Zayn Rocco (Ethan)
Eu não sei como, mas eu já estou preso na armadilha que podemos chamar de SE APAIXONAR. Ela vem de vagar e primeiramente aos nossos olhos não percebemos nada. Até que nós nos peguemos presos falando da somente daquele indivíduo, pensamos nela, ou nele, o tempo todo e não conseguimos desviar o foco. E eu não consigo definir com as palavras esse sentimento, me sinto totalmente confuso quanto a isso.
Quero lhe pedir que esqueça tudo que sabe sobre Ethan Rocco, sobre meus pais serem divorciados e todo resto. Menos Lauren, eu acredito que ela é real. O fato dela não ser real, não me faz bem... eu prefiro acreditar que ela está viva e que não foi uma criação da minha cabeça.
Faz dois dias hoje que acordei de um coma. Não está sendo nada fácil acordar de manhã gritando por Lauren e meus pais falando que ela não existe.
Além disso, eu não consigo lembrar de todas as coisas. Eu consigo me lembrar do acidente, que eu e meu irmão tivemos. A consequência disso: eu fiquei em coma e meu irmão, Ethan, não sobreviveu e veio a falecer. Me lembro desse acidente como se fosse ontem que tivesse acontecido e já faz dois anos. Não consigo dormir, pelo ao menos a morte não me visitou vivo. Acredito que ela pode aparecer a qualquer momento em meus pesadelos, me arrastar do sono e me enlouquecer.
De repente, eu levanto da minha cama e vou olhar na minha gaveta. Alguma coisa me diz para olhar ali, tinha uma chave de um carro. A princípio eu não tinha visto nada de mais, até encostar na chave. Quase imediatamente a memória vem toda na minha cabeça, sento na cadeira e perco total noção do mundo no momento, estou tendo um flashback.
Flashback:
"Estou com meus 16 anos, meu irmão que já está na faculdade, acabou de se oferecer para me ensinar a dirigir. Estou tão feliz que como toda a comida de uma vez, vou para o banheiro tomo meu banho e desço correndo para ir atrás do meu irmão. Entro no carro e ele começa a me dar instruções como: chegar retrovisor, cinto de segurança e etc. Mal posso controlar minha empolgação, dirigimos bastante até que meu irmão falou:
-Vamos parar um pouco para descansar, na verdade eu só consigo pensar naquela sorveteiria. -Ele diz apontando para um sorveteiria da esquina.
Eu paro o carro na calçada e estaciono. Ficou uma droga, todo torto. Então meu irmão ajeitou para mim. Nós entramos na loja, vamos até o balcão e pedimos o sorvete. Meu irmão pediu três bolas de chocolate e eu duas de creme, sentamos na mesa e começamos a conversar.
-Zayn -Meu irmão diz. -, conheci uma garota nova da faculdade. Cara, ela é incrível. Inteligente, divertida e muito incrível.
-Nossa, que legal irmão. Já pediu para sair com ela? -Pergunto.
Começo a achar muito estranho, meu irmão quase nunca fala da faculdade para mim, ainda mais para falar dos sentimentos dele. Até a pouco tempo, achamos que ele era homossexual, nada contra. Só achamos, isso.
-Já sim, estamos saindo à um tempo. Quero pedir para namorar sério com ela. -Ele fala.
-Você já conhece os pais dela?
-Ainda não, mas ela falou que qualquer dia marca um jantar. -Ele põe as mãos no bolso e tira dali uma caixinha preta. -Eu vou pedir para namorar sério com ela, darei esse anel enquanto faço o pedido.
Examino a superfície e vejo que o anel é realmente muito bonito, ele é prata e com uma pedra de diamante que acredito ter custado uma fortuna.
-Irmão, eu estou muito feliz por você. Espero que você e sua futura namorada sejam muitos felizes. -Eu digo. -Qual é o nome dela mesmo?
-Taylor, o nome dela é Taylor.
Termino de comer meu sorvete e me dirijo para fora, espero meu irmão terminar de pagar. Eu realmente consigo ver meu irmão casado com Taylor, ele está tão feliz. Até se ofereceu para me ensinar a andar de carro. Ele sai de dentro da loja e nós já estamos voltando para casa, por segurança nós estamos andando devagar dentro do bairro. O sinal fecha e eu paro. Decido conversar com meu irmão enquanto espero abrir o sinal.
-Mano, vai levar Taylor lá em casa para nós nos conhecermos?
-Sabe Zayn, estou com medo da mãe e do pai não gostarem dela só porque ela vem de uma família mais humilde. -Ele me responde. -Ela é bolsista, estudou muito para ganhar a bolsa em Harvard.
Realmente, minha mãe e meu pai só pensam na imagem que a família vai passar. Eles até tem uma conta bancária bem legal, mas não tem humildade e isso que estraga eles. Eu só queria que eles passassem por problemas que os menos favorecidos passam para sentir na pele, pelo ao menos uma vez.
Me distraio e percebo que o sinal abriu, então prosseguimos. Quando eu vejo que tem um carro saindo da rua à minha esquerda. Ele está muito rápido e vai bater, eu tiro as mãos do volante e não consigo prestar atenção em mais em nada.
-Zayn, cuidado! -Escuto meu irmão gritar.
Ele segura o volante e tenta fazer com que o carro gire em outra direção, mas é tarde de mais. O carro colide muito forte com o nosso carro. Ele bate bem ao lado que meu irmão estava, no carona. Eu estou consciente, eu tento ajudar meu irmão. Mas não consigo. Olho para o sangue na testa dele e fico horrorizado.
-Zayn... Por favor, me ajuda. -Eu escuto suas súplicas.
Resolvo tentar sair para pedir ajuda. Escuto o barulho da gasolina gotejando no chão e por um momento parece que o carro vai explodir. Estou à uma distância mínima do carro, ele explode. E eu apago."
Então depois disso, eu criei uma vida no meu coma e tentei sobreviver matando as pessoas. Escutar meu irmão falar meu nome, suplicando para que eu o salve, foi demais para mim. O meu nome ficou traumatizado na minha cabeça, então o nome dele passou a ser meu no coma! O mais estranho disso tudo, é que a vida de Lauren passou toda em minha cabeça. Ela é a única pessoa, em quem conheço de verdade. A única pessoa em quem confio e tenho certeza que ela está viva, ela não pode estar morta.
Meus pais estão na sala, resolvo ir lá e conversar, vou falar tudo o que meu irmão, Ethan, disse para mim antes de morrer. Eu conto tudo explicadamente, minha mãe começa a chorar e acho que foi uma péssima ideia. Percebo em seguida que era um choro de emoção. Fico feliz novamente, então meus pais me abraçam e pela primeira vez não me sinto desconfortável perto deles. Então tenho vagas memórias deles me abraçando, minha mãe me pegando no colo quando eu caia e me machucava, meu pai jogando beisebol e uma conversa estranha de meus pais e eu, eles estavam me dando orientações sexuais. Isso para mim é bem esquisito, mas engraçado a forma como eles contaram na época e ainda achavam que eu não sabia de nada.
Percebo que estou em casa, sossegado e começo a respirar fundo. Tento fixar essa memória na minha cabeça para toda eternidade. Lembro-me de Lauren, ainda quero morar com ela e meus filhos em uma casa pequena, onde eu possa chamar de lar. Não que não ache minha casa atual desconfortável, mas amadurecer faz parte, crescer e ter minha própria família é isso o que eu quero.
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Até o Nosso Tempo Acabar
Fanfiction"Seguro o rosto de Lauren ainda desacordada, nossos corpos estão encharcados com a água salgada do maldito mar, olho para meu único amor e percebo que não vou conseguir reanima-la. -Desculpe... -Minhas últimas palavras para Lauren, e então lembro do...