Luíza 🌻
Escutei as várias explicações da médica geral, mas eu só conseguia pensar em uma coisa.
Ele morreu, ele me deixou.
Coringa tinha percebido que eu tava sem reação e pediu pra médica parar de falar.
- Não se preocupe, vai ficar tudo bem.- Se dirigiu a mim, a médica.
Luíza: Não vai, ele me deixou coringa.- Sussurrei olhando pro Coringa, que me olhava também.
Coringa: Vamo pra casa.
Luíza: Não, eu não vou...- Neguei, sentindo minha garganta doendo.
Coringa: Ô tia, como ele morreu? - Perguntou, me abraçando.
- Logo após a última visita, assim que o senhor Pedro saiu, ele veio a falecer.- Olhei diretamente pra ela.
Luíza: Pedro? - Minha voz falhou.
- Sim, ele disse que queria deixar um recado, aliás. Ele é seu irmão, não é? - Olhou pra mim.
Luíza: Como vocês deixaram alguém que não estava na lista de visitas, entrar? - Gritei.
Coringa: Luíza, calma... não vai adiantar de nada.- Segurou meu braço.
Luíza: Eles deixaram meu pai morrer coringa, o Pedro matou meu pai..- Passei a mão no rosto.- Ela mesma disse que ele tava a pouco tempo acordar, isso é tudo culpa...
Coringa: Não é culpa sua. Se for pra jogar a culpa em alguém, vai ser nessa merda aqui.- Apontou pra médica.- Cada um de vocês vão se fuder.
Luíza: Vamos pra casa, por favor.
Eu estava sem reação, não sabia como agir, o que falar.
Não conseguia chorar, mas eu desmontava por dentro.
Coringa tava sendo firme, em me ajudar.
Eu só conseguia respirar fundo e sentir.
Eu sentia como se alguém tivesse tirando meu coração.
Mas, ele estava em um lugar melhor eu precisava entender isso.
Coringa pegou a cartinha que o Pedro escreveu e fomos saindo do hospital.
O corpo só seria liberado amanhã, às três da tarde.
Coringa: Luíza...- Falou olhando pra mim.
Luíza: Eu tô bem.- Respirei fundo.
Coringa: Pode chorar, eu deixo.- Brincou, sorrindo levemente.
Luíza: Eu não consigo, ele quer me ver sorrindo.- Passei a mão no rosto.
Coringa: Vamo.- Assenti.
Montei na moto, vendo ele dar partida em direção ao morro.
Eu só conseguia sentir um vazio e doía, doía bastante.