.

Então dou um tiro à alguns centímetros do rosto dele. Ele se levanta e logo estamos navegando em direção a ilha.

Essa foi por pouco, mas ainda não posso descansar. Tenho que ficar concentrada no senhor, qualquer movimento que parecer uma ameaça irei descarregar essa arma. Ainda bem que tenho Ally do meu lado, a única coisa me deixa um pouco mais tranquila.

Estamos a uma distância enorme da proa. Consigo já ver o pontinho da ilha se formando adiante. Tenho que segurar minha excitação, tento respirar fundo. Mas eu estou muito ansiosa para olhar para Ethan, eu preciso olhar para ele. Preciso me perder no seu olhar, assim como da vez que ele me olhou no café.