Vinte

103 4 14
                                    

Zayn Rocco.

São seis horas da manhã e nós estamos na estrada. Fazer uma viagem pode ser legal, mas se eu não voltar com Lauren não será nada legal. Mas de alguma forma essa viagem me acalma, estamos à meia hora na estrada e Camila escolheu as músicas certas para nossa playlist. Fito Camila dirigir, enquanto seus dedos seguem o ritmo da música tamborilando no volante. Tão bonita quanto um anjo, mas eu não sei porque parecia que ela despertava o meu lado demoníaco. Isso tudo pode ser muito macabro, mas quando eu estou perto dela acabo agindo por impulso e não lembro de pensar nas consequências. Assim foi com seu pai, eu mal pude controlar minha mente. Tudo parecia estar ensaiado, os movimentos que eu fiz não eram algo normal. Como se eu pudesse ter previsto os movimentos dele. Não sei que tipo de influência Camila tem sobre mim, mas se tiver alguma influência, não é algo bom e pode parecer estranho porque eu gosto disso.

-Você está tão linda... -Digo para Camila.

Por que eu disse isso? As palavras saíram da minha boca sem meu consentimento.

-Oi? -Ela não conseguiu ouvir porque o som estava alto.

Eu abaixei o volume, então parece que algo me trouxe para realidade, eu disse a primeira coisa que veio na minha cabeça.

-Eu posso desligar o rádio? A música está boa mas eu estou com dor de cabeça.

-Claro, Zayn. -Diz Camila. -Você lembra da cara de Luke quando acordamos ele as cinco e meia da manhã?

-Eu não esqueceria por nada. Ele nos desejou uma boa viagem com vontade de nos matar! -Eu digo.

-Está um sábado bonito. -Diz seguindo seu olhar para o céu atrás do vidro do carro.

Engraçado, agora minha cabeça começou a latejar e a dor está começando a me incomodar. Engraçado? Estou começando a achar que essa graça toda vai acabar daqui a pouco...

-Acho melhor parar em uma farmácia. -Coloco minha mão sobre a testa. -Minha cabeça não para de latejar.

-Deve ter algum posto de gasolina aqui perto, as vezes têm farmácias em algum deles. -Camila seguiu seu olhar para estrada.

-Tudo bem.

Eu respondo "Tudo bem", mas quanto mais demora mais a dor começa a me tirar do sério. Tenho que segurar minha língua para não gritar para Camila "Tudo mal! Tudo mal!". Queria pegar meu celular agora para me distrair, mas Camila está utilizando ele como GPS. Devo cerrar meus dentes e esperar até que estejamos perto de uma farmácia. É essa viagem que estava me acalmando? Não tenho controle mais sobre minha perna, quando ela começa a tremer eu não consigo fazer ela parar. Paciência, algo que eu preciso muito agora.

O meu único refúgio no momento é lembrar do sorriso de Lauren, mas agora eu começo a imaginar onde ela está. Eu sei que ela está na ilha, só que eu acredito que seu corpo esteja na ilha. Falo de alma. Sua alma estaria no castelo de mármore? Eu acho que aquele castelo de mármore está mais para Cativeiro da Morte. E assim eu nomeio o castelo de mármore. Cativeiro da Morte. Algo começa a se movimentar no meu cérebro, lembrar desse castelo me causa muita irritação. Não só parece que Lauren está presa lá, porém me parece que eu estou indo para o cativeiro, parece que estou preste a entrar na prisão da minha mente. Tenho que afastar essa ideia dos meus pensamentos. Antigamente eu pensava que a morte era quando as pessoas vinham a falecer e acabou. Agora eu sei que existe um ceifeiro de almas para fazer o trabalho, algo me deixa confuso ao pensar nisso. Ceifeiro de alma ou Cúpido? Porque parece que a morte colocou Lauren nos meus caminhos e está nos juntando como casal. Por que a morte faria isso? Realmente não faz sentido. Pensar nisso só faz com que a dor na minha cabeça aumente. Concentrar em Lauren vai desencadear mais um monte de pensamentos que eu não estou afim de refletir, de alguma maneira isso pode me tirar do foco de ajudar Lauren.

Até o Nosso Tempo AcabarOnde histórias criam vida. Descubra agora