CONTEÚDO SENSÍVEL
— 20 de junho de 2018
A morte é uma certeza. Uma certeza que acaba com a alegria ou com o sofrimento de alguém. Nós não sabemos como ou quando nossa hora vai chegar, mas sabemos que vai acontecer. Todos nós vamos morrer um dia. Mas em todos os outros, não.
Em todos os outros vamos estar rindo e chorando e dormindo e cantando e perdendo tempo com bobagens como tentar entender qual é o sentido da vida, em vez de simplesmente vivê-la. Perdendo tempo com bobagens como tentar descobrir um assassino em
vez de se concentrar em não ser a próxima vítima dele.Por que Millie ficava obcecada com isso? Ela não entendia. Ela não sabia por quê precisava tanto saber quem era o tal assassino, mas precisava. E ela sabia que era perda de tempo, sabia que devia estar rindo e chorando e dormindo e cantando e vivendo, e sabia que ia morrer um dia, mas em todos os outros, não, e estava disposta a enfrentar esse dia, para salvar seus amigos. Para saber quem eram seus amigos. Para saber quem eram os inocentes, e quem iria para trás das grades.
E ele ou ela iria para trás das grades. Millie moveria montanhas para garantir que isso acontecesse, quem quer que fosse. Pelo menos, ela gostava de acreditar que faria isso. Era uma das coisas que ela mais gostava de acreditar, assim como a possibilidade de Noah Schnapp estar vivo.
E ele estava vivo... Porque ela tinha ouvido a voz dele em sonhos. E não só no cemitério. Na casa dele. Na casa dela. No estúdio. Na festa de Halloween. No celeiro. No celeiro...
— ...em que eu estava e ele não? — Finn perguntou, e Millie assentiu, nervosa. — Millie, não faz o menor sentido.
— Sonhos nunca fazem sentido — ela respondeu tomando um gole de café, como se não estivesse preocupada, mas os dois sabiam que ela estava.
Eles tinham acabado de acordar e estavam na cama de Finn, e ela contava seu sonho mais recente enquanto tomava a xícara de café que ele tinha feito para ela. Ela se concentrava em tomar o café para não ver a reação no rosto dele.
— Não sei, você tem uma coisa estranha com sonhos — ele apontou. — Você disse que já tinha sonhado com o celeiro antes, lembra?
— Mais de uma vez — Millie confirmou. — E só piorou depois daquele dia. Quer dizer, por um tempo eu pensei que tivesse esquecido isso, mas... Acho que de algum jeito, no fundo eu sempre soube que ele não tinha morrido.
— Nós não sabemos se ele morreu ou não — Finn a lembrou, e Millie olhou para baixo. Ele segurou sua mão, o que a fez olhar para ele de novo. — Eu não quero que você perca as esperanças, ok? Só... Não fique com esperanças demais, sabe, não acredite muito. Quer dizer, acredite. Quer dizer...
— Eu sei, Finnie. Obrigada pelo café. Estava ótimo.
— Estava mesmo?
Ela fez uma careta em resposta, e ele riu.
Millie terminou o café ruim e deixou a xícara vazia sobre a mesa de cabeceira, ao lado do celular. Finn a puxou pela mão para perto dele e abraçou sua cintura.
— O que você quer fazer hoje? — ela falou brincando com os dedos dele, e ele redirecionou a pergunta:
— O que você quer fazer?
Ela deu uma pausa.
— Eu quero ir ao celeiro.
Ele resmungou.
— Eu vou sozinha se você não for — ela avisou, e ele respirou fundo.
— Você acha mesmo que o Noah vai estar lá?
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murderville | stranger things
Fanfiction____________ ✦ ____________ [ 𝐅𝐈𝐍𝐀𝐋𝐈𝐙𝐀𝐃𝐀 ] Para fãs de todo tipo, algo muito comum é não saber separar a ficção da realidade, mas nesse caso isso não era um problema. Murderville era a série de terror que estourou no últim...