Quinze.

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Zayn Rocco.

No banco do trem tenho bastante tempo para pensar. O que é péssimo. Porque nenhum pensamento me ajuda a acalmar a ansiedade que cresce a cada segundo no meu peito, simplesmente piora essa sensação de estar a cada segundo perto do meu destino. Eu não quero ser pessimista mas tantas coisas podem acontecer quando eu chegar na casa de Lauren, será que ela realmente ainda está desaparecida? Há um milhão de hipóteses sobre o que pode ter acontecido. Pensar que ela pode estar morta é horrível. De qualquer maneira descarto essa hipótese, não posso pensar nisso. Outra hipótese é que ela realmente não lembra de mim, até mesmo porque ela nunca me conheceu aqui fora de fato. Ela pode estar agora em casa com os pais dela. Ou ela pode estar agora namorando com qualquer um, até mesmo Edward. Pode estar casada com ele e talvez grávida de um filho dos dois. Por mais sombrio que pareça, eu prefiro que ela esteja presa em uma ilha e que sua única esperança seja eu, porque uma vez que ela esteja casada irei perceber que nunca mais poderei ter ela como minha namorada, ou mulher. Isso me faz parecer completamente louco e não gosto de parecer louco. Percebo que o jogo da morte ainda não acabou. Ela ainda está jogando. Sua maior arma é confundir minha mente. Nesse momento percebo que sou uma peça no seu tabuleiro, percebo que ela está me ludibriando, entorpecendo minha mente e confundindo meus sentidos. Sinto como se ela me arrastasse para uma armadilha.

Minhas mãos estão frias e meus músculos rígidos, esfrego minhas mãos uma na outra tentando fazer o sangue circular. O trem não está cheio, mas percebo uma senhora em pé. Ofereço meu lugar mas ela recusa. Essa é a minha única interação que tenho dentro do trem e a única distração. O que era pra ser uma viagem de duas horas na minha cabeça parece um século. Não gosto muito de trens, mas uma vez que necessário eu não recuso o transporte. É mais rápido que o ônibus com todo o tráfego e tudo mais. Porém eu odeio o movimento e o barulho que ele faz, parece que eu sofri alguma tipo de trauma com trens. Tento lembrar das coisas que podem ter feito para que eu ficasse traumatizado com trens, nada vem. Meu cérebro está blockeando muitas lembranças ruins, menos o acidente de Ethan. Isso vem diariamente para me atormentar. Mais uma de suas estratégias, dona Morte? Penso, mas não produzo as palavras em som.

Seguro o papel com o endereço em minhas mãos, em poucos quarteirões estarei na casa de Lauren. Parecia uma distância boa para ir andando da estação até a casa dela, tanto que descartei a ida de ônibus. Sinto total arrependimento porque estou tão ansioso de chegar que sinto falta de ar e tenho que parar a cada minuto para descansar. Nesse momento tenho tempo para pensar nas outras pessoas que conheci durante o coma, será que elas também são reias como Lauren? Lembro de Miley, uma menina cujo usei de escudo contra polícia. Se ela estiver viva o que significa? É tanta coisa na minha mente e as vezes penso que ela pode parar de funcionar a qualquer segundo! Lembro dos pais de Lauren que só sabiam trabalhar e viviando viajando, acabavam esquecendo da filha. Mimavam muito Lauren, só que não se dedicavam a passar o tempo com ela. Espero que essas experiências sirvam de alguma coisa para mim no futuro. Eu me perco tanto nos pensamentos que me distraio e acabo passando direto da casa de Lauren, volto algumas casas e fito com meus olhos atentamente a porta da casa. Respiro fundo, conto até dez, penso em Lauren, bato na porta e penso em Lauren mais uma vez.

Não acontece nada. Ninguém responde as minhas batidas, viro meu rosto para o lado e vejo que junto a parede havia uma campainha. Como eu sou lerdo! Eu bato com uma mão na testa para expressar minha lerdeza. As batidas do meu coração estão martelando rapidamente e parece que meu coração vai saltar pela minha boca. No momento que porta abre, eu vejo o sorriso de Lauren... Não era Lauren, mas era sua mãe. O desenho dos lábios, o sorriso perfeito e branco... Então era essa a origem da boca a de Lauren, era idêntica à boca de sua mãe. Eu não estou com vontade de beija-la se você quer saber.

-Olá! Boa tarde. -Ela diz. -O que deseja?

-Olá, meu nome é Zayn. Sou um colega de Lauren.

Até o Nosso Tempo AcabarOnde histórias criam vida. Descubra agora