20. Everything that kills me

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Sadie Sink era uma garota perfeitamente normal.

Uma garota perfeitamente normal recebendo um salário de meio milhão de dólares por episódio, com três casas na praia, 136 vestidos no guarda-roupa, uma equipe de guarda-costas, celular de última geração e um motorista só dela. Mas nem sempre foi assim.

Sadie já foi apenas uma garota nascida e crescida no interior do Texas, antes de ser uma das quinze pessoas mais influentes do mundo. Ela já foi uma garota que ia para a escola pública de ônibus, já atendeu festas e bailes de fim de ano, já viveu romances e paixões, já teve crises de identidade, já fez viagens emocionantes, já sofreu bullying e chorou no banheiro.

Chorou com a morte da avó. Comemorou seus 16 anos. Chorou com a separação dos pais. Comemorou o sucesso de Murderville.

E agora estava ali. No auge da sua carreira com seus seis co-atores dividindo todo aquele sucesso e todo aquele complexo de vida com ela. De fato, ela não tinha muito o que reclamar. Era bem fácil ser rica, bonita, adorada pelos fãs e de atuação impecável e aclamada pela crítica. Aceita pela família. Defensora dos direitos dos animais. Namorando um garoto igualmente rico e bonito e talentoso.

Mas havia algo que Sadie Sink não era. Havia alguém que Sadie Sink não era.

Se era fácil ser Sadie Sink, ser Hanna Toddler era o paraíso na Terra. Ou pelo menos Sadie achava que sim. O único empecilho para que toda garota no mundo quisesse ser Sadie: toda garota queria ser Hanna. E Sadie não era imune a isso. Ela conhecia Hanna, conhecia sua vida perfeita sem limitações e invejava isso.

E foi assim que ela compensou:

— Fevereiro de 2017

— Qual de vocês é a Sadie Sink? — a voz de um garoto soou atrás delas, fazendo Sadie e Hanna se virarem; Sadie mais rápido, alarmada pelo chamado.

Tratava-se de um garoto mais ou menos da idade delas, que Sadie chutava que estaria ali pelo mesmo motivo. Ele tinha olhos negros e brilhantes e o cabelo composto de cachos sutilmente volumosos da mesma cor.

— S-sou eu — Sadie gaguejou, meio sem jeito. — E você é?

O garoto deu um sorriso de lado, percebendo ter sido ele que a deixou nervosa.

— Finn Wolfhard.

— ...Wolfhard — Sadie repetiu, com os olhos vidrados nos dele. Finn não ajudou quando travou o maxilar bem definido.

— E você? — ele se voltou para Hanna. Hanna olhou rápido para Sadie.

— Hanna Toddler.

— Sadie, você vai fazer o teste comigo — o garoto virou para quem se dirigia. — Falaram para estar lá em cinco minutos.

— Ok, Finn — Sadie respondeu prontamente. — Obrigada por avisar.

Finn sorriu em resposta. Ele passou a mão no cabelo e o movimento dos seus cachos no ar deixou Sadie hipnotizada.

— Até mais, então.

— Até mais.

Sadie cruzou os braços. Ela mordeu o lábio ao analisá-lo de costas e Hanna revirou os olhos e puxou a amiga pelo braço para voltarem a andar.

— Nunca viu um garoto na sua vida?

A frase não teve o efeito pretendido, causando em Sadie nada mais que um riso. Hanna adivinhou seus pensamentos:

— Pode esquecer.

— Seria só uns beijinhos...

— Se vocês dois conseguem o papel vai ficar para sempre aquele clima estranho.

murderville | stranger thingsOnde histórias criam vida. Descubra agora